terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Em lugar primeiro ...






(Em lugar primeiro,)
Não quero nada inteiro,
Como uma criança o giz
Ou um brinquedo dado, 
Uma completa dor de cabeça,
O sol ou o céu abertos de par-em-par,
A morte certa ou o pão mole por partir,
O encanto do azul-marinho esbatido na praia,
A miragem do deserto em faixas ocre e amarelo,
Inteiro é o doer
Que ninguém deseja,
É o sofrer que convive contigo,
O brinquedo da loja, que queria ter, 
O céu e o sol porque são meus
Que os conheço,
Sobre a cabeça ponteiros 
Como pensamentos, lanças d’África,
Não quero por espontânea geração 
O que sinto e lá não está,
Nem o que trago em trapos rasgados,
Mal cosidos ao peito,
Não quero inteiro nada, nem a vida
Dividida, não quero lugar terceiro,
Não quero nada por inteiro,
Quero todo o erro que eu possa ser, 
Em lugar primeiro …






Joel Matos (01/2018)





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