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domingo, 20 de novembro de 2022

“Hannibal ad Portus”

 




Ter liberdade é ser espontâneo, livre de sentir as asas, sem ter de pesar o chão.


“Hannibal ad portus”


Neste porto das almas puras, peregrinas e avulsas, todas as poesias têm uma porta e uma valência profana e profunda, ínfima e infinita, branca, uma visão vaginal que por vezes é mais outra coisa, outros mundos ainda mais levitáveis que a própria emoção do parto, a imaginação é um esqueleto vegetal moldável de todos e de ninguém neste mundo, um manifesto ao desconhecido que não se sabe existia ainda de antes do tempo existir complexo, completo ou variável consoante o argumento, o hemisfério intimo, o córtex de cada uma das almas que por este portal entram assim como fossem em branco, presenças papel, isentas criaturas semi-virginais e vagas, sensíveis que não aconteceram nem acontecem sem permissão da inteligência dest’outro cosmos entreaberto em rosas púrpura, divinais e belas, puras puras
A alegria que eu tinha era a de descrever a geometria do que sentia nos ombros, dos cantos da boca à linha direita torcida, dos cabelos, do queixo, nos nós dos dedos de tristeza fixa e pobre com que fico me convence, é uma maldição rasa que espero em vão desapareça, a visão estrangeira com que meço na ressaca dos outros sendo eu ela própria, pródiga não sei no que seja e só a alegria que eu tinha quando era como era inda’gora.
Eterno é o suspiro falado e sempre, sempre dourado será o poente até ao crepúsculo total, doce amado, assim azul fosse de verdade Sol nascente, “Il principium” selado da consciência consciente e de todos os desejos e esperanças, o amplo salão de baile onde vagueiam os nossos melhores momentos, o templo onde tudo somos capazes, agir embalados a desejo, todo que podemos ou possamos ter, dourado como o poente que há-de vir, doce amado ou salgado … genuinamente dourado assim como eu próprio ou o meu alter-ego nascido no mar Egeu.
Por isso digo e enfatizo acerca de desprezar ou desconsiderar a elevada orografia do meu alto relevo e enlevo ortográfico – é de facto intolerável e inaceitável – sou um incontornável “adjectivante” e actor, incontrolável por direito e pela invocação do palco. – Impossível deixar de vislumbrar uma gigantesca montanha para quem não faça uso de óculos bem graduados, simule cegueira selectiva ou estrábica, ofereço grátis e altruisticamente a minha topografia pouco zen, dou o meu alter-ego estoicamente, “de-graça” e todo um esforço intelectual exótico e criativo em forma de lego desmontado, todo o meu e o seu altruístico trabalho em prol de muitos, como um cego sem abrigo abraçando suavemente um feliz “acordeon” ou uma concertina em planas Ramblas de Barça, Harpa na ponte que une Budapeste nos dois lados poentes, em Vienna , no Prado, em Bucareste, no Soweto.
A maldita simpatia, estima ou a esgrima virtual é ou são de facto capciosas, falsas, sou virilmente e crivelmente incontornável nas espaduas, na cintura e no peito nem tanto, afeição virtual não é o meu prato ou órgão predilecto para ser consumido em jejum, insectos não são o meu producto favorito no supermercado, não sou tolerante à lactose quer por fora nem do avesso, quem simula viral afecto por uma institualizada instituição web e fiduciária, é demente, é o que eu sou mas num outro sentido, não simulo sanidade mas loucura premente e de grande porte, não discuto imbecilidades, boçalidades, o meu verniz não estala sempre nem por “dá-cá-aquela-palha” não nas espátulas porque não as possuo para trabalhar mas sim espáduas, não faço uso de matizes primários ou esboços, gralhas, sou o simulacro do fingimento congénito, a institucionalização instituída de um guisado à Bordalesa afinado, quem disser o contrário ou o oposto, mente. Qualquer ser/ lugar vigente ou vincendo onde se transformem objectos lugares e ambientes em amantes visuais, é digno de devoção, da vossa total e honrosa, honorífica dedicação eu estou deste outro lado, o do Pinho Bordalo, a minha vocação é ser idolatrado, escarificado, ser objecto de oração, escanção, conjura.
O que vos ofereço em troca é o meu dom de sonhar alto, é um original estigma contiguo a mim mesmo, um pecado cerebral, um pedaço do ego a contrição de mim mesmo, iniciático e messiânico, pois jamais estarei em saldo nem me vendo a retalho pelo meio da rua, não sou nem me considero um versátil entretenimento de massa bruta, nem de entendimento linear à escala universal, basta-me ser eu para ser algo diverso, divergente, distinto o que sinto, acredito e reconheço.
Reservo a Hiper funcionalidade dos sentidos, do processo cognitivo, à fetal especulação acerca dos relevos sensoriais, do que me vai na alma e dos mais que me inspiram, das fontes que me estimulam, não aos mansos de caráter manco, do heráldico manancial de águas puras e não da manada suja, poluída, porca imunda, da corja infecunda, da gentalha, da gamela social e virtual.
“Hannibal ad portus”
Assumai-vos porra, confessai-vos como gado de pasto que efetivamente sois, sendo eu vosso magnânimo, magnifico pastor e alfange, predador, assumo-vos eu sim, como meus iníquos vassalos, soldadesca fresca e gado menor, carnes para canhão, e contra todos os meus excelsos princípios, considerando-vos, (algo erróneo e capciosamente falso) como nobres animais de carnes flácidas e desconfiáveis aduladores, colocutores, dispositores de alto sabor, de elevados conceitos sub-linguares e subliminares de extremo teor existencial e essencial pra que vos legitime como entidades fiáveis e genuínas na mesa, calibre da qual não são, nem no suporte do prato, serão todavia não jamais, de longe, qualificável ou atribuível estes nobres dons ou qualquer destas qualidades honráveis e honoráveis, suspeito-me pois e assim conspurcado até aos testículos e a vesícula e sinto que estou empregando e comprometendo a minha valiosa e magnífica arte “graphica” e graphya, humilhando-me da verve até ao mais baixo nível ao retorquir com e acerca de plantas rasteiras, carne que nem numa gamela se quer, desprezíveis gramíneas parasitárias que apenas necessitam e esperam por ser exterminadas, não nutridas e ainda menos privilegiadas na salada como estou fazendo agora e com toda a minha aflição, espanto-me a mim próprio conseguir emporcalhar-me ao responder-vos, mas aqui vai, “Quid est quod habet esse”, o que tem de ser será e Cartago tem necessariamente, sem embargo, de ser destruída, “Carthago delenda est” para glória grande de Caravaggio o velho, numa das suas telas.
Pois claro, agora Hannibal o predador, está no porto e aos portões desta cidade menor, que não é bem uma cidade, mas um lúgubre lugarejo sórdido quanto os seus frágeis e flácidos habitantes, cidadãos sitiados, suicidas soçobrados, desconhecidos e vencidos da vida, desonrados, derrotados emparedados vivos, desgraçados sem opinião nem prosa.
Apesar de excepcionais orelhas e magníficos e desproporcionais probóscides estomacais e investindo quase tudo quanto podemos ingerir e conseguimos defecar sem dificuldade mas com elevada mestria, como oleiros em potenciais olarias familiares/tradicionais, temos largos e apurados esófagos, descendentes de afegãos sorumbáticos e pagãos, somos dependurados pelos órgãos genitais por crime de divergência existencial por estrambólicos eunucos circenses, sacrificados fiduciários nas fogueiras dos maldosos e malvados cibernautas por decreto nem sempre presentes mas omnipotentes, esquartejadores de consciências, somos desqualificados, apedrejados por símios seminus e estrábicos orgânicos, expomo-nos servilmente aos mais baratos, feios, básicos escrevinhadores seminais, monossilábicos e somos agredidos das formas mais vis, humilhantes, baixas que se conhecem apesar da diarreia verbal destes ser completa, corrupta e gástrica, de refluxo semi-animal, enjoante, enojante e maldoso, maliciosos carroceiros animalescos a caminho do mercado de gado bi semanal, sem causa básica nem amalgama que não seja escrota, repolho e feijão preto, apenas desgosto, má língua e mácula ao repasto, sem bom gosto, nem afago de vizinho naturalmente sempre bem disposto.
Assumo com responsabilidade a desordem, naturalidade e dignidade a dimensão de humanista Partizan e a de conspirador às sextas feiras á noite na mata dos medos, não traio as minhas convicções nem que me deem alpiste, são tal forma humanas de maneira clara e magnânima nas minhas opiniões , sou magnifico e valente nas minhas partes genitais e magistral nas artes que oficio depois da cinco da tarde, os meus actos mais brandos bradam e ardem como se fossem fogo de artificio ao domingo de ramos, na aldeia da piedade, ponderados quanto honrosos os palavrões e chavões, os impropérios que grito aos quatro ventos, não me calo, quantos mais e ilegais e violentos se estes sim, servirem a defesa da liberdade e da democracia plena, sou condescendente desde tenra idade ao ponto de arrotar um obrigado mesmo que palavras ad.hoc me firam, sou educado qb. e como bolacha maria de agua e sal ao lanche, não faço nem bem nem faço mal em jejum apesar de estar disposto a tudo e até à guerrilha armada e à guerra santa como um bom ateu que se borrifa de agua benta se for disso o caso, aos caos aniquilador e completo se a causa for a calima, a bonança depois da tempestade violenta provocada pelos drusos negros “sem orelhas”, “Pechenegues” beligerantes e pouco fiáveis das florestas andaluzas de inda’gora, franco-atiradores disfarçados embora de chinelos suásticos castanhos e pretos.
Ajo para fora embora a agilidade seja bem lá dentro embora seja benevolente quanto á desordem espiritual e sem cura, inclino-me pelo pacifismo embora seja beligerante nos testículos, considero em todas as minha palavras escritas o suborno ao além.
A paisagem do que suponho ver
Nasci liberto, a meu modo, à minha vista, a nudez é uma paisagem árida, a cor um visível traje, a majestade da montanha é um céu vasto, o distante, o espaço e a aurora são apenas e cerca de metade dos sentidos, das sensações que gerem a minha ideia de realidade metade e metafísica, verdade que ninguém emprega como vocabulário para simular sentimentos ou emoções, acções robustas.
As formas visíveis do sonho são todas elas femininas, abertas todas elas duma outra sensibilidade corpórea senão mesmo luminescente, doce tanto quanto a ilusão pode projectar, proporcionar e achamos nós que possuímos, detemos assim como um rio que flui ou uma sensação compensatória que passa, um engano, um erro, uma imperfeição, um disfarce.
Nasci liberto, aconteceu-me por impulso espontâneo, acontece-me em tudo quanto o que registo acerca do que penso, exigir comparação remuneratória com o dever de ser eu, inconsciente de poder criar nítido, outro paradigma padrão profundo que seja diferente à vista frágil fácil, á visão do pintor e não apenas som difuso, vago envolvente pano de fundo falso.
Existem detalhes oníricos e críticos em cada uma das minhas faculdades mensuráveis como seja a visão minuciosa do cosmos e o estrabismo interior para uma suposta realidade fora de mim próprio do que suporto e suponho fiduciariamente para onde ter de aurir na minha funesta surdez, aziaga nudez das coisas que nunca foram vistas e se supõem desejadas e o que se deseja das nove às cinco da tarde sobretudo…
Nascer liberto é uma grandeza de primeira dimensão, nada me dói senão o vício gregário, a social solidão que alguns consideram prazer, é para mim uma agonia de escravo voluntarioso perante um panorama destilado, esterilizado infecundo e com pontos de fuga comuns e semelhantes para todos os lados onde se olhe no horizonte, um físico enjoo precoce de falsa gravidez, caminhemos …



Joel Matos (Novembro 2022)



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Maldade

 



Maldade,

E o quanto me basta essa,
Que ao preservá-la, sinto-a
Verdadeiramente minha,

Fracamente mau, eu que
Habito num pretenso, falso
Ermita s/instituição herança,

E o quanto isso me basta
Pra descrever sen’detalhes
Dest’outra tensa viagem,

Ao longo de mim mesmo,
Da minha vaidade viária,
Na verdade uma criatura

Maldosa que por s’colha
Sou, mau quanto escura
É maldade na Naja preta,

O ferrão da fulva Vespa
Asiática com tod’a fúria
Que o instinto possa ter,

È quanto me basta, essa
Gula a magnânimo canalha
Magnífico e inclemente,

Não por “dá cá aquela
Palha” nem sequer por
Um qualquer delírio de

Grandeza, polui espíritos
Quer a anjos ou demónios
Mas a maldade suprema

Real com vulto e relevo
Eternos, em cabelo, sem
Requintes falsos, sou eu

Esse, esse é o meu mal,
A minha distinção, o “Graal”
Santo, a excelência Maior

Em todo o horrível esplendor
De crueldade que de mim
Advém e em mim tenho.



Joel Matos ( Novembro 2022)



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Do que eu sofro

 



Do que eu sofro

Eu sofro da patologia cósmica dos gansos,
Sou como o mundo pois serei
O que sempre fui e sei apenas
Ser, inflexível insubordinado, fulano gasto,

Pardo até no papel em que manso me sinto
Por imposição forçado a ser, ou eu
Mesmo ou um outro, senão o maior, mais básico
Engano entre mim e eu próprio,

Por vezes odeio-me sem ter muita
Consciência disso ou o espírito crítico
De que abdiquei e que me assola, assusta
D’novo como fosse ess’outra alma

Minha, alheia deste mundo, a mola e a bainha,
Embora vivas, fundas obscuras, sem
A definição simples que damos a esta
Vida escalavrada, vivida d’dentro pra fora,

Razoável, de minguas escolhas, migalhas.
Mas tudo isso é um “aparte”, pois no mínimo
Eu sofro de patologia própria, crónica
Tal como o louco que não sabe, supõe

O mal que sofre ao sábado, sendo
Domingo ou então feriado municipal, dia santo
Ou de ramos, convencido d’estar
Calçado, investido de caminhante

E nu, descalço num precipício ou no fio da navalha,
O que eu sofro é um vício manco que
Me causa dissabores nos rins e
Na vesícula me arde, quebro o nariz

Na ressaca porque sim, dor e medo
Fazem parte de quem ainda há em
Mim mas tampouco o relembro, inflexível
Insubordinado, sem cura ou pouca …



Joel Matos (Outubro 2022)



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Do avesso




Do avesso

Uma aldeia, (que de roupa ela me vista), o fogo
Leva-me da raiz da minha vista “ao monte” travesso,
Sopra-me a inquietação dessa ideia de xisto negro
E poejo, onde o pensar é cego, o beijo longo, longo

E o meu olhar, um legado alado, logro é engano
Como tudo o que e em que me revisto, sangro
Da roupa que’en minh’aldeia é ser gente, o dote
È o sossego de sonhar acordando e vendo o ontem,

Com olhos “à maneira que os ponho” alavancados,
Elevam-me da raiz à minha origem de congro,
À minha infância de recato e regato, o ombro tolerante
Nas fontes, em frente do mato bravo o verde manso,

Da ponte fluvial à velha guarita, do alto monte, do corgo
Ao calvo escombro ardido, mais que poema ou esforço
È o meu grito rouco, a dor de ter perdido meu rosto,
A aldeia, o burel de que me vestia completo desd’o berço,

Parido descaço, colado à via que havia, escura sinistra,
Menor o grau da escada que a cansada estrada, desafio-a
Já que César nunca serei, eu fui das minhas sensações
O próprio veneno, campos rústicos de trigo, o umbigo

Do que havia plantado há apenas alguns dias, humilde
O milho sem proprietário dono, erva daninha è trigo
Triste e a minha aldeia não existe senão na ideia que dela
Um dia tive, ao virar meu coração de cima abaixo

E do avesso … cantando encantado.



Joel Matos ( Setembro 2022)



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Eis a Glande




 Eis a glande

Eis a inflamada, a grande e mais infame raiva d’sempre,
As pedras de calçada podem nem ter nome, religião,
Trás ou frente mas possuem cólera tal como gente,
raiva, não fingem ser cegas, são cegas, mesmo cegas

Por profissão, fé, seja o que for, dois olhos sem nascença
Nem descendência de nobre infante, eis a glande vesga,
Pedra polmes branda, branca igual a cal da sé na parede,
Eis a grande confissão do pároco, a farsa do confidente,

Recluso de batina frouxa assim como essa coisa ruim, roxa
Que é a benção ou o perdão que espaço não tem em mim,
Caso perdoasse alguém não seria ao espirito Santo, eis a séria,
A grande, a maior hipocrisia de sempre, a mágoa de haver

Sido Santo ou Pai sem sentido de estado, a humilhação
Dos mansos no primeiro acto, como um reprovável revólver
Apontado à cabeça, a quem chamaremos de Deus para
Vigiar as portas da reitoria, as sombras veladas, a boca

Fechada e a glande inflamada dum frade sem forma,
Eis a grande farsa, nunca uma vara direita uniu dois
Pontos opostos, o servo e o dono da cela, o manso
E o jactante, sete pedras curvas e grossas numa mão …



Joel Matos ( Janeiro 2022)



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Restolho Ardido…




Será na morte que os Homens se distinguem
Dos indistintos e de todas as vidas de causas
Poucas, indivisas quanto o espaço é apenas
Ígneo ou aço, d’resto é corpo ao rés do vidro

Baço, essa sim a perfeita realidade e o “para
Sempre” quando incendiado, será obra d’arte
Alusiva aos que nunca foram ou serão apenas
Corpos retidos na Terra, imortais etéreos

E extensos são os que se distinguem nos dedos
Das impressões e nos cotos, no esgar do s’tranho
Rosto revestid’a loucura e a desassossego, comum
Restolho é fogo posto, assim girassóis no verão,

Será na morte que se distinguem os Homens
Que despertam per’si próprios na obesa forma de
Ferozes criaturas, perigosas Anacondas do mato,
Tubarões do mar alto, Furões Centopeias Descalças

Por castidade volumétrica ou paridade geométrica
Nos ângulos catetos, o esboço que define a valia do
Posteriormente sobre a do fundo dum antigo fosso
Quantas vezes mais casto que enganoso o lodo

Ou o logro do entrudo que a verdade velhaca,
Quantas vezes ancoreta mais vil e gasto decomposto
Que marujo Malaio, sabujo e pé sujo-de-asceta,
Polichinelo de modo algum seria Arauto, Cavaleiro

Real da corte ou Escudeiro de Sua visigótica Alteza,
O Bobo todavia é realmente quem é, sem engodo,
Enganosa a majestade, soberanode caráter minúsculo,
Sem testículos nem barba farta, é uma afronta chamar

Dádiva Legitimidade divina, ao roubo, ao calote
À má fé “Generala” num Império de aroma Medievo
E pés-de-galinha, metal fedendo a má consciência.
Parsifal é o herói da gesta e Atenas caiu anteontem

Em ruínas, rest’o teatro dos parêntesis, o uniforme
De Wagner plissado, o palco, o que finge por grosso
A razão que não há em tudo, até no restolho avaro,
Ardido e pisado, o chão, o fosso, o fraco, o coxo.

Joel Matos (23 Junho 2022)

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Não entortem meu sorriso,





Não m’entortem o sorriso,

Nem me apontem os braços,
Não anotem os riscos,
Traços são riscos marcados,

Que as letras são acção,
Respiram como qualquer um,
Por um par de narinas, “ventas”

Possuem graça,
Fantasias, intenções
Traçadas, caudas cujo lagarto fugiu,

Autoestradas, calculo e áreas.
Não anotem os traços,
Traços são riscos espaçados,

Partindo ar e céu,
Entre tu e tu e eu,
Vêm a mim e saem,

De manso como fossem
Almas de anjos, diabos
Os traços, vesgos como traças,

Percevejos perante luz intensa,
Não apontem os riscos
Que traço sem esquadria

Com o chão,
A s’quadria dos ombros,
Impede-me que volte a cabeça

Ou que olhe pro umbigo,
Pra ver onde foi parar o chão.
É na esquadria dos ombros

Que corro asfixiado pelo fato
Que talhei na linha do solo,
De costas e paralelo a mim.

Não apontem os braços,
Sendo, são o que separa
O inacabado do incompleto

Aquilo que arrisco em memória
Da dobra do cotovelo,
Poiso do que possuo, intenção …

Sobejo despeito.




Joel Matos (21 Junho 2022)

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quinta-feira, 26 de maio de 2022

Espírito de andante ...

 






Espírito de andante



Aconteceu em Cuba e o que sucede em Cuba por lá “se queda”, sem remorso, culpa ou ideologia reformulada, desenrola-se não muito depois do rescaldo da crise dos mísseis da mesma ilha e em resposta à instalação de armas nucleares na Turquia, Inglaterra e Itália em Abril/Maio de 61, foi no início duma jornada Juvenil da Internacional Socialista, ainda me encontrava hospedado em Habana, no núcleo das “Comissiones Obreras”, daí partiria para a segunda maior cidade de Cuba, Santiago, na qual representei o Movimento de Esquerda Juvenil, pimpolho de lenço vermelho ao pescoço como mais dois camaradas “de armas” da recém criada Juventude Comunista, nessa altura acompanhava-nos como não podia deixar de ser, devido à nossa pouca idade e experiência revolucionária, um saudoso “Pai” Cunhal, bem mais velho ou antes “avô” político e o falecido muito recentemente, com 101 anos de prestável juventude, Jaime Serra, em nome da comissão política do comité central e posterior Co/fundador do MDP/CDE, movimento precursor do futuro Bloco de Esquerda, com o José Manuel Tengarrinha, nesse tempo ainda membro do Partido Comunista Português, assim como posteriormente o compositor António Vitorino de Almeida, mais tarde ele candidato à Presidência da Republica Portuguesa. Podia sentir que vinha uma tempestade a caminho, o céu estava fumado a negro cor de chumbo, as aves procuravam abrigo nos velhos beirais, o cheiro inconfundível a ozono estava por todo o lado, na pele e mesmo no quarto sujo desarrumado, antiquado e com vista privilegiada para um Mar das Caraíbas cor de Cobalto enegrecido e negro, com gaivotas gritando no parapeito na tentativa de entrarem pelo quarto adentro sem demora e de qualquer jeito, lembrei uma pensão que havia na vila alentejana onde nasci, Grândola – Vila Morena, embora longe do mar ouvia-se nos búzios, encostando ao ouvido o ar que do mar trazia o ruído das ondas, era a “Pensão Fim do Mundo”, mais tarde num segundo ou terceiro encontro furtuito e mais demorado, haveria de contar ao Luís esta sensação de fim do mundo que senti em Havana e que caberia “que nem uma luva” para descrever a solidão da Patagónia Austral Chilena.
Luís Sepúlveda não fazia parte deste encontro de ideologia Marxista, já nessa época era dissidente dos ideais Comunistas, ombreei por acaso com o escritor num lobregue boteco em Habana, na mesma praça onde Trotsky, no exílio teria passeado com os seus podengos no entender de uns quantos, ou galgos segundo alguns outros, cortei-lhe o passo pouco antes do autocarro que se haveria de atrasar um pouco na partida para a outra urbe onde se realizaria o Congresso, olhou-me demoradamente por alguns segundos como se quisesse revelar algum segredo guardado no interior dos fundos olhos cinzentos/verdes, destacava-se pelo porte imponente, de certa forma autoritário mas manso, dir-se-ia de um Escobar magnífico e pacifista, penso que por esse tempo ainda era amigo pessoal de Fidel Castro embora fosse considerado “persona non grata” da “Nomenklatura” Bolchevique ainda vigente e vicejante na URSS, já o conhecia, de capa e conteúdo, pelas “crónicas de Pedro Nadie”, um dos primeiros livros deste apaixonante autor, notável pela simplicidade pungente, realista que imprimia nos contos que escrevia, limite-me a cumprimentar com um leve aceno de cabeça a que ele respondeu educadamente na mesma maneira, quando me sentei, no lugar da mesa corrida que esta ocupara antes, reparei que tinha esquecido um manuscrito, O fim da historia, “El Fin De la Historia”como vi pela capa, tentei devolvê-lo numa rápida corrida porta fora do bar, mas sem sucesso, havia desaparecido do alcance e da minha visão. Mais tarde, no regresso, devorei aquele manuscrito antes de o devolver ao editor e o que para mim seria a obra prima do escritor, o Patagónia Express, adquiri-o ali mesmo, no “hall” de entrada do hotel (foi a minha passagem, o meu bilhete privilegiado de peregrino Andino e em primeira classe para uma aventura austral sobre duas rodas, uma quimera qual viria a encenar algumas décadas mais tarde e que terminou menos mal em Ushuaia, desde Santiago Do Chile pela jamais inacabada Via Austral Andina) lembro-me tão bem como fosse ontem, li-o de uma assentada, em Castelhano, sem bocejar, no cair da noite, o livro era curto, cabia na mão meia aberta, enquanto repousava no outro braço a cabeça, ao varandim das antigas e mutiladas Cortes de Espanha em Quito, transformadas séculos depois em hotel decadente e em que ele descrevia, sentado naquele mesmo balcão sujo e branco, com esmero caracteristico de bom observador a Plaza Grande ou “Plaza de La Independência” de Quito, tão real que quase me entrava pelo olhos dentro enquanto assistia aos grupos de musica tradicional e carteiristas “surripiando” imodestamente e à pouca luz, pobres e incautos “campezinos” que se aglomeravam ingénuos perante músicos quiçá cumplices de faina. Encontrei-o posteriormente por sorte, penso que por volta da primavera de 1988 ou 89 numa aldeia remota, parada no tempo, nas chamadas terras Altas Andinas, em Unt Pastaza ou em Nankauk, não lembro muito bem qual delas, porventura ainda hoje habitadas pelos indómitos guerreiros Shuaras ou Achuaras, Jívaros como habitualmente chamados e famosos pela tradição ritual de encolhimento de cabeças como troféu de guerra. Entretanto este autor e de certa forma já o considerava quase um amigo de longa data ou jornada, escrevia outro inequivocamente belo romance, Do Velho que lia Romances de Amor, ficcionado na floresta húmida e de conteúdo magistral de muito bem descrito, talvez nem tanto como Gabriel Garcia Marques a pintalga de místicos e significantes sombreados nos Cem anos de Solidão mas com mérito também de mestria e de quem comunga um espaço e uma região inspiradora e inigualável como esta, um bem comum da humanidade em tons verdes e em sons benignos.
Bebíamos todas as monótonas tardes como num ritual mágico inspirador, a formosa “Caxiri” e a “Ayahuasca” pura, vinho da alma ou “cipó de morto”, bebidas que permitem o acesso ao mundo sobrenatural dos mortos, durante o qual nos transformávamos em “entidades sobrenaturais”, presentes na cosmologia indígena. O povo da aldeia chamava-nos de Apaches ou estrangeiros, há coisas que não se esquecem, a personalidade galante e magnética com o contraste agreste e agressivo da vocação Sandinista deste, que me confidenciou depois de algumas semanas de contacto diário nos dois meses e meio que fielmente convivemos em “Pastanza” com este povo admirável e heroico, também ele eleito de luís Sepúlveda foram uma mais valia para a minha simples existência e sem dúvida na minha produtividade como “arremedador” de outros escritores porventura mais prestáveis e eles sim verídicos pensadores, penso apenas que fui ao de leve agraciado, acarinhado de longe pelos deuses nesta minha demanda terrestre e prosaica por antigas atitudes espiritas tentando decifrar o que faço aqui e a razão simétrica que leva a desconhecer-me quanto mais aumenta em mim e por outro lado “um outro eu” de conhecimento menos empírico e que vem de dentro de mim mesmo e no meu antigo espirito de andante sem destino.
Claro que o que conto não é ficção gratuita, embora garantidamente não seja tudo – “bem-de-verdade” – e nem apenas Hoffmann e Jules Verne foram únicos a contar historias sensacionais, pitorescas fantásticas, muito pra’lém das mil e uma cenas da persa Xerazade, uma tempestade com Percas do Nilo só lembraria à Agatha Christie tendo um conto de Hoffman dado Origem ao Quebra nozes do Russo Tchaikovski , nada mais nada menos que um Camundongo cinzento cossaco e negro, um horrível ratinho feio dependendo da perspectiva e do autor, se era no Verão ou de Inverno e o Czar usava sobretudo ou casaco, mas um autor, um contista nunca pode dissociar da ficção a típica realidade dos locais por onde passa ou passou, a verdade é acima de tudo uma utopia que mentimos a nós próprios todas as noites e todos os dias nas nossas antípodas vidas, os sonhos são bem mais antigos e arcaicos que o testemunho que lhes prestamos, meros rudes contadores de histórias, simples água sem fonte ou artificio que subjugue à continuação do sonho na noite seguinte e seguintes, a nora não pode ser uma ilusão ela tem de girar e chiar como a original para que seja um pouco mais real a ficção e fique perto da origem do sonhado para que o sonhador seja um facto ficcionado, ele próprio parte dum sonho íntimo, privado e original. A LSD é em parte cerebral e outro cunho, o de um cereal granuloso, é um fungo importante para a nossa sobrevivência, convive connosco há milhares de anos, domesticámos a cevada e a glicerina, o Cocktail Molotov foi inventado com etanol, a gasolina e alcatrão, à heroína chamou-se de liberdade, aos tumultos de Paris “barricada”, a “estrada dos ossos” è mais longa do que parece vista do céu e totalmente meu o amor pelo chão que piso, o que penso do paraíso é muito pródigo de licitações ventriculares mas só a mim próprio diz respeito, não é um postulado, a rainha não terá de usar véu no cabelo ou um penteado perfeito nem chamar-se de Cleópatra, falar p’los cotovelos, três dedos de testa, “ao menos” dois membros trôpegos do mesmo lado, tropeçando no mesmo genérico e genético “calhau” de tempo em tempo, em nome de todo “o nada” e em nome do nada, mudo idiota-tolo e surdo.






Joel Matos em Abril 2022





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quarta-feira, 9 de março de 2022

Nunca tive facilidade d'agradecer nad'a ninguém,

 




 Nunca tive facilidade d'agradecer nad'a ninguém,
Nem uma dor de dentes constitui pra mim
Uma aflição exagerada, sinto como um Lama
Do Tibete, não preciso agradar nem reprovo

Em absoluto, amo a tranquilidade como um recluso,
Uma obra de arte legítima, espiritual, privilegio
A intenção acima de tudo como uma cereja
Sobre um muro, coerente com o mundo

E consigo mesma, num todo a nossa substância
É igual, um resumo de matéria negra, ocultamos
Um caroço duro de roer sob a polpa lesada, a essência.
Eu nunca tive opiniões que me bastassem, no fundo

A aptidão em mim é silente, não vale quase nada
Nem interrompe o que penso assim como numa
Cidade deserta de funcionários, o silêncio também
É mudo assim como a pedra, som nenhum sai dela,

Nem o encanto é uma esquina por onde a tarde
Se evade, se esconde e eu nela, plagio o lusco-fusco
Sem pressuposto contacto físico ou um outro
Menos lícito, o assédio é uma terrível doença,

Na expressão de sentimentos cultivo a arte de
Despertar o que me incomoda, o que não acredito
Ou o que não tem solução, não quero o que não
Quero por uma questão de equilíbrio ou covardia

Perante o destino, assumo-me mercenário, por vezes
Mesmo num cenário às avessas, ao invés de cultivar
O esforço, pensá-lo sonhando - sonho-me pensando,
Pois a incapacidade de viver aparentemente cansa,

Cansa mais que viver abdicando de sentir pleno,
Caso seja uma sensação minha, um sinal de vida…
Reduzem ao mínimo as sombras vazias de conteúdo
Dos demónios da realidade que m'povoam desd'sempre …










Joel Matos ( 07 Janeiro 2022)










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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Meu instinto é dado pelos dedos mindinhos

 





Meu instinto é dado pelos dedos mindinhos,

Minha ilusão doada por videntes vários, sendo dois
Creio nas sensações que sinto, bora nem sinta
E ainda que estranhas estas, quais concorrem

Na minha pele fina como fosse vulgar tela,
íntima e tão próxima de mim, no cabelo colado
Ao corpo, nos cotovelos se finca, inda que dobrados
Sob mim próprio, sob a nuca em novelos,

A minha felicidade não é humana, fendida
Em proporções desiguais como uma cana,
É uma amálgama das coisas mais estranhas
Vendidas por um sinistro ser sem olhos

Numa sinistra ameia, pendente nas pontas
De seis dedos, magro oco meu tronco, comprado
A troco de nada ou por coisa pouca, colado
Em pedaços sou menos que uma pequena coisa,

Inumano por completo, duvido do que vejo
Ou conheço com vida própria, engano dos olhos
A paisagem é um letreiro sem graça, na vidraça
Baça da janela um mundo bafejado, visão do vazio

Onde qualquer coisa esvoaça, secreto espectro
Da descrença, a ânsia fria de não ter partido
Com receio de me perder no escuro, antes
Mesmo do despertar e do dia madurecer

Semelhante a outro ou como imagem num
Espelho, mal impressa e incoerente vista de fora
Pra dentro, indistinta e de estatura média,
Assim minha alma segreda ao instinto menor

Da mão destra …



Joel Matos ( Fevereiro 2022)



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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Até que mais seja




 Toco no que há, Até que mais seja

Meu mestre e amigo
Em teu coração partido
Toco, no que dele resta
Até que tudo tenha

Conteúdo maior neste
Meu que tanto odeio,
Quanto me despreza
Com uma tal força que

Nem em mim conheço
Ou possa ser sentida
Por qualquer ser vivo
Que nem alma possua,

Meu mestre e amigo,
Dá-me “tenção” de criar,
Concilia meu intimo
Real com teu ímpeto,

Até que seja o que há,
E nunca passou d’sonho,
A coisa q’jamais fui ou serei,
Sou agora um dos mais,

Eu coisa alguma, a sós
Comigo jaz um espírito
Comum como dois iguais,
Meu mestre e amigo,

Leve rasto, brisa gentil,
Álvaro de Campos +




Joel Matos (Janeiro 2022)




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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O facto de respirar …





 O facto de respirar …

O acto de respirar pod’nem ter poesia,
E o que realmente não tem, não pode,
Nem faz parte, é a vontade contida, vil
Assim como um suster de respiração,

De quem vive sem respirar noite’dia,
Supondo sonhar por completo, de
Cada vez que respira por dever, seja
Por aval ou por decreto sabático do

Umbigo, não sente a essência que pariu
Do luar tão longe, o ar aqui tão cercano, discreto
Sem ser dia demarcado, feriado d’arcanjo
Sem função, inté’pode ser domingo, santo

Meio d’tarde marcado a chuva mediana
E vento potro, folhas rasgadas dum outro
Livro macabro, o apocalipse segundo
O anticristo dos crentes, seguro facto

Benevolente segundo outro indigente
Messias, Mariano e antigo na solução
De mistérios, enigmas banais da vida
Onde a respiração tem ritmo próprio,

Age p’la renúncia a ela mesma, sofre
P’lo facto de respirar pra dentro, ironia
Da culpa não do destino, sem bilhete e
Tornar de volta semelhante a “acto-fim-

-De-peça” o “bis”(em que o diabo de quatro,
O actor, volta sempre à cena, assumindo
Quem representa, por vezes Fausto ou
Hospeda Job entre paredes falsas de quarto)

Eu queria ter nos olhos o vidrado fosco
Da demência mas vieram roubar-
Me a paz, as aves, aquela saudade benevolente,
Verdadeira, real que mais não verei,

Nem nunca inspirarei por vontade, vaidade
Análoga à própria ideia que faço, falsa verdade
De mim mesmo quando respiro ou bocejo,
Já que não dependo senão do que o destino

Me dita …



Joel Matos ( 17 Dezembro 2021)




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Perfeitos no amor e no pranto ...




Prefeitos do amor e do pranto,
Assim somos nós hoje, predefinimos
Quem gostamos em função da distância
Do pâncreas ao estômago e esófago,

As regalias são para nós o veneno
Natural do corpo e da alma que nunca
Dói, é muda de facto, traja a rigor
Quando é feriado dia de santo, a hóstia

Na eucaristia é o Santo Graal, quando
O espírita responde ao físico segredando
Acanhado que detesta sentir sentimentos
Lavados, sentidos profundos conciliadores

E o encanto do pão ainda quente, a chuva
Caída e a manhã ferida, o agasalho,
Privilégios, prazeres íntimos, gestos mornos,
Que podem durar para sempre ou não,

Preterimos amor e canto à jugular, à histeria.
Degolada a Sereia resta o flanco salino, o réu,
A hipocrisia do vegetal com sabor a couve,
Maçã verde não é “pão de rala” mais doce.

Quadrilátero é o genoma fálico da abundância,
Eufemismo é a desfaçatez com que bradamos
E brandimos Moisés como Decanos às tropas,
De Bizâncio enquanto exaltamos El Cordobés,

Perfeitos no amor e no canto embora sejamos
Um cancro e cancerígena a nossa pequenez
“Crisálica”, congénita e abjecta, contamos com a dita,
Como um Abeto conta com a água por perto

E o vento forte nos ramos, no Teixo o tempo,
O sagrado dos Celtas que nem eu m’lembro,
Ouço-o ao comprido na erva chã, estendido
Por extenso, Argonauta e órfão, eu m’maldigo

Em Esperanto …



Joel Matos ( 12 Dezembro 2021)



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Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...