sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Meu instinto é dado pelos dedos mindinhos

 





Meu instinto é dado pelos dedos mindinhos,

Minha ilusão doada por videntes vários, sendo dois
Creio nas sensações que sinto, bora nem sinta
E ainda que estranhas estas, quais concorrem

Na minha pele fina como fosse vulgar tela,
íntima e tão próxima de mim, no cabelo colado
Ao corpo, nos cotovelos se finca, inda que dobrados
Sob mim próprio, sob a nuca em novelos,

A minha felicidade não é humana, fendida
Em proporções desiguais como uma cana,
É uma amálgama das coisas mais estranhas
Vendidas por um sinistro ser sem olhos

Numa sinistra ameia, pendente nas pontas
De seis dedos, magro oco meu tronco, comprado
A troco de nada ou por coisa pouca, colado
Em pedaços sou menos que uma pequena coisa,

Inumano por completo, duvido do que vejo
Ou conheço com vida própria, engano dos olhos
A paisagem é um letreiro sem graça, na vidraça
Baça da janela um mundo bafejado, visão do vazio

Onde qualquer coisa esvoaça, secreto espectro
Da descrença, a ânsia fria de não ter partido
Com receio de me perder no escuro, antes
Mesmo do despertar e do dia madurecer

Semelhante a outro ou como imagem num
Espelho, mal impressa e incoerente vista de fora
Pra dentro, indistinta e de estatura média,
Assim minha alma segreda ao instinto menor

Da mão destra …



Joel Matos ( Fevereiro 2022)



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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Até que mais seja




 Toco no que há, Até que mais seja

Meu mestre e amigo
Em teu coração partido
Toco, no que dele resta
Até que tudo tenha

Conteúdo maior neste
Meu que tanto odeio,
Quanto me despreza
Com uma tal força que

Nem em mim conheço
Ou possa ser sentida
Por qualquer ser vivo
Que nem alma possua,

Meu mestre e amigo,
Dá-me “tenção” de criar,
Concilia meu intimo
Real com teu ímpeto,

Até que seja o que há,
E nunca passou d’sonho,
A coisa q’jamais fui ou serei,
Sou agora um dos mais,

Eu coisa alguma, a sós
Comigo jaz um espírito
Comum como dois iguais,
Meu mestre e amigo,

Leve rasto, brisa gentil,
Álvaro de Campos +




Joel Matos (Janeiro 2022)




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Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...