quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Patchwork...







Neo-Expressionism in Iranian Contemporary Art





Nunca senti tanta e tamanha antipatia
Pelo papel canelado e pelo patchwork
Consistente do plano, conservador
Este que transforma o bílis da vesícula

Em acto sentimental aos piedosos atrevidos,
Inspectores da mente pra quem tudo é quebrado,
Antigo, descrente descontinuado, carente sexual
Ou até mesmo dissidente quanto um sarcófago.

Se na vida pudesse crer-me existente e real,
Duvidaria que no mundo existisse vida assim,
Pois tive agora mesmo,
De rompante a sensação que não há lá fora nada,

Nada existe fora de mim que valha a pena ser vivido,
Por isso vivo por dentro o que posso viver sem mesmo,
Como se fosse eu o único ser vivo desse mundo sem vida,
Sem gente, que nem sei se existe ao certo,

Nem dentro de mim de peito aberto cabe,
Não creio nem é do meu credo, odeio
Acreditar pleno em nada, nem haver no mundo
Uma Paisagem tão árida, tão em ferida funda e frouxa,

Tão temida pelo vento tão gélida e negra,
Quanto esta minha antipatia
Plana, mecânica quanto o papelão canelado,
Inexistente sem Patchwork.






Jorge Santos 01/2020
http://namastibetpoems.blogspot.com

Vivo do oficio das paixões







Vivo no ofício das paixões,

É ao entardecer que me julgo mais distante e pando,
Não há lá nem cá, nem cá estou, menos estou lá, sempre
Estou onde me penso mesmo, não por estar pensando,
Mas porque me lembro ao pensar, do que sei e sei sendo

Esse pensamento, como sendo de ninguém daqui, nem d'além
Tampouco, esse alguém que passou pra outro lado, passado,
Fumo, vantagem de uns poucos o pensar futuro, sentir nova
A quinta-dimensão, rápida a mudança de via interrupta para afiada,

Vêm visões sem conteúdo do outro lado, subvertidas,
Amotinadas, despenteadas eclusas de díspares destinos,
Anseio por instantes sem importância alguma, mas não
Que venham sentar-se comigo à terça, numa cadeira

Desdobrável, dessas de praia em verga, eu espetando alfinetes
De Vudu no entendimento, a função de todo o cabalista
É excluir tudo o que sabe para sentir que entender bem fundo
Sem ver o que está pra aquém e colide com o saber fundado,

A reclusão do conhecimento aprendido, como nos falaram
E que iria gerar um mundo novo, ornamentado a cores
De feira, vindo sentar-se ao domingo na missa, precisamente
Às nove e meia de um amanhecer que sempre seria brando,

Vivo na periferia de tudo isto e de tudo o que me liga
Ao real, vivo no oficio das paixões, gozo-as como se fosse
A transmutação de outro mundo em ouro com que se veste
A minha alma ou a inexistência dela, da razão de entardecer

Dos dias, os sentidos não só sentem, também entendem
O que afirmo e me excede apesar de apenas ver com o espírito
E ter perdido todos os outros sentidos, sinto-me medonho,
Como se fosse místico devoto a um Demogorgon da Babilónia.


















Jorge Santos 12/2019
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Como morre um Rei de palha...






De futilidades e empatias tenho a aorta cheia,
Mas quando o céu morre e o frio se torna cinza,
Cai em mim um véu, que é mais magro que o cio
E do que o altar vazio - o mote de acabar o dia -

Se pudesse retiraria o coração amanhã e pela frente,
Para de repente, voltar a ser gente que nem fui,
Foi-me retirado pelas costas, por ironia e pela
Folha de um punhal estranho, de ferrolho velho,

Virei depois saldar as minhas dívidas de jogo,
Desde as bem maiores às mais mínimas,
Que a fé na sorte faz esquecer, Orixá me perdoe,
Pois nem outro vício tenho, jogo de manhã,

Até à calada da noite, amanhã cedo não haverá magia,
Nem nos reconhecermos, tampouco nos perceberemos,
Somos simples corações humanos, postumamente
Criados por um Senhor morto sem pressa,

Com a clarividência de um Sultão da Pérsia nado-morto,
Deposto pela simpatia de um fraco e gordo, inútil
Até ao sobrolho e sobre ele todo, disse-me que morrerei
Só, que é como morre um rei de palha, em pó...






Jorge Santos 12/2019
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"Sic est vulgus"



 






"No light, but rather darkness visible"



Dificilmente se nasce de geração espontânea,
Só eu digo claro o que penso nas minhas enigmáticas
Palavras que não têm mãe, apreciação, nem berço,
Que tanto faria terem saído do diabo ou de um penedo,

"Sic est vulgus", subordinadas à hereditariedade,
Porque não me interrogam nem me espantam,
Apenas guardam mágoa, rancor e raiva, como ninguém
Foram geradas num ventre esterilizado de frade

A cujo dorso imoral e corrupto se assemelha
Esta minha escrita que mais valia não ter nascido,
Eu próprio vivificado no oficio das paixões terrenas,
Constantemente na frente, de cruz na mão esguelha,

Nunca hei-de estar no centro, nem dentro
Das comuns, vividas pelo comum dos homens,
Não faço parte dos crentes de domingo,
Evoco os feitiços e a floresta à lua prenha,

Tal qual o cio dos lobos e as facções em luta, a rixa
Na clareira pelo domínio sobre a raça, a tribo,
A liça, a faca que cultivo porque é real e precisa,
Privilegia a permuta quando é de corpo que se muda,

Dificilmente se nasce de geração espontânea,
Todas as formas de vidas provêm de uma substância
Nobre e com regras mundanas, sem ela é impossível,
Já meu dom cresce do extremo, nasci tão blasfemo

Quanto um vulgar escarro humano ou um pelo púbico
Arrancado em pleno acto de Contrição…









Jorge Santos 11/2019
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Quantos Césares fui eu !!!





(Quando O César fui eu)



Quantos Césares fui, quantos Furriéis, comandos
E Cabos se atormentaram, indóceis
Degolados nas arenas, marcados, empalados
A ferros de Maio, imposto de chacais, Ido
A duas sílabas, marco milenar e tradição

Segundo Teutónicos e escribas, César
É o saber que não vacilo, me defino
Como o império perdido do fundo
De todas e outras estáticas épocas,
Bellenus, quanto acrobata d'Van Hell

E um "sui generis" Deum Solius nítido
Crescente, enquanto César sou eu,
Dispensado de comparecer perante
O juízo a padecer jusante dos oito
Brutus na ficção dum Justiniano d.C.

Agoniado é como me sinto, respiro
Como num presídio desde que falo
Do Imperador que fui, exilado emérito
Do Império que é meu domínio privado,
Efémero estado Alexandrino Cristão,

Judeu Messiânico o do Restelo, velho
Sem companhia e as imaginárias Índias
Do Ptolomeu astrólogo não se comparam
Ao orgulho de ter Rómulo, das colinas
Erigido Roma e o César Máximo fui eu,

Sou os desejo realizados e a antologia
Dos mesmos, "Triumphator" maior que
Pompeu e Cesário-o breve, o que viu
Mais puro que Cipião Assírio foi o César
Dos Césares qual reclamo ser, porque O fui...

César sOu eu...











Jorge Santos 11/2019
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Nada se parece comigo




Quantos Césares fui, não digo,

Nenhum se parece comigo nos testículos,
No beiço, mais que o néscio do altifalante,
Ou nem mesmo, sou o tresloucado
Do Olimpo e íntimo do Olifante,
Velado intermitentemente por velas

De pouca luz, anãs brancas,
Nada comigo se parece tanto,
Dado que não se mede a metro,
O destino dos que vêem
Posterior e mais além,

Vivo na vertente lenta do céu,
Comigo me cruzo, disto
Sem saber donde, terra
Morta de qual exército
Fictício, irreais regimentos

De disléxicos crónicos,
Burma, guerra d'Crimeia
E gangrena, consolar-me-iam
Pouco, mesmo que prediga
Neles outra sequela, Cornaca

De Ganesh, telhado d'Valhalla
Roto, novela de expressões
Alheias é o que sou, sendo
Que nada se parece comigo,
Excepto ao serão o hospício

Dos indexados e esdrúxulos,
Com coração de palha, Faia,
Pão de rala, água benta, dentes
Falsos, nada de milho cru,
Quantos Césares fui, esqueci...







Jorge Santos 10/2019
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Pedra, tesoura ou papel..."Do que era certo"







Abro com a célebre frase de um autor bem mais conhecido do que eu certamente, terei a arte, não a sorte nem o sonho, de todavia o ser:

- "O amor,(o sal) o sono, as drogas e intoxicantes, são formas elementares da arte", assim é também a cultura gastronómica, um modelo aditivo básico, embora incontornável de sabores e criatividade, pedra, tesoura ou vulgar papel.

Sanciona-me na acção, a falta desta, a inalação controla-se facilmente, a inacção controla-me quotidianamente, a vulgaridade do sabor a chocolate mentolado e os olhos fechados da multidão que passa ao lado como se fosse peste ou eu posasse junto a um canário moribundo, que ninguém quer ver, com a possibilidade de estarmos mortos numa mesma gaiola onde passámos a juventude, condenados à prisão perpétua, sabe-se lá porquê ou porquanto, pedra, papel ou vidro martelado.

Enquanto e quando como, experimento diferentes tipos de sabores e alimentos, visito lugares que nunca antes visitei, assim como um cigarro javanês fumado sem nunca ter visitado Java.

Assim como um ensaísta publicitário, num ensaio clínico culinário e numa tentativa cíclica de aumentar o gosto argumentativo de um caldo insonso e duvidoso o qual designo de "Ratatui-Miscelânico", venho frequentemente sonhar e melhorar "a-gosto" o guisado da minha redacção, quiçá insossa, (pedra, tesoura ou papelão), num sótão em forma de lua meia ou caixa cheia de peixe de leilão, no mercado da lota.

Encontro-me amiúde, comigo próprio no primeiro piso da morada habitual, forrado a madeira e onde me sinto mais tranquilo e livre para confeccionar uma caldeirada de ideias como se fossem enguias frescas, talvez porque tenha os pés mais afastados da terra e da rua, do ruído e deixem assim pois, que lhes diga acerca do dia seguinte, nos meus condimentados sonhos de sonolento meio-acordado, meio adormecido.

De entrada principal ou como primeira prato da uma ementa de habituais opiniões e usando para a infusão um simples filtro de papel, o das antigas máquinas de café, lhes digo que o meu sonhar não é cego nem azedo, agridoce não é o caso e nem precisa de trela, apenas de estrelas-guias, deixai-o solto e ele voltará célebre, amanhã ou noutro dia, no meu caso a inspiração criativa volta normalmente dia a dia e sem eu dar por isso, depois da primeira ou das primeiras frases, não precisam ser minhas, mas sim de serem sentidas, podem ser de um jornal diário, um poema de outra qualquer pessoa ou desse mesmo“Pessoa” o qual me inspira incomensuravelmente, como podem ver.

Já não posso dizer o mesmo, "apenas por gozo", do prazer não intelectual mas físico, esse pode não voltar de igual forma e feitio quando é de sobremaneira intenso, então neste caso pode-se pegar, agarrar pela raiz do pelo ou pelos cornos e cotovelos ou então nos arrependeremos redondamente de não o voltar a sentir, imenso, intenso, do casaco ao colarinho, de o deixar escapulir, diluir, acabar, partir, mas na arte livramos-mos de sentir pequenos sentires, detalhados e infectos, como vis escaravelhos, pois se, até o príncipe da Dinamarca coxeava, era manco, maneta e velho, segundo o injurioso Hamlet, pedra, tesoura ou papel e o prazer que me dá ter uma real casa de noz numa árvore com casca grossa, como Reino o apelido de Helsinore Horácio, dito na íntegra e quase se parecendo com o cubículo onde habito, pedra-tesoura ou papel de jornal.

Também vos digo que não, não somos todos integrais, radicais primos, nem números inteiros, racionais como pode parecer, não pretendo dizer com isto que não sou um, dos inúmeros peixe do mar, não sou uma Perca ou um Cherne, não é preciso conseguir falar apenas por não possuir guelras, mas vontade para dizer que sou peixe da pior espécie, esquilo terrestre ou esqualo gigante marítimo, ingrato, pedante, monótono, desintegrado dos cardumes de galgos marítimos, desinteressante como o sabor a gasto ou Tainha, pois de que lhe serve a glória, inútil, feia Imperatriz dos vencidos peixe, segundo o discurso do Salmão aos domingos na missa-metade dos graduados Safios.

Pedra, papel.…ou tesoura, recomeço onde deixei e onde falo, sem limite, de mim para mim, seremos nós, os tolos e eu, neste mundo, as duas Mós, as mãos a tender o grão do trigo, a do Norte e a do Sul, nem razão têm Este e Oeste, Oriente e Ocidente, pedra… papel …acerca de tocar o céu-da-boca, isso não significa senti-lo, a crença lúcida é apenas uma espécie de especulo, assim um céu íntimo em si, o contorno dos limites e o fim do mundo.

Olho pela centésima vez na janela do sótão e sinto-me tão melancólico quanto é o sol no ocaso, aluviões e tormentas, adormecem os sonhos, esperança que ora acena e parte para parte incerta, ora me alicia nas sombras da floresta, ora desencadeia o que suponho vir do meu pretérito, alcançá-lo-ei enfim, em nova manhã encoberta, ao meio da vida, vivida incompleta, pedra, tesoura ou papel.

Os vizinhos recolhem-se, como habitualmente no interior das casas, outono é sinónimo de mudez e meditação e o silêncio é mestre a ensinar o calado e no contorno do limite da boca e dos olhos estão os sorrisos e é o que devemos aos outros, mesmo que franca seja a emoção do retorno e embora todos eles mereçam a nossa sincera simpatia, manifesta numa ubíqua, oblíqua face, mesmo os mais detestados das orelhas, os da outra casta mais ou menos pura, ou os da lua, os amordaçados na garganta, os postiços de cabelo e os de voz cheia de granadas, os da santa Tumba e Adão merecem a nossa especial atenção e crédito, embora possa ser duvidoso este, pedra, tesoura ou papel.

Acredito no silencio e no amor quando posso, pois, que na posse não há amor, nem silencio, impor é para o amor como o azeite para a água ou o vinho na comunhão das almas pouco puras, falso e vicioso, o som que faz um padre se o vaso é apenas vaso e a água apenas água e fraude, saque, cheque sem provisão e crédito mal parado, mau hálito a sardinha.

Sendo assim, bem melhor é imitar-me a mim, eu próprio, elevando a dois, multiplicado pelo melhor exponencial, o conhecimento que tenho a menos, eu mesmo, da minha genérica conta em acções fiduciárias, pedra, tesoura ou papel.

Acabei por descobrir, na melhor formula aritmética, que os poemas são o mais parecido com as tabelas periódicas, jamais estão completas, haverá sempre um elemento em falta, mais uma orbita complementar e um planeta, uma nova crença, será alcunha de átomo ao falar-se de “carência molecular” e uma falácia a escrita quando esta não é tão pura quanto os elementos, terra, ar ou água, pedra, tesoura ou papel.

O despojo, nas palavras pode ter reflexos por vezes anárquicos e complicados, a vontade de ter alma, o preço e peso certos, a má vontade expressiva, parece uma sucessora e não a precursora do apego e do excesso, a que se chama criação criativa e criatividade expressiva.
Olhos - tubarões, palavras - pescada, postas no prato e na mesa, talheres, copos em plástico.

pode ser dito assim, pedra, tesoura ou papel, mas também de outra estranha forma porque nada mais descabido, embora esclarecedor, o que o cabide diz para o juízo ou então, dito de forma diferente e assim, eu trago em mim, nas costas, um cabide em forma de outro e do que falta nesse, o juízo doado de um argonauta tirano de lata, podem ser expressões plásticas, elásticas e poéticas rotas, rasas ou apenas opiniões, nada mais que isso, apenas diferentes.

Considero-me o pior critico de mim próprio e sinto um desejo imediato de apagar e reescrever que não concretizo de cada vez que volto a ler e reler o que escrevo, apenas acrescento um aponto ou uma linha a uma opinião e assim penso que se torna mais fácil para outros deglutirem e continuar eu mastigando por simples habito embora não me agrade muito o sabor daquilo que disse e do que escrevo neste sótão de luz ténue, ao domingo .

Seja como for, sentado confortavelmente no pequeno salão superior, faço o que quero da vida e algo que a ciência ainda não provou possível, reduzo os tolos sorrisos doutros, nas expressões das silabas e nos modos com que descobrirão mil dos meus segredos, Mações livres e as cinzas às cinzas nos sagrados mortos, consequentemente invejo nos pássaros, comuns nos ares, o voar, aos sociais chãos desta feira bera na Terra, desprezo e digo de novo, pedra, tesoura, papel e vidro.

É através do tempo e vice-versa que se viaja no sonhar, como se fosse um diaporama, nas bainhas da visão e nas vagens da propulsão, o gosto é um detalhe generoso, fantasia de feijão frade verde…se a palavra em brasa não o queimar, sem se impor na cozinha, só tirar do fogão a tempo, e basta o dedal ideal, meio de sal a gosto para que não seja tão mau o discurso do Santo António aos peixinhos da horta, pedra, tesoura ou papel.

Somos de uma caricatura demasiado simples e ridícula de se ver, apegados ao querer profundo, dois em um, que não podem viver isolados, sob pena de nos tornarmos desinteressantes, empolgados ,assim como num guisado com falta de apuro, sem o necessário condimento e a audiência sentada à mesa, faminta supérflua, na mesa ou távola redonda, o poeta é o infinito em falta, finito mais o tolo que escreve, que a França, pedra, tesoura ou o papel da conta.

Reconhecer-me limitado, igual a actor pouco falado representando sempre a mesma face, é a melhor forma de me “ilimitar” para sempre já que a minha ambição maior é amanhecer na lua ou lá perto, no lado longo, magro, até lá cerro e estalo os dedos, vivo querendo e vou celebrando a sós cada momento, enquanto me lembro e enquanto relembrar meu rosto ao espelho e que é a mim que me revejo na lua ou no engano que deu erro, convenço-me que vejo convexo meu reflexo côncavo no espelho, pedra, tesoura ou papel.

Sociedade de falsos docentes, discípulos reprováveis, doentes e dementes, decentes falsos, pedantes... xeno-frásicos, é o dia da poesia, odeiem-na tanto agora que está morta, quanto a adorava outrora qualquer outro poeta vivo, no entanto não a leiam, por favor, a poesia vai nua em pleno sol do meio-dia, na rua …pobre denegrida e mal-entendida, pedra, tesoura ou papel.

A bem dizer, tudo o mais era cabido ser dito foi escrito(...) excepto a interrupção de facto do que digo, apenas por dizer como por exemplo, que acabou de me ser diagnosticada - chuva severa, quando afinal era seca, cronica e forte a minha tosse, não consigo fazer uma frase inteira sem convulsões nem diarreia, o terceiro estado da matéria…

A vida é uma serie de enganos à “Bollywood”, agora sim, sei o que é ser, enfim nada, o que supunha ser a lua sobre o ombro, apenas a sobra do mundo, apenso ao corpo.

Pois bem, sejamos inadequados a bem de todos, anormais quanto "pasta" picante, mas não nos odiemos uns aos outros, nem andemos de "candeias-às-avessas", emoção e idealismo andaram sempre juntos, tiraram-nos do escuro e do breu, o espaço é a nossa face final e não permitirá reduzirmos-nos à Terra negra mas reproduzir-nos-emos no universo à nossa frente, não nos odiemos uns aos outros, nem adiemos os astros no espaço, pois a nossa semelhança com ele é real, natural e antiga, ele cresce no que digo no que penso, embora a estupidez humana actual tenha atingido níveis considerados inultrapassáveis, pedra, tesoura ou papel.

O ser humano é tal como um amante estrábico, pois vê desigual para ambos os lados, mas pensa no que sente, pela raiz do cabelo, não a singularidade presente e frente a ele, junto ao nariz e ao queixo, nua e em pelo…pedra, tesoura ou normal papel.

Mas o derradeiro sábio será sempre aquele homem que, não sendo o meu caso, acorda já acordado, não havendo nenhum outro ou na falta de acordo entre todos os outros membros da academia do desassossego ...pedra, tesoura ou papel de jornal diário.




(excerto de "Do que era certo")


Jorge Santos 11/2019
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Sou "O-Feito-Do-Primeiro-Vidente"





Sou o efeito do primeiro fogo, da primeira fogueira,
Os segundos são os outros, fracos e obedientes,
Aqueles que não são guerreiros, Carvalhos
Quanto nós, justos feiticeiros, Druidas francos,

Sou feito de despudor, quanto de besta,
Amor, Balsa e Salmo, pura e integra pele de tambor,
Tombo quanto um pinheiro do Líbano ardendo em pé,
Ou Xerxes de Tripoli defronte um elefante preto, nazareno

Tal qual Ele, que também o era, negro, ébrio,
Sou a profecia dos Druídas, "Primitivo-Ente"
E primeiro, segundos são para os outros, carneiros
Receosos das hordas dos Hunos, nós somos eternos,

Primevos Babilónios, Iníquos e Demónios,
Guerreiros de ferros em brasa em terra brava
E por desbravar, sou o Monstro Adamastor
E vós os encurvados segundo conta Eneias

Em Luís Vaz, ratos serpentes, fracos serventes,
Eu jamais tombarei, morrerei amparado no circulo do oculto,
Como morre um colosso, vulto nu, sem jazigo nem monarca
Por perto, para reviver outra vez, aos doze dias,

A saga dos antigos profetas e dos brancos Bardos,
Sou feito dos primeiros videntes, nas boreais chamas,
Sou do feitio dos primeiros "lusíadas" e Druídas Francos ...
Sou o feito dos "pristinos" Loucos, Lusitanos e Duendes.





Jorge Santos 10/2019
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Morri lívido e nu ...






Tudo é eterno enquanto dura,
O choro de um recém-nascido,
O riso, o pranto, a vontade do atleta,
O enquanto, o ouro puro,

A fruta madura, o verde da floresta,
A consciência do mundo !
Morri por ter vivido completamente nu,
O tempo todo, imundo,

O meu sonho cobriu-se
De terra crua e fezes,
Às vezes é o destino,
O embaraço, ou culpada

A inércia de me creditar
Vivo como fosse doença
Curável, quanto a morte
De um César Augusto

Ou dança de Baryshnikov,
Sobre o Arco do Triunfo,
Em Paris, (sem pressa)
Se fosse tão fácil amar,

Eu não falaria de amor, assim
É, das coisas tais, as quais
Não se pode "andar-à-roda-delas",
Daquelas que murcham

Lentamente, sem darmos
Por nada, caiado de lua cheia e bela
E de lugares apenas despertos
Nos sonhos que temos,

Enquanto nus, morri de ter
Vivido inevitavelmente nu,
Tanto tempo, e mudo surdo,
De quando em vez louco...







Jorge Santos 10/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com

Ladram cães à distância, Mato o "Por-Matar" ...




Ladram cães à distância,
Mato o "Por-Matar" ...



Ladro de cães à distância e uma vela acesa,
Inúteis mecenas que despertam o ardor
Da cria que me habita e cuido e velo, grito
Pois creio, ser eu lobo, mais lúcido que ouro

E que alguma vez fui e o desejo me acena,
- Oh, como desejo a caça grossa, arguta,
E não capoeira onde jazz ovelho mal morto
E a tesão que dá matar o "Por Matar", o manto

Sinto-o ter da morte aqui e ao lado, esgoto
Do veio da vida, enquanto este é cenário
Lívido da morte, encoberto, invisível corre
Do prado pra moita certa, boca de sena

Cega à navalha, eu superior e ela presa,
E os cães ladrando "à tona", à distância
De uma vala e uma vela se apagando,
Morte certeira, noite encenada, navalha

De barba, mato o "Por Matar", degolado
Como manda o código da Ordem, Barbeiro
O som da morte a quebrar, inesquecível
E tão pouco curável quanto a reles loucura,

Ladro de cães à distância e a gamela e os
Restos no prado do despojo, no restolho ruivo
Suplicado em vermelho sangue, de guerreiro
Meu credo pois o creio meu uivo, o do lobo

E ao uivar ao céu agradeço à Deusa Maga
E a Belenus quando irrompe, consagrando
O dia Basco do Druida Lobo, a meu mando
Age o fogo que consome os montes, o dom...

O dou aos amantes, eu me elevo, assombro
E mito nas palavras que me velam, devotas
E por revelar, envolto em mistério e morte,
E por matar me vou, leve e em voo de bruxo

Mago...








Joel Matos 01/2020
Http://joel-matos.blogspot.com

Excerto “do que era certo”





Excerto “do que era certo”



Por aprovação generalizada e por comum consenso não posso amar e odiar numa opção consciente e ao mesmo tempo, acontece justamente isso e assim mesmo quando escrevo e me avizinho das minhas sonhadas almas e da incapacidade de produzir melhor do que elas sonham e daquilo que me faz odiar o que amo que é tentar compor um texto escrevendo algo esclarecido e digno de apreciação sem o conseguir apesar do esforço vão e da aplicação sem frutos sãos sendo este o fardo que carrego comigo, odiar e amar a aceitação dos outros face ao que penso, ao que digo e ao que escrevo, sobretudo na expressão poética e nas conversas que tenho comigo, com excesso de peso.

A actividade artística, espontânea e fluente como criação escrita perfeita pode apresentar-se com bastante austeridade e rigidez agreste mas igualmente pode ser superlativo diminutivo da mais rasteira e insana solidão terrestre, embora bastante alta e bela sob forma de arte e do que mais belo há no mundo, em paralelo com a superior e talvez supre avalizada mais alta façanha humana que é subir montanhas sem apoio de oxigénio suplementar, apesar de ser certamente e supostamente bastante mais sã e sadia por experiência própria, da qual sofri e sofro um pouco, comparando com a práxis comum e humana fundamental ao deslumbramento de quando me perco nos picos e ao redor das mais altas montanhas branco cinza e negro basalto que há no mundo mas onde tenho os pés fixados faz cinquenta e mais alguns anos -“a esta parte” como se fosse uma incurável doença.

Hoje é Ilusoriamente o dia “do que era certo” e “me tenho” por sobre-humano, mais que os dias outros do ano, não porque seja bíblico o Solstício invernoso, mas porque é Inverno e os dias começarem a aumentar sorrateiramente “a partir” de agora, o pessimismo tem menor durabilidade assim como a noite invernal em que os mortos são enterrados vestidos com a melhor roupa que usaram em vida, de nada lhes serviu a Terra os ter pregado ao chão enquanto rodava, assim são as estações e os anos, os sóis e as estrelas cadentes pregadas ante os nossos olhos por uma outra imaginação ainda mais fértil que a nossa.

Há uma miríade de pequenos “paparazzi” transeuntes zombies com variações de humor afinado, displicentes e sazonais, dir-se-iam emigrantes ilegais, sem contracto que se alojam regularmente no mais elevado sótão do meu pensamento residual, sem aviso prévio, necessário e essencial para aí continuamente residirem pegados, residentes.

É aí mesmo, assaz e promiscuamente pegado a eles que me perco da linguagem a divagar e a divulgar mensagens, presumo vindas de muitas e estranhas origens, como o café da Colômbia e as bananas da Madeira, quais somente orbitam à minha roda, rótulos em chávenas de diversos autores e motivos coloridos por vezes discordantes, garridos, dissonantes hindus transalpinos himalaicos.

Hoje é o dia do ano em que me sinto sinteticamente e esteticamente bem mais próximo do divino, no dia da celebração do solstício e venho comunicar de oboé alçado, tão alto e sonora que quase todos os meus sonhos de grandeza cairiam no chão fosse frustrada a epifania e não uma autêntica revelação, clara sagrada e divina, impressa em letra áurea de prensa que me faz vir aqui publicar alto e em bom som o audível cheiro que tem, terá, terão no toque final, as letras que me finco de pés e mãos pois afirmo serem estas distintas na cor de todos os outros espermatozoides gramaticais apenas por saírem de minha glote, alma e ranho em coautoria sensorial, digamos qual o mais real e enfadonho das duas, a indigestão ou a azia, talvez mais a constipação pós tormenta, qual não sei o nome ainda e a distancia ao epicentro.

As fulgurantes idolatrias místicas e a escrita em forma de arte criativa, têm destas coisas, associam-se à nossa dilecta e estimada pele, têm assim como a paisagem, a qualidade de se tornarem irrevogável e inegavelmente grudadas, tatuagens avulsas, nossas e intrínsecas pois se até no palato o poente é susceptível de ser sentido apreciado e degustado para triunfo do êxtase, da volúpia sobre a realidade, da intimidade sobre o exterior, apenas ficando de fora deste contexto o sexo físico sobre a veleidade da fantasia, a evocação não se compraz com a verdadeira dimensão carnal do orgasmo, a volúpia de estar ao vivo sob a luz do sol nua, e não da lua, apenas de no céu “a vermos”

Ao nível da escrita misturo a ordenada desordem do big-bang e o erro do que era certo sob um manto quase real de Caudilho e Descartes na sódica esperança de se converterem no que para mim são e foram, numa ópera de góticos rabiscos, grotescos contrassensos roubados aos movimentos galácticos, vizinhos da nossa versátil Via Láctea, composta por sóis de muitas origens e dos mais expressivos credos.

Às divindades que me doaram-me o talento sem lema de sonhar acordado e outros defeitos tenho a dizer que se esqueceram de inventariar o fantasioso conteúdo da dádiva e faço uma ideia deveras confusa da utilidade de todas e tantas gavetas e arquivos sem nada dentro e do arrumo apurado daquilo que não me serve, pois encontra-se misturado de vazios sem tema que me vistam da ponta dos pés á cabeça sem parecerem ingénuas as frases que me saem pelos ouvidos e se adaptam á garganta como lesmas ou guelras de peixes lampreias de fora de água nas represas, sufocando com falta de oxigénio nos excessivos dias de verão.

A necessidade de confidenciar uma confidência é inseparável de todos ou quase todos e à mentira que creditamos a nós mesmos como sendo deveras e a única, designo de notável falácia, do falo apreciável, exterior admirável de cartão pintado, logo a confissão lúdica de fraqueza é sem dúvida, sinal de covardia e falta de coragem de quem nasce armado até aos dentes e não sabe usar nem as unhas nem qualquer outro talento em seu proveito, muito menos os punhos ou os joelhos mesmo que lhes apertem os testículos num torno mecânico ou os joelhos .

São as mais altas e solitárias regiões do planeta, que persigo e que me inspiram, são estas que me fazem fruir do espaço interno e externo que ocupo nesta esfera armilar que são o mundo e o espírito, considero-me um ser privilegiado pela sensação de analgesia conjugada desses dois Universos paralelos, ambos sem origem cientificamente comprovada testada e geneticamente certificada.












Joel Matos 01/2020
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Rua dos Douradores 30 ...




30 November 1935: "I know not what tomorrow will bring"




Sei-não,

Me encantava Durban no princípio, agora não,
Me encanto no vento quando passa p'la clarabóia
E depois quando parte pra "não-sei-não", Ofélia
Pode talvez sentir real, eu não, as rosas régias

E na alma geral o vento, general Zulu do rumo,
E a vontade pra que me mude de onde cenário
Sou pra onde, sentido eu, passe sentindo estar
Não sendo, quanto suspiro, perfume a navalha

Do tempo que falta, sei-não, fumo Cannabis, Absinto,
Me encanta, na emoção o vento, a Seda-Hume,
Assim me cantava Durban do solstício, a emulsão
Do tempo escasso, na respiração o íntimo ronco,

Agora não, não venta faz tempo, partiu logo-logo
Para "Sei-lá", o vento, sorrindo da ironia ao dolo,
Depois mudei... renuncio ao vento, serei a estátua
Que se mudou do nunca pra jamais, da praça Natal,

Para a rua dos fungos e dos ofícios pobres,
Tecelões do "aonde-morro" onde morreremos
Todos, monótonos e desnecessários, vãos
De escada, refractários, rebeldes do sono,

Me encantava Durban e nem sei explicar se
Da alegria na guerra ou da paz de um logro,
Pois que agora não, o facto é que me creio
Prisioneiro, contrabando de ouro falso, um

Não-ser, do Chiado à Rua dos Douradores 30,
De onde nunca saí eu e o asfalto que me sai
Da alma, a qual deixo aberta, pois o sentir é
Para mim uma gaiola com uma gaiola dentro...










Joel Matos 11/2019
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A Rua ao meu lado ou O Valor do riso...




A Rua ao meu lado,

Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro,
O valor do que fiz é o das coisas comuns, mau abrigo
Como envergar um abafo desabotoado e tentar
Sufocar o frio profundo, separado custo de franquia

Em outro qualquer artigo ou lote trazido duma amálgama
De ferro de imóveis peças que vergo como veias, revisto-
-Me do que aflige os outros, (mesmo os que têm fé)
Não por mérito, mas para justificar o que poderia

Ter sido eu se tivesse tido o futuro que nunca tive,
Se tivesse dito o que nunca disse, nem me adianta
Valor ao esforço, o que digo, sem a mais-valia é minha,
O caso da cal fresca sobre argamassa grossa, mal

Amassada, tosca, justaposta, assim é o meu riso,
De certa forma humano pelo que escuto, e por uma
Noção natural que é não ter futura vida, nem ser bem-
-Vindo qualquer fingidor atento ao fraco talento

Que eu tenha, asseguro que nunca senti a falta
Do futuro, a minha falha foi coabitar com o destino
Numa promiscuidade miserável, abrigo cancerígeno
Quanto a mim e eu sei, porque sinto o sonho morto,

O valor do riso é ouro e não o das coisas comuns,
Sem futuro nem raiz maior que zero, o peso da lua
É um mistério quanto o giz com que nua foi pintada,
Sinto o futuro desligado, como luz não tem na rua,

Ao meu lado, um bueiro sujo, mal-cheiroso, imundo.





Joel Matos 11/2019
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Absurdo e Sem-Fim…



Absurdo e Sem-Fim…



Incompreendedor é o que sou, e a própria dor,
É a comissão do esforço, a grandeza é o sabor,
O produto não é definido por nós, a proposta
É outra forma de ideia que nos leva a pensar,

É a compreender que passamos pra’além, depois
Não há lá nem cá, nem de cá sou, nem estou lá,
Estou n’onde me penso, não por estar pensando,
Mas no que me leva o pensar, o que eu pensei

Anteontem, amanhã cedo, mera combinação
De pensamentos caminhando, dentro sombras,
Nem daqui nem d’além, d’mim tampouco são,
Em lado algum moro, artificial ou real mistura,

Não preciso saber disso, é da natureza e não
De mim que falo, da matéria que faz a ciência
Incestuosa, a relação entre uma raiz de luz cónica
E uma pedra, a tentação e o espírito, o sensível

Situa-se acolá do conhecimento pra que tudo
Flua e nem isso eu compreendo, nem o uso
De cuidar das sensações como se fosse papel-
-De-seda, assim falo naturalmente do que sou,

Um incompreendedor nato, acredito naquilo
Que creio, sem estar atento ao que pensam
As gotas de chuva ou as migalhas de pão que,
Com um gesto, atirei pela janela, aos pombos,

E amanhã estarei caminhando com a mesma
Roupa que vesti hoje mesmo, num percurso
Que não leva a lado nenhum, com semelhante
E natural pensamento, natural é o que eu sou,

Dedico-me à interpretação dos símbolos
Sob o signo, de “que mais vale não fazê-lo”
Com figuras que eu próprio crio num muro
Absurdo e sem fim… eu, que sou rochedo.

(É o que eu sou)






Joel Matos 11/2019
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O Estado da Dúvida





 



Estado da Dúvida Perene ou
Quanto a virtualidade pode ser anémica.









O Talmude do genocídio Nazi-Fascista, fascizante e asfixiante, é o cretinismo arcaico, hemorrágico e o persistir tenaz na esterilização de ideias e ideais, perpetuada por gente nula e respectivos anuentes como a má comunicação social e demais adstringentes metafísicos e anémicos, da classe dos detergentes e que se têm desenvolvido numa sociedade socialmente doente como a nossa, muito à custa de ovíparas redes sociais criadoras de imbecis mal opinados e pseudo-opinadores, a arte é o esquivar a ser normalizado e a fuga, o acérrimo protesto a esta macabra, maléfica e imposta norma, pois impor é para amor, como o azeite para a água ou o vinho na liturgia de quem a não entende como insofismável, a verdade na arte espiritual.
Vivo e coabito ainda assim um viçoso, perene e soberano Estado de Súber Dúvida, em que todas as questões e discussões são próprias e discutidas, excepto por aqueles monoteístas do pensamento, palafreneiros incontestáveis e detestáveis iconautas Orwellianos e Germanizados.
A aristocracia dissemelhante das ideias brota do sonho e o sonho morre, desvanece se lhe tocarmos mesmo que de modo indelével, é essencial disciplina e o aprender a lidar com a sensação de volúpia Odisseíca e marítima, que o sonhar exalta e gera, tal e quanto como Ítaca foi gerar um Ulisses no Mar Egeu e fundeá-lo em Lisboa, no traçado final do Tejo.
A virtualidade é maléfica, é na prevaricadora disciplina do pensamento cognitivo e no compreender orgânico/genético que nasce o virtuosismo, e é no sonho, que nos renovamos, no embrionário mosto de múltiplas castas de opiniões divergentes, depositadas num cadinho de simbioses e “nuances” gestativas e gerativas; é aí que se dão as magníficas e mágicas projecções do entendimento e mesmo de ideais especulativos plásticos grandiosos.
É na disciplina de compreender e no estado de dúvida constante que nos revelamos, onde se desmontam misticismos práticos, cabais e falsos sentidos críticos, instituídos por nocivos profissionais, fazedores carnavalescos de opinião e do estéril entusiasmo tendencioso, visando os mais simples e incapacitados, os imcompreendedores natos e genésicos, também se incluem nesta lista alguns inimigos hostis e anti socias crónicos, indiciando sobretudo os meios artísticos com a sua inevitável peculiaridade individual, não comercial e de expressão revolucionária progressista própria e próxima da dimensão mais célica, céltica e ecléctica do ser humano, que é o de desejar evoluir e compreender a terra e o cosmos do tecido social, enquanto movimento integrante de novos modelos, em moldes representativos, conceituais humanos e exponenciais privilegiados.
É também na pluri-disciplinidade e na eminencia do pensar, que a observância dos detalhes privados é deveras se indubitavelmente importante e o manancial causístico bem mais elevado, senão que o bem mais valioso e não uma simples e ornamental noção destrutiva e casuística ostentação monocromática, verbal e elementar, como na venalidade das redes sociais em que cada um se reclama como ditador, genial progenitor e criador de estapafúrdias opiniões semânticas, sem nitidez nem ciência nítida ou mítica e sem a clareza que se consegue, se adquire, apenas no recolhimento, na angústia do terreno desconhecido e na disciplina do auto-conhecimento, na obediência sem tréguas à razão critica.
A tragédia da Rua Das Flores, é a da vida humana na Terra, é a tragédia no abuso da objectabilidade e a repetição constante e incansável de ferozes gestas e de fenómenos de imbecilidade, brutalidade geral e absurda, enquanto a fonte dos sonhos, continuará sendo a dúvida e a recriação das coisas nobres ao toque, como o prazer verbal, o mimetismo ecléctico e a voluptuosidade espiritual de ver e ouvir com a nobreza do gozo e do tacto, com a clareza de um Surfista Bramânico em itálico e a cheio…










Joel Matos 11/2019
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Sonho sem fim, nem fundo ...




Sonho sonhos em que não creio, sem meio nem fim,
Numa laguna sem fundo, padeço de sonhar à noite, enseada,
O molhe, atóis atolados de vultos, negras redes e mal-
-Formados "nados-mortos", prematuros sonhos, vagas
De fugaz fumo, insectos alados, mudos sonhos, Cedros-

-Escuros nos "Soltos-Muros", Mundos sem quem,
Nem alguém, a não ser eu que me perdi, perco-
-Me em impensáveis sonhos sentindo fraca a força
De não querer passar só e a nado, sem barqueiro,
Frustrado sonho, sem fim, nem meio, d'en borco,

Sonho sonhos em que me perco do corpo esférico,
Renuncio à substância em que me faço, eu, um recém-
-Criado, repudio e renuncio a uma nova veste, um novo
Vazio composto por um destino que desconheço nem sei
Usar, um meio não físico, tão fora, para pensar perfeito

Outra intima forma de tender um sonho, sendo-o sem
O querer ser, visível quanto a sensação da névoa,
Incógnito o não dito, desconheço o que posso ver
Pra'lém do ver ultimo, oculto e não tido por nenhum
Outro ser, vivo ou ido, ansioso eu, ser entendido

Noutros mundos, creio neste não, de pá e picareta,
Mas no veículo alienatário de movimento perpétuo e
Constante, meus olhos, feitos planetas e orbitando o
Cosmos. Rodeio-me de elementos espirituais como seja
A areia, a seiva e o esperma, o barro e, como eles,

Sonho sonhos sonhados que não creio, sem fim
Nem meio, alcunho-os de juncos e limos, lugares
Sem margens, desfiladeiros onde cobradores
De almas se escondem, madrugadas afora, cautelosos,
Pacientes vermes, cinza em verde e receio...









Joel Matos 11/2019
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Da significação aos sonhos ...



Estou bastante próximo de mim para crer
No barulho dos outros, ocupo um espaço
Diminuidor de avaliação; oculta a outra
Tarde que procuro, rés-do-chão, estrado de pedra,

Esforço a minha crença na evocação da vida,
Exprimo-me em dourado violeta ou negro e preto
E pelas decotadas sensações expressivas,
Decorativa a minha presença e o chão

Matemática viva, equivalente o peso nulo
Nosso, (meu) sobre a Terra grossa e incesta,
Porque este Mundo parou e
O movimento dos astros é tão metafisico

Como um mistério para mim, corporal,
Limito-me a passear entre a sensibilidade
E a negligencia de estático comum,
Que é estar parado entre dois mundos paralelos,

Tão físicos quanto difíceis de atingir, a pose
E o dolo são a errada concepção de um falso Lama,
Exprimem-se em estados violentos agressivos,
E pelas má impressão à flor de uma pele em chamas,

Evasiva a nossa presença e o chão
Matemática excessiva, equivalente ao peso nulo.
Aconteceu-me este poema que me fez acreditar,
Não vi os sentidos acrescidos, pois debaixo

Dum céu que não era eu, eu era apenas céu,
Em múltiplas chamadas me reclamou seu,
Eu, que sou tímido de sensações gregárias,
Embora arda entre a boca e os tímpanos,

Numa fraca final fé,
Quando me chama o inferno, assim
Falo discretamente de Deus, pois o mundo corre,
E a obscuridade adapta-se aos profanos Bretões,

De modo a parecer-lhes pleno dia. À luz
Do tímpano de um negro Orfeu,
Entendo a significação dos sonhos,
Apesar de seus...







Joel Matos 11/2019
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Deus Ex-Machina, “Anima Vili” ...




Deus Ex-Machina
O que passou está pensado segundo um acto de procrastinação, nem sei quantas vezes eu penso que nada sei, não tenho passado, nem vêm a mim, senão expressões vazias de alucinado, as quais reparto ambiguamente comigo mesmo por enquanto e eu próprio me encanto se me ligam e à minha alma com as flores secas e sem a fé dum cavado duro chão, indiferentes também elas, tal a estranheza da minha escrita em pobres letras, quantas vezes ausentes de nobreza, quantas vezes incoerentes.
Estou cansado de ter desejos, a minha cura será uma viciada infanta, abatida entre duas luas cheias, acima da linha de cintura, culpo-me do desejo que é tê-lo ou talvez não, tal como a uma rainha dói, dividida entre o céu e a sorte que a partiu em dois na memória, eu nunca soube quem ela foi, nem me decido em que sombra ela agora está…
Quantas vezes eu peço tornar-me de repente sóbrio, quanto a luz do dia ao sol da meia tarde e a vida real, uma janela aberta, com passagem para o presente e não papel manchado, num canteiro devoto, esquinas sem arte, contempladas à distancia, numa revolta sem batalha, impotente tanto quanto flores sem bainha, nem chão nem rainha, mesmo de “faz-de-conta”, que invoquem o sol pondo-se numa taça, ao divino que não se manifesta sob um azul de céu manso…
Eu hei-de um dia descobrir o que digo quando escrevo, meus olhos nasceram em greve, meu entendimento é breve e leve, quanto um cometa inédito, segue e some, some e segue, assoma-me a loucura quando escrevo, assola-me o que digo e quando o faço, assemelho-me a um louco, sendo ele, eu próprio noutro…noutros longos mundos.
Cresce mais alto em mim o que digo do que o que penso, o coração faz peso pra um lado, embora procure o equilíbrio do perfeito, desabo na sátira de mim próprio, será a poética o caminho certo, estando eu do lado errado ou estando certo, do lado oposto a cada estado de alma que, estéril, eu protagonizo, – digo apontando para o outro lado do espaço pra esses longos mundos – e penso, qual a função do mecanismo de Deus, que é o sentirmos-nos dele viúvos e se a fúria do sonho provém da alma.
“Anima Vili”
«O adjectivo é a tinta que esmalta a frase, é o colorido que lhe imprime tonalidade. Tanto que a excessiva adjectivação torna o estilo berrante, pejado, à guisa de tela em que a derrama e copiosidade de tintas acaba por empastar o motivo. (…)»
* Carlos Góes -Filósofo
Exagero nas berrantes adjectivações, igual a um colorido Confúcio, quase me crescem paulatinamente da boca o verde e na mente amarelo-laranja, na tentativa pura, derradeira, louca e boçal, de colar algo magnífico e orgânico como plasticina com pasta de dentes e nas palavras que não pegam, nem se agregam, quer seja por conceito mágico ou preconceito antropológico biológico, físico, moral ou estético, claudicando mesmo nas mesquinhas e ancestrais crenças religiosas e da sinceridade sincera, nas manifestações de insustentabilidade da realidade monogâmica, apesar destas serem colaterais, por motivo de intratabilidade significativa e genética da arte, gera-se uma discórdia entre dois polos, o princípio do coeficiente imponderável no peso dos pensamentos, versus o valor argumentativo do significante real e físico e a percepção parceira dele, assim é a nossa escrita poética, se nos maravilha e cria um túnel de luz, numa evidente trajectória iluminativa lúcida, súbita e estonteante, logo vêm contrastantes, berrantes, os cínicos passear lentamente investidos de critérios pouco relojoeiros e sofistas, os quais vêm, têm na nossa perfeita imperfeição a razão fractal da suas sublimes e cientes existências curvadas, ao sentirem numa dor de dentes um valor rítmico, sintomático e inestimável patético ou artístico fora do plano equatorial terrestre e antropozoico.
Quando é o oposto e o contrário,como agora, que me abandonou a inspiração criativa e um poço/túnel vertical é escavado na parede perpendicular e no escuro do material mineral mais rochoso e negro, cor do azedume ou num paiol, onde murcham os afectos como organismos mortos, sem visão, condenados à extinção, como espectros sem missão e manifestações lamentáveis da nossa incurável, animalesca “anima vili” no Ateneu eucarístico e xeno-comercial dos delegados estéticos estóicos, da infeliz praça lúdica, conspurcam-nos efectivamente como meros organismos simbólicos, simbióticos e sem grau, numa escala progressiva decrescente, desevolucionista e catatónica por eles incestuosamente contaminada e esterilizada da semântica poética, vital e ancestral …
Pairam dualidades sobre nós, quer sejam num futurismo de Atenas, na eterna folha de laudia prata ou então no receio do martelo dórico de ferro gordo e a dor do nó Gregório, no falso palanque ou no estrado de madeira podre, baço como uma cidade de fuga, bastante difusa, perseguidora e persistente, castrante e aberrante, segundo a figura indelével no mapa de Plometeu-o Grande, de Alexandria .
A arte não tem sexo definido nem sufixo, nem podem ser um estorvo, as palavras terminadas em “eu existo” e insisto pois de nada serve senão no sonhar de um apático, sendo o ser humano, de uns metros quadrados curtos e apenas ou uma caixa redonda, vazia, sem enredo dentro, nem fósforos secos que acendam um húmido rastilho, ou outras “cenas” crípticas …
Berrante



Feliz como poucos …



Nada há em mim maior que eu mesmo,
Vivem em nós temores de nós mesmos,
Todos falam e eu me calo, temendo repetir
-Me nos gestos gastos, excepto no bocejo
E na gaguez do uivo que emito, dos amargos
Lobos, estes representam a minha vitalidade
Perante a exuberância da morte, basta
Que me bata na porta menos grossa
E em Teixo para não me repetir no oco
Eco, na Faia, no falo, no veto, na Ágora
E em mim mesmo, quando falo assim,
Tamanho pequeno…
Sou feliz como poucos no mundo,
O riso da minoria satisfaz-me quanto basta,
Já que a lucidez não serve todos …
Somos poucos,
Mas não menos felizes que muitos outros,
(Se me faço entender)
Durmo em meios olhos,
Sonh’os inteiros, projecto-os em telas,
Para apreciação dos leigos,
Desde todos os ângulos,
Por todas as esquinas, todos os becos,
Recolho-os sem dor, em canteiros de flores,
Semeio nas veias e no olhar vazio
Dos múltiplos sonhos meus,
Sonhados-a-meias,
Pastel na cor…cinema em ante-estreias.

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...