terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Por onde passo não há s'trada.






Não acredito sinceramente em tudo,
Por mais que afirme crer em muito
Que outros creem e aceitem devemas,
Como numa tocha acesa sem fumo,

Sou uma bola de neve negra no futuro
Direto onde quebro, me desfaço areia
No fim de um anônimo fim d'dia, nulo
Pra sentir que sou quem seria, Mórmon

Se fosse pensar quem eu m'penso
E me sinto durante uma descida torácica,
Apenso à geometria duma estéril s'fera
Em vidro, oca e baça por dentro, ácida

Ao centro. Sou tudo quanto há a meio
De uma sala vazia sem troféus, ações,
Além das atitudes despidas de gestos
Que decidem o meu decidir moroso,

Processo em que me revele capaz
De mentir sem o atávico esforço geral
-mente mencionado erroneamente a outros
Mais rapaces que eu me sinto e sou.

Não há na vida uma só verdade clara,
Tão cara quanto a minha, claro que eu
Encarno como meu o sonho que é ser
Senhor do universo, toda a dor do cervo,

Todo o insucesso que pude chamar
De meu, ouso ouvir-me dizendo não sei
Quando me perco, me confunde enredo,
O que acredito ser lei, minto o que sinto

Embora não sinta absolutamente nada,
Por mais que minta a mim próprio e muito,
Sem querer ou querer dizer o que
Deveras minto, sem ser exato ou certo,

Que sinto, me perdi de mim próprio e
Estranhamente me desconheço, enfim
Caminho, não sou eu nem minha a
Passada, nem por onde passo, s'trada.



Joel Matos (13 de fevereiro de 2024)

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Sonhei-me sonhando,

 






Sonhei-me sonhando,




Sonhei-me, contudo, o sonho foi diverso do meu sonhado,
Sinto-me de facto no que me faça sem que faça distinção
Eu entre sucesso e/ou fracasso, (desejo pretensão-escolhos)
Escolhas são suposições de terceiros, olhares não são gestos,

Sonhei-me de facto sentado no destino, embora no destino
Errado em que me encontro, sonhando-me tudo e um mundo
Natural e belo. Sossego, íntimo da morte, exílio aquilo de ficar
Citando a propósito do propósito mais disparatado, absurdo

Tanto quando eu em relação ao meu fuso, pequeno feio
Matreiro, confuso até para um altar alheio ou sem deuses
Desses que existem para ser perfeitos não tanto quanto eu,
Sonho de olhos semicerrados ao presente embora não me

Esquive a ver o negro da pupila do olho, negra quanto um
Intuito apagado duma egrégora Grega, salobra saloia.
Impertinente é como me posso descrever assim como
Num sentimento que suscita misericórdia e/ou compaixão,

Sonhei-me, contudo, qualquer coisa outra no passado, coisa
Que não levo nem me leva, indulta de todos os sonhos que
Tive, todos fendidos, falhados quanto demónios nascidos
No ventre dum falso pároco. Sou, sendo um dos pequenos,

Entre os pequenos que faliram por sobreviverem sem vida,
Sonhos diversos dos que têm vida ativa, sou cativo/incapaz,
Miserável/maldito, tudojunto, tal qual fenómeno/meteo adverso,
Professo e assumo a regência do fracasso. Contra qualquer

Opinião vigente/Vincenda ou por mim mesmo consentida,
Sou sequência da banalidade/inoperância, parca vontade,
Procrastinação infinita perante o pó inerte em que me vicio
E concluo chamando-lhe faculdade, diletante/delirante/delírio.

Manifesto indiferença perante falsos factos, assim como
À afirmação gutural, oficiosa de argumentos/premissas
Verdadeiras ou verídicas, autênticas cabalas adventistas,
Sonhei-me sobretudo entre duas águas, a de cima …




Joel Matos (11 fevereiro 2024)



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Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...