terça-feira, 25 de novembro de 2025

Atrai-me o medo



Atrai-me o medo, a volúpia,
A dor curta e a angústia
Que passa veloz, a palavra
Egoísta far-me-á justiça,

A inveja e a vaidade,
Veleidade d’carácter, também
Assim com’o fracasso
Antecipado, afligem-me

Ideias de sucesso,
Sonhos falsos que nem
Foram construídos pra mim.
Não passo dum projecto,

Uma espécie de filosofia
Andante, quotidiana, dramática
E incurável, estranha coisa
Essa’onde existiu Homero,

E uma versão do universo,
Que não é bem d’verdade,
Embora a mesma dor breve,
E uma pergunta em aberto,

Ou meu sonho se perdeu,
Ou me perdi eu do sonhado,
Sendo que o sonho sou eu,
E o auditório está vazio,

O mundo continua parado,
Tranquilo como sempre
Existiu, os galos cantam,
Tardia a natureza emudece,

A noite fria prossegue,
É um facto que não surpreende,
Já o constante medo,
Em que paradoxalmente vivo,

Não me causa temor,
É um vício, tem vida, definição
De corpo, qualquer coisa
Indefinida entre eu e eu…

Joel Matos 25 Novembro 20/25

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1 comentário:

namastibet disse...

Obrigado por gastarem o vosso tempo lendo-me, espero que gostem

” Cada coisa é o que é,

E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,

E quanto isso me basta.”

Atrai-me o medo

Atrai-me o medo, a volúpia, A dor curta e a angústia Que passa veloz, a palavra Egoísta far-me-á justiça, A inveja e a vaidade, Veleidade d’...