Todo eu sou qualquer coisa
Todo eu sou qualquer coisa, aquilo que me mente e por mais que de mim me afaste, sinto-me uma versão banal de outros quando de mim demais me aproximo por ser tão vulgar quanto o que falo e digo, via de regra sinto nojo da extrema limpeza da pele e de limpas tabernas, da qualidade duvidosa dos que se esmeram por agradar aos que passam e dos que nunca entram pra não se macular de mosto ou de cevada, murmuram e se muram de lantejoulas tal qual travesti de Madona,/Dali, usam vestido o vazio nas mentes redondas como batatas, negras mentes no escuro, baratas de luz pacata em móveis, imóveis para se não destacarem, se esconderem da claridade do dia, dizem-se vulgar e virtualmente puros, dos poucos possuidores da arte da erudição, hipócritas castrados e pestilentos, agentes da “antipoética”, que não conhecem a musicalidade das esferas celestes, o misticismo que é necessário para ser poeta/profeta e transformar dragões em anjos, anjos em inflamados cometas, o hálito de sabor amargo das bestas bravas, da bonança e o pó da estrada em esperança.
Nós pertencemos à raça brava, com o sabor análogo ao do solo prenhe, a limbo, a terra nova e descoberta, somos de resignação violenta, os nossos dedos acariciam a erva e os musgos nos regatos, à beira do abismo nos braços da natureza perene.
Os meus passos têm a leveza das aves dos céus, salmão dos mares, quando me perco, como sendo “Prometeu” ou seus pares do Atlas ao Taurus.
Sou imenso, sinto e peso um cosmos em mim, não consagro o meu tempo à banalidade, à mediocridade, sinto nojo de dualidades e de almas sôfregas de ruído.
O imbecil é e será sempre um ser colectivo coletivizante e ostracizante, todo eu sou qualquer coisa que aguarda apenas o soar da meio-dia “à janta”, a alternância de quem gira em torno de si mesmo, como uma esfera, comum Terra, o sino, o címbalo, o Olifante, a trombeta para o qual a minha atenção se dirige, ao longe, muito longe, no único andar do mundo que não muda, aguarda apenas, aguarda suspenso e fixo num ponto mudo, o nó do mundo, o futuro de tudo-e-todos …a contenda dos moribundos na cidade berço de “Ananda”…o nó mudo em Mandala-papel.
Conquanto penso e vejo-me sentado, solene onde decorre o meu juízo e penso ser um pouco de tudo que é impassível e resulta certamente em mim, não me posso perceber, contudo conheço-me mais que tudo, giro em torno de mim mesmo, assim como um pêndulo em torno de Foucault e apenas aguardo …aguardo apenas, de cima o som que é mudo, do nó do mundo o troar do sino, o soar da “janta”, o hino ao fim do mundo !
“E orgulho-me todavia de minha humilhação, e por estar condenado a tal privilegio, quase desfruto uma salvação odiosa: acredito ser na memória humana o único exemplar vivo de qualquer espécie a ter naufragado um navio, num deserto de pó e areia.”
Não minto quando me dispo do que poderia ser dito entre o dito e não dito do que realmente digo, sim “Eu jamais parti” mas não digo não, pois poesia não sai de mim, foi-me dada assim, é a minha água pura, a minha força motriz, nem se compara ao ar, infinito o que respiro, é o que a voz me diz, por isso direi mesmo depois do fim, serei futuro ou estarei realmente aqui, no que digo de alma e corpo “Eu jamais parti” … “Eu jamais parti”
Um hiato entre o que, ou por quem me tomo e o que sei sou ou sonho todavia subordinado a ser e será o eu verdadeiro enquanto o sonhei que na prática é o que sou e como me vejo, um resíduo, um suborno de sensações anteriores ao pós nas quais creio antever ou antecipar algo como se fosse o meu reflexo real ao espelho e eu espectador fictício de mim mesmo mas com relevo falso artificial e uma memória de outra espécie de elefante que abdicou de si mesmo para se tornar uma outra realidade ciente e sem substancia incorpórea apesar de humana ainda, quem sabe eu mesmo (arte e forma) pois sou aquele que nasceu sem se conhecer, pra quem tudo é estranho e diferente, performance magnífica ou repúdio caustico à boca de cena e ao palco.
Ando sentindo-me mímico e semi “desfraseado” de nitidez de modo que não consigo equilibrar duas palavras que façam cabal sentido separadas ou uma de cada vez, nem temperar com sal sentidas palavras como cal e mostarda ou alho Francês , mascara-las e dividi-las por dúzias de compartimentos íntimos como se fosse eu do país do um Dali da intuição, Catalão (espero que passe breve,) assim junto algumas de um, dois mestres e uma mestrina regrada a estouvados sonhos semivividos semi-sonhados, persegue-me a mim a sensação morfológica de jamais partir e assim retorno constantemente embrionário à ideia minha de verdade onírica de jamais conseguir alcançar a substancia líquida de que são feitos eles mesmos os sonhos e modelar os meus lexicalmente viventes em vividas catarses , depurações de uma alma imperfeita, impura, apesar de lúcida (…)
“Não sei ser útil mesmo sentindo”, posso dizer que sinto, nem que seja porque é essa a única, minha e verdadeira causalidade, (“esse o problema de beber”), o sintagma basilar do que me resta de real, a liberdade magnifica, mergulhada em ácido ou caustica como uma traição, a de tecer em contos fábulas e contar o que realmente é prosaico e por demais gasto, o que reside inconsciente na” consciência da passagem do tempo”.
Lembro-me da menos valia de Augusto, de Magno, César-do-mundo-anterior ao meu e do desgaste do tempo que conheço, do padrasto desgosto de não compreender no rosto a mãe da pitonisa das dores, maquilhando-se de mar e coragem à medida que se afunda no Egeu Atlântico a oeste da ilha dos Amores …
Os vocais e sílabos constroem-me como se fosse eu um puzzle, uma historia desfocada de “nitidezes”, sinto-me evidente e focado face aos sírios e pálpebras de todos, que de outra forma não me concluo, nem me concluirei de facto “nem me dá gana” continuar sustentando o insustentável, o imponderável que é, como se sabe, criar contradições e complementos a partir da bílis e do esperma e a propósito de coisa alguma e do nada mais, pois que é disso que se trata quando se constrói, destrói-se o útil e o apenas, fica o transversal, a nossa pseudo alma, o pseudónimo exuberante e vital de quando se entorta um prego, a realidade numa outra forma também básica, prosaica de metal / ferrugem mas quiçá mais real que esta agora e de sempre que, não por se honesta, me basta.
E é isso mesmo na atitude, o escrever simplesmente, ele mesmo, o mito qual nos transforma em crianças “incompreendedoras” crónicos filósofos da graça e da descrença, ínfimos promíscuos até nos crermos inexistentes como flutuantes aliados ao infinito na forma de alheamento alado, somos maravilhosos enquanto bons pensadores e/ou escritores desafinados, assim o desejo, ele também.
Por palavras doutros e não minhas dou hoje o sempre o que digo e escrevo, escravo das cores que não tenho, doem-me as crostas nas minhas toscas e roucas palavras, compactuas, emprato-as, exponho-as e exponho-me em francas paredes, brancas, singelas no meu pensamento, tão úteis para pensar como para me despertar, pra desertar de mim próprio e provocar noutros o sentido de intimidade exposta e a exporem-se também e/ou expressar ideias novas e há depois momentos em que temos de apagar, apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, usadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos símios, q.b de bravos gloriosos e valentes tanto quanto fracos e indecisos.
Por palavras minhas e não d’outros parto à bolina num trem sem carruagens e com um semi-talento atrelado , eu sentado na esquina da maquina de escrever, (chavões à parte e às paginas tantas), algo que não controlo pleno é uma locomotiva a pleno vapor no Tejo ou no Sado eu não cometo abalroamentos quando navego à bolina , planto e dito assim mesmo, como que ao vento, também ele mau conversador, faço de bruto, um pouco menos ou mais que conversa cúmplice de maus presságios, vou de faca afiada nos dentes e já que de palavras lidas está o molhe cheio e o bote transborda aqui e acolá, por vezes vai ao fundo, as palavras são o que me fazem ser e querer ser tal como formiga d’asa.
Serve para dizer por palavras que ouço como se fossem minhas, eu próprio na musicalidade em Oboé das ramagens dos carvalho gigantes e velhos e nas coisas como fosse o som da caminhada que é conjunta e sagrada, estamos juntos nessa estrada longa que é escrever, pois escrevamos …
E viva a poesia
Não sei ser útil mesmo sentindo
Obrigado sou eu e muito à vida que tive, que vivi e que ainda vivo e possuo, sinto-me embriagado de hidromel ,-a respeito de Druidismo, a magia Célica-Celta como factor inexpugnável da crença Célica- Gaélica, o Juiz da Clareira Ou Druida mágico e mago era sumariamente um ente antropomorfo ou a identidade humana mais próximo dos “deuses” todos (bem mais que mil) ou entes e em comunicação vocal e comunhão espiritual com estes (e ainda o é ou ainda o são embora em pequenas comunas, fortes mas dispersas) Juiz da aldeia do aglomerado ou da tribo, o incumbido ecuménico de fazer respeitar a lei natural, a justiça do Carvalho ou a chamada “Demência Mútua” pois que é atribuição de uma única espécie num tributo a toda a floresta e à natureza em nome de um individuo mais antigo e central pois que possui o dom de fazer uma clareira em seu redor este este é, além disso, o individuo capaz de fazer justiça imparcial baseado na filosofia do natural e na ancestral tisiologia enquanto cabia ao Vate a obra de escrever ou decorar e divulgar pela arte também, não só como o jogral medieval mas num sentido mais lacto amplo e abrangente.
Toda a minha vida é feita de coisas, eu pendurado nas coisas que existem dentro e que sofro sempre que as abraço em silêncio, coisas que existem como se dentro dos olhos, estilhaçadas, agoniadas. Corro ao redor de cadeiras que não se ocupam e eu pendurado nas coisas que existem em mim dentro e os fantasmas a correr pelas paredes
Como diria Napoleão em Alba, “esta é a minha casa esqueçam-se de mim”, nasci para ká’star tb, agora aqui e já, elegi-a, elegemos nós ser livres como opção primeva e privilegiada de pensamento em detrimento de outras e, na minha casa, na nossa escrita, na nossa “terra” não permito, não permitirei nem permitiremos a febre maléfica dos feios, nem do contágio decadente que o polua, e o que constitui a minha interpretação de espaço livre comum e de critica criativa construtiva, as expressões poética querem-se, quero-as vazias de exterioridades egoísticas, assim como a caixa onde o gato defeca diariamente se quer limpa de dejectos para que a verdade da agua pura flua e escorra por entre as vistosas pedras em cascata numa montanha livre de doenças parasitárias malignas e esterilizáveis de pensamento e ideias, que o som das águas nos acompanhe e não o cárcere da infâmia e a lâmina da ignomínia com que muitas vezes sou reclamado a cooperar e reitero desde já um voto pelo bom funcionamento desta democracia bicéfala, que posso e devo chamar assim, para que não se abra a tampa e pandora invada as nossas oníricas quimeras e as transforme em terríveis sensações decrépitas bem acima da linha do cabelo, bem hajam poetas verdadeiramente livres, amantes da escrita poética, guardiões do conhecimento, da pureza da palavra escrita e célica…
Em geral
No seu teorema mais básico e como fiel de balança, é missão da escrita mais pura, a confissão da loucura e esta consiste na exponencial capacidade de cada um em incestar termos, palavras/verbos, inventar temas, escrever novas frases, fundir em poemas inovadores ferro e magma, sinos e signos tão finos que brilhem no conteúdo e no escuro, que treinem os nossos corações atletas e os mais profundos medos, emoções, metas na condição de amanhecerem na lua, do lado magro e a sermos exímios maestros, mestres magos, gregos tanoeiros, não só mas também, nos nossos humilhantes fracassos e crassos erros. Insistamos, incestemos almas, matérias-primas e espíritos! Não há caminhar outro, suave e louco, embora o caminho não seja curto, crio (criamos) um longo e magno paradigma, não importa que nos indiciem de loucos e ansiosos…A minha, a tua ambição é amanhecer na Lua, do lado magro, no outro mais longo, largo de ombro a ombro, o espaço infinito e vasto, debaixo de um só braço e no comando de uma nave espacial.
Novembro 20/25
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Jorge Santos /Joel Matos

1 comentário:
obrigado por me lerem
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