terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Pois que vida não tem alma

 





Pois que vida não tem alma

Ponho termo à vida eu mesmo
Pois que vida não tem alma
Nem vida própria, guelra.
É definição de mentira toda ela

Mesmo finda se julga perfeita,
Ponho termo à vida, meia noite a cinco
Deste mês, sem procurar renuncia,
Causa ou motivo, segunda opinião

Nunca, jamais obterei na morte
Compreensão sentido pro que fiz
Ou pro que faço à vida sem ou
Que nem foi, se conclui apenas

Plo fascínio que tem a morte.
Belo é o esquecimento, desolado
O sono a sombra e o sopro breve
Que deu ideia eu estar vivo

Estando morto pra vida assim
Como que sem fôlego pra respirar
Uma e outra vez tentando conter
O mau hálito, o odor a putrefato,

Juntei o inútil e o desagradável,
Numa circunferência quase perfeita,
Como bom artista que se preza,
Sendo apenas eu quem se pensa

Atleta, eu apenas que, do balcão
“Se-dá-vivas”, a ele próprio na pista,
Pondo fim à vida na lama da estrada,
No portão, na entrada do estádio …

Joel Matos 22 Janeiro de 20/25

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Duvido do que sei,

 





Duvido do que sei,

Do que fui e do que sou,

Não duvido de mim,
Duvido de quem conheço,

Sendo eu quem menos
Me conhece.

Na verdade engano
Finjo e não deixo ver

Atrás do disfarce,
Da fachada, mentira

E convicção de Marechal
Sem audácia nem tropa,

Noção da derrota
Em campo de batalha,

Isto é tudo
Quanto de mim saberei

E o esquecimento
É a regalia dos fracos,

Posso esquecer-me
Da cor que tem o céu,

Não esquecerei todavia
O escuro d’entre mim e eu,

O encanto da noite silenciosa
E a carícia da tempestade,

Duvido do que sei,
Do que fui eu não

Sei, do que penso,
Sem dúvida, pensarei …

Joel Matos (10 janeiro de 2025)

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Tomara poder tocar-lhes,




 Tomara poder tocar-lhes,

Sonho meus próprios sonhos,
Suponho não haver outros
Mais lúcidos que possa sonhar,
Inda ontem tive alguns desses,

Tomara poder tocar-lhes
De maneira a sentir nos dedos,
Coisas reais, novas sensações
Que não posso ver acordado,

Acordar é condenação e morte,
A cela, o quarto, a prisão
O garrote dos reais fazedores
De memórias falsas, contadores

De historias, fabricantes
D’etiquetas capas e livros
Que ninguém lê, não m’fazem falta,
Sonho meus próprios sonhos,

São “de graça”, tomara poder
Tocá-los, saber se são de verdade
E autênticos, sonhos meus dormindo
Ou sonho acordado atrás d’graves

Grades-sonhos mortos de vida.

Joel Matos (08 Janeiro 2025)

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Não existo senão por’gora …




 Não existo senão por fora,

Não existo senão por fora,
Por dentro sou um feixe frouxo
De sensações sem forma,
Que insisto ligar do sapato à sola,

Sold’a quente tal como
Uma corrente de visgo que liga
De mim até mim, infinita.
Infinitamente me desconheço,

Quem sou e não sou agora,
Se o disfarce de dentro,
Ou o simulacro de fora,
Digo de mim a mim mesmo,

Ser o que não sou, no que
Tanta gente me olha, vê ou
Pensa ver o que sou
Senão por fora, agora, hoje,

Ou ind’agora, embora parecer
Seja nada, inda que tudo seja,
Sou do que me foi dado, um nicho,
Um ínfima parte, um tolo ou idiota,

Um tudo ao sabor da onda,
Ou ladro da minha própria
Boca, sinto um nó que ata
O dentro com o fora circuncisado,

Metade metáfora, irrealidade,
Outra a metástase do que minto,
Talvez seja ou sou, na demora,
A ilusão do parecer, a chama, a sombra,

O não, a ausência que perpassa
Breve e presa à falsa ideia, se repete
Entre o interior e o lá fora,
Entre o fora e o acabado, embora

Sinta inveja da realidade avessa,
Demonstro-me realmente
Incapaz do que outros
São, à mesa e de facto, rapaces.

Peculiar em mim a falta
De vontade, um querer miúdo
Que fede e se mede, mudo
Pela incompetência autista,

Inabilidade falaciosa
De devoto sem qualquer
Causa, falsa fama do
Que calha, sou pedinte

E esmola, invejo profundo
Os devotos de passos
Mindinhos, assim como
Os meus semi-inimigos sem crista,

Medos murados, sitiado canino
No meu feudo, assim como
Nos sonhos que não tendo
Não tenho realmente, nem medo,

Sinto inveja da realidade,
Aparentemente por não
Ter outra mais que esta,
Qual me fende, diagonal e rente,

Ponta e mola é navalha
Mata e esfola. o paradoxo
É que eu não, sou nada, pondo
De lado o que pareço agora ser,

Eu sou ess’agora …

Joel Matos (1 janeiro de 2025)

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Pois que vida não tem alma

  Pois que vida não tem alma Ponho termo à vida eu mesmo Pois que vida não tem alma Nem vida própria, guelra. É definição de mentira toda el...