quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pouco m'importa



Importa-me pouco,
De quem são, a inocência,
A coerência e a grandeza,
Se da fonte baldia,

Ou do reino abismo,  
No fundo oceano,
Onde a incoerência se lava
E a inocência me levou,

Da poesia a beleza;
(Digna de seu nome)
Mais me Importa,
Com o prazer intenso,

(sútil ao-de-leve)

Em valer sempre a pena,
Enterrar num poema, a dor
                                       (que por vezes nem sinto)
Ela mesma, inintitulada 
E despropositada,

Mesmo que a fingir
Mas i’nda assim consciente,
Do meu sonho acordado

A linha é fina
Entre o que sou
E ao que sôo
De genuíno, por engano

(Digo eu, ,em minha defesa)

Ou Será que talvez
Não seja eu quem eu vejo
E sinta nesta leveza
Imensa.

Importa-me  pois sim,
Do caos e da iniquidade,
Se d’esta alma vazia,
Não vêm senão pesadelos,
Dessa abissal Dimensão.

(E não da fonte digna)


Joel Matos (10/2010)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Viagem sem retorno



Não há paisagem,
Que ame mais que a vida;
Habito essa viagem,
Da voz à deriva, 
(E sem rumo)

Não deixo na Terra,
Uma só vagem de vida,
Talvez  a minha margem,
Seja a da silva agressiva,
Que transporto na bagagem,
Do imaginário desarrumo...

Joel Matos...
(10/2010)
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Gardénias




(As Gardénias  nuas das Varandas)




Supondo que era vassalo dilecto,
Das Galerias da rua dos botequins,
Espalhei p’lo céu, bem lá no alto,
Em reclamos mediáticos e pasquins

Feios, simples e práticos querubins      
Sem talento, muitos já com defeito,
Mas o efeito foi oposto e não serviu os fins
Supostos; delas ser, poet’eleito;

Tomei a dor como revestimento,
Sem dar conta q’não mereciam tanto,
(Tais montras impáveis de manequins)

Hoje moro inda mais alto q’no monte
Pr’ás ver d’ponto mais longe e distante,
(Galdérias pintadas nuas en'varandins).

Joel Matos (10/2010)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nada me prende...A Nada,






Nada me prende a nada
E até no espelho venho
N’uma imagem estragada,
Alugada; Onde o’tenho?


Se é que ainda o tenho,
Na parede esquecida,
Olhando, medonho,
Esta parcela do nada.


Nada me prende a nada,
Nem aos pés quando os ponho,
No chão de terra usada,
Em chinelos d’um estranho.


Estou gasto e extinto d’vida,
E s’inda penso qu’a tenho,
È porque não a perco por nada,
Se nem completo eu o seu sonho.


Divido-a, entre a mera divida,
Do plágio torpe e tristonho,
E no que ainda haja de dúvida,
Em ser curto e meu o tamanho.


Nada me prende a nada,
Se nem ao dúctil rebanho,
Menos ainda à corda,
Que m’estrangula d’engano.

… e nada…


JOEL MATOS
(10/2010) 
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Voto em Branco



Veto Branco da Morte

Já fui fio-de-prumo, primo
Do compasso, esfera armilar,
Cavaleiro d’malta, cruzado,
Invertida pirâmide, credo.

Com vasculhos, do tojo abrunho,
Varri grilhões, desta vil Terra,
E porões, de nau negreira,
Fui falo, d’convento capitel,

Mendiguei, por pães e guita,
Verguei’m’a um ideologista,
De foices, martelos e’Corão,
Ceifeiro, d’cearas d’outros,

Maçom, secretas sociedades,
De todas que "Dei Opus" tem
Como falsas e sem confiança
Em sinos,concílios ,Deuses.

Não me orgulho, de ter sido
Pira d’corpos, cremados na praça,
Imposto de guerra, d’rei déspota.
Chacina em Jerusalém, Darfur.

Sinto despontar um presságio
Maligno, quando urna sem voto
De protesto, sou, em reino,
Onde à sorte, não pertenço.

Já fui, fio d’prumo, compasso,
Tudo, e minh’alma, sem dono,
Não pertence mais a’quem manda,
Mas sim à morte…

Joel Matos (10/10/2010)



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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

falta de definição ?



Para bem te descrever,
Em verso, sem timbrado decreto:

-Nem papel sem tinta, nem panda vela,
Azul forte, do mar de espumas,
Nem segredo impresso,de velho mata-borrão,
                       (Nem sei se posso isso no espelho ler,
                        E além disso nem te esquecer quero)
Sendo tua, a raiz d’madrágora e a poção
De secreta bruxa, que me espanta
Só podes ser "sibila de Cumas"
Ou D'Atlanta uma sagrada Musa,
E eu fabuloso Argonauta,
Do desesperado timoneiro Jasão
                          (serei eu a tua definição em falta ?)




Joel Matos (10/2010)
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

No caír do medo...





Ai…se soubesse que acabava caído do mundo saindo fora de portas
E as pedras e as estradas caminhos se revirassem em pregas soltas
(Como devem ser as curvas frente a quem dele próprio foge)
Ai… se soubesse que o nada fosse, ainda assim, não muito longe,
E a ausência, nem por isso incómoda, mas incolor ou deslavada
(Como deve ter de comum na cor das asas de minúsculas moscas)
Partia em busca da dor louca, despenteada, ela mesmo uma “quasi” nada.

E tinha aí saudades das fontes, onde corriam por vezes os silêncios,
…(Faziam parecer naturais, os sons distantes das minhas outras vozes.)
Mas de tanto gastar o olhar, ficariam molhos de memórias de fúrias e ventos
Sempre presentes nos silêncios imóveis, nos eternos silêncios!
Se soubesse que acabava caindo do mundo voaria antes que as aves
De gritos fortes, agudos e ásperos grasnassem.
Partia por’í fora com todos os gritos que escoram no voar, o medo!

Joel Matos
(18/06/2010)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...