sábado, 2 de janeiro de 2021

Por um ténue, pálido fio de tule

 



Por um ténue, pálido fio de tule



Em cada dia que me aconteço, suspenso,
Nimbo d’mim mesmo, me convenço que os
Símbolos têm alma própria, a vida é breve
E os fios, enigmático tecido e pele
Como sejam de um genuíno ser vivo, aviso

Num ritual iniciático, conduz-me devagar
Igual a linguagem de espíritas, em lume ocre
O que fica cerzido, o oráculo dos mortos,
A razão das coisas vivas, siglas em seda,
Da existência, do fim ao começo, profecia,

Entendimento, uma presença no limbo,
O juízo do cosmos, as cordas e o espaço/
Tempo, o privilégio da alma, cifras são caules,
Rituais de visionário quando Omega antecipa
O Alfa, a linguagem do Indo, de quem

Não possui corpo, aspecto, uma Sibila
Sem focagem, imprecisa e ténue, singela
E dispersa no ar, toca-me e sinto-a tocar-me,
Entra por mim adentro, sedenta, desconhecida
E sem pedir licença, por direito natural breve

De “quem-me-dorme” e me acorda, ao-de-leve
Por um ténue, pálido fio de tule, convida-me
Em sigilo e silêncio, depois nada…mais nada
E nada mais foi ou será visto, pronunciado
Por esta boca, este lábios, estas pálpebras.




Joel Matos (15 Dezembro 2020)

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