Perdoa por valorizar o vaso
Não o conteúdo do mesmo
A lua e não o branco luzeiro
Os dedos e não a ânsia
Perdoa valorizar o peso
E não ser o balanço dos teus
Medos e receios, perdoa
O esforço sem alcançar
A beleza que de tu'alma vem
A memória curta e o teu
Vago cheiro em mim,
Quase mineral e mágico
Sim, perdoa a mágoa e os beijos
Que não dei nem a ti
Nem a outrem porque nem tento,
A indecisão do caminho
Que levo e porque não
Posso ser levado pla mão tua
Nem quero, perdoa
Este inverno sem calor profundo
E porque fiz da ceara tua
Meu prado, perdoa por isso
E sobretudo a convicção
Com que digo o que minto,
Perdoa se sou desatento
Pois me doi no rosto teu
O sentimento que tudo é vão
E o fumo é o espelho
Nada resta que não seja
Pedir perdão e desabotoar
Do peito a mágoa de não
O poder ter porque não sinto
Talvez direito a tê-lo cá dentro
Tão tanto, tampouco
É um desejo de mim mesmo
Ou teu...
Joel Matos (03/2017)
http://joel-matos.blogspot.com
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