terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Sublime, suprema arte ...





Sublime, suprema arte …
A vida é uma curta aberta
Entre tempestades, é a bonança,
No entanto cabem nela,
Todos os comuns sonhos,
E outros menos normais
De ermitas e simples gente,
Pra quem a vida é arte
Sublime, suprema, não tão
Pequena quanto a nossa,
Se é que ela existe como
Conta-corrente eu nado-morto,
Miragem no deserto,
A vida é uma curta aberta,
E eu acabo por ignorar, 
As estrelas que do céu 
Me vêm pouco e sem tempo
Entre as tempestade, a bonança
Entre morte e renascimento,
Quem me dera ser monge
Ou camponês, pra ter estrelas
A apontar do céu pra mim,
Mesmo na noite mais escura
Que o breu e fazer da morte,
Instante menor que vida ultra,
Sublime, suprema arte,
A vida é uma vala-comum aberta,
Por onde passam destinos
Soberbos e sobejos humanos,
Despojos desiguais, uns mais
Intensos mais nobres que de Roma,
Os centuriões guerreiros das guerras
Púnicas, outros que a gente perde
Pra morte…
Joel Matos (01/2018)
http://joel-matos.blogspot.com

A dor é púrpura ...





(A dor é púrpura, não …)
A dor é púrpura, e
O que me doi é
A imensidão, sei 
“De cór” a tristeza,
Não vejo o fim à 
Dor nem à culpa,
Não creias em mim,
A dor nem púrpura é
Nem eu o tal “poeta”
Que possas chorar,
Se nem conheço
O original a preto 
E branco ou vermelho
Sangue e o orvalho
Apenas seca
Quando as folhas 
Debotam o chão
De amarelo seco
E isso apenas eu 
Sei, me dói sê-lo, sabê-lo
Me doi imenso,
A floresta púrpura,
O silencio e o eco
Não sei, nem donde vem,
Mas meu não é,
Nem é o teu, 
Mas do medo
Que sempre terei,
De ouvir soprar na porta,
A oscilação do ar
No outono, a dor é pura,
Oscila entre o céu e a dura terra,
Púrpuro será meu coração,
Não sei bem, de nada serve
Saber, não o sinto bater…
-A dor é púrpura, minto …
Joel Matos (01/2018)
http://joel-matos.blogspot.com

Lembra-me dois Unicórnios ...




Lembra-te dos Unicórnios ...





Lembras-te dos momentos 
Divinos e dos outros tão sós,
Dividíamos o tempo plo que 
Somos-criaturas povoadas

Por sonhos, lembras-te da
Entrega e da declaração
Lembras-te que morríamos
D'amor junto ao portão

Lembras-te da sensação 
De intimidade consentida 
Da sedução em que cada 
qual era mariposa e vela

Lembras-te da desmedida
Sensibilidade que da pele 
Vinha e era bem-vinda,
Quase com a doçura a mel,

O prazer do toque na curva
Do braço, falávamos do que
Não doía e duma alma a dois 
Presa a fio de guita e do que 

Somos - criaturas povoadas por
Sonhos reais, lembram-me 
Unicórnios do mar...







Joel Matos (01/2018)
http://joel-matos.blogspot.com

O meu reino é ser lembrado ...





O meu reino é ser lembrado,
O meu reino é mais que profundo
E cobre-se de tantos grãos d’prata
De quanto é feito o mundo
Em pingos de chuva, pântanos … 
O meu reino é puro quanto o espírito
De todos os seres humanos
Tão quanto eu, areais e grão-
-Mestres escondidos em pantanais
Profanos, meu reino é d’ouro
E palha quanto de breu e sem brilho
O meu reino, o meu divino reino
Vai do pensamento à criação,
Pois o existir não é o pensar ser,
Mas o ser lembrado, “O Incriado”
Cobre-me de tantas lembranças 
De quantas o mundo meu é gerado
Sem um Deus dourado e de falso
Estuque ou barro mole, podre e pobre,
Bastardo sem nome,
O meu reino é ser lembrado …
Joel Matos (11/2017)
http://joel-matos.blogspot.com

Em pó mudo …






Poesia é estaleiro e transmissão de tanque,
Poesia é terra, transfiguração viva e guerra,
Poesia é Insurgência, Rebelião Fractura,
É um respirar que dura pra’lém do que
É vida. Essa inútil e retráctil face do que
Dizemos ficará da gente pra sempre, 
Se matéria é processo e transformação,
Poesia é estaleiro, transfiguração e herança,
Dança e chaminé de paquete, pavilhão e
Estandarte, cavalo e galope, Juno e Júpiter,
Poesia é tudo quanto faz doer e dor não tem,
Nem sabe ou sente que provoca ao mundo
Sofrimento e desejo, solidão e demência q.b,
Poesia é tudo isto a que me dou de corpo inteiro,
A embalagem, a vasilha, a cela e as grades,
O fulano cuja realidade se incinera sem pena
Nem piedade, em pó mudo, peste e adubo …
Joel Matos (11/2017)
http://joel-matos.blogspot.com

Finjo compreender os outros …




Finjo compreender os outros
Sobretudo os mortos, minha memória
Tanto faz lembrarem quando me for,
Se nada fiz de bom a ninguém,
Nem a mim tampouco, indiferente
Ao circo, a indiferença é um cinzel
Que me iguala aos outros nos cantos,
Reduz arestas, sobretudo aos mortos
Das campas rasas como estas daqui,
chuva é detergente, erva não cresce,
Finjo entender dos outros sobretudo
A poesia, não faço parte do publico 
Fraudulento estragado, não me apraz 
Ser enterrado no vão de um buraco
Feito no chão, igual aos outros mortos,
Aos quais o inútil não destrói, a mim
Me dói tanto que me transforma em
Lívido, eu que era do tom das alvoradas,
De total silencio, de quando tudo é mudo,
Finjo compreender os outros qb,
Sobretudo os mortos da praça Camões,
Do numero dez em diante, incenso branco
Sentimento de culto, Pascoaes,
Finjo compreender nos outros, 
O comum comigo no exterior,
Olhos e ouvidos, o resto são males de sono,
Tão brancos, breves quanto alucinações 
De louco, fujo de compreender isso
Quase tudo, sobretudo nos poetas mortos
Despidos da matéria, sonho o absoluto
Em quadrantes de sombra e lua,
Imortal a poeira antes de ser ouro puro,
Tudo o resto males e marés de esforço,
Olhos e ouvidos comuns a um umbigo
Dos outros comigo…
Finjo compreender outros, esses.
Joel Matos (09/2017)
http://joel-matos.blogspot.com

(Do que me vai na alma)











(Do que me vai na alma)


O que me vale no fundo
É nem alma ter, falo novo
Numa linguagem sem futuro,

Tão pobre quanto as flores
Que crescerão na tumba,
Depois de morto qualquer dia,

Todos têm pose, eu quero posar
Um dia onde mora a luz,
Como um rito que em mim sinto,

O que me vale no fundo,
É ter consciência de Zodíaco,
E seguir nos rios como que signos

Onde mora a luz, é nem alma ter,
Ser quando eu quiser
A ultima jornada e à roda nada

Nas voltas que o mundo dá,
Numa viagem sem futuro,
(Do que me vai na alma )








Joel Matos (09/2017)
http://joel-matos.blogspot.com

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...