sexta-feira, 2 de junho de 2023

Má Casta





 Má Casta

Sendo de excluída e má casta,
Sou vinho d’pessoa alguma,
Porque só eu, a mim me brindo,

Sou o que me embriago
De berros e do mau talento,
Apenas me pesa, oca do pego

Ao pulso, a náusea da mal
Parida, da avulsa frase mal eleita,
Infeliz, cansada de nada dizer.

Presas à minha bombástica boca
Com’o escárnio de mim próprio,
Rombas Agulhas como que me picam,

Escalavradas, severas, ásperas
Insinceras a tempo inteiro,
Pobre-diabo, doente louco, pouco

Generoso, sem merecida esperança,
Morto vivo de infelicidade, doença
Crónica, lesmo sem alma

Ou lar, enlameado d’lama, ranço
E mosto, cama de engaços, algemas
Houdinescas, as chamas evoluem

Sem formas, envolvem-me indistintas
Como num voo tonto, quem sou eu
Que me vejo moscardo alado

Sendo da extinta mais bera casta
Humana que veio à Terra rastejando.

Joel Matos (12/2022)




https://namastibet.wordpress.com

http://joel-matos.blogspot.com

Sem comentários:

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...