quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Da paixão







Inda trago a paixão 
Dos primeiros gansos,
Inda trago o sensivel.
Do primeiro acto,

Da manhã, do regato,
Da fonte fria, inda trago
A paixão do manancial,
E da tentação de beber,

Apesar de não ser sede,
O que faria sem ela, 
Não sei, só sei que 
Viver sem, é impossível

A sede da paixão parar,
O beber nas fontes,
Quando dos gansos,
O grasnar de novo ouço,

Renova-me a sensação, 
Do primeiro acto,
Prova que ainda o trago
Comigo e da paixão

De vida que não abdico,
Por nada ...




Joel Matos (02/2016)
http://joel-matos.blogspot.com

A lembrança do que vou pensar






Tenho momentos em que até a luz 
Do dia me diz ser noite cerrada
Porque me doi sem razão cada som 
E o dia e o ruído e o nada e a lembrança,

Tenho momentos em que 
O que deveria fazer sentido não faz, 
Pois nem mesmo o conceito de viver, 
Este passou a ser um castigo, 

Um cansaço que recomeça ao acordar,
Acho que mesmo morrer não consigo, 
Por mais que queira, 
Não por que tenha motivo, 

Penso que nada me motiva nem mesmo 
O medo nem mesmo o nada fazer
Tenho momentos em que acordar 
É uma desilusão,

Um suplício, uma escada de enrolar
Sem degraus mas em gumes de faca, 
Em que caio todos os dias por decreto 
E saio da cama a medo, 

Mas sem motivo para estar deste lado 
E acordado
Quero estar dormindo, porque 
A realidade me corta de baixo-a-cima,

Não é potável o sonho, nem o vinho 
Que bebo, a minha alma é um "cadinho"
Do laboratório-da-peste, 
Considero dever buscar um sentido 

Para o que faço, 
Diferente do comum movimento dos astros,
Da rotina, do cansaço
E da lembrança do que vou pensar ...



Joel Matos (02/2016)
http://joel-matos.blogspot.com



Na beira d'onde moro






Aqui, na beira onde moro
A pele das mãos é púbica,
Quotidiana,tantas vezes
Besunto de banha bera

O próprio corpo, à beira
Do abismo onde moro
E sobrevivo ao cuspo,
Quem vem pinta meu

Rosto e envenena a água
Que bebo p'las costas
Da mão dextra que m'resta
D'engodo...



Joel Matos (02/2016)
http://joel-matos.blogspot.com

Ego






Pra quem faz do ego religião
E os sentidos vira pra dentro
Da pele verde, espelho do que nunca
Poderá ser pra quem faz

Do ego religião, o tacto não
Dá prazer e o eco e a contemplação
Dos sonhos dos Homens todos,
O gozo de pôr as mão no fogo

E o doer que dá o amor grasso,
Pra quem faz do ego religião
Não há, nem penses, disso
Por grosso ou ao Quilo, o caldo

Com feijão manteiga que
Dantes era vendido na mercearia
Como se fosse mágico, à compra
Prostituta e má como o Ego "de ver"

De Shopping-Center, casas espelhos
Não sentidas com que se contentam
Multidões sem tacto nem a ambição
De quem pôs as mãos-no-fogo por gozo

E por haver quem faça dum caule as asas




Joel Matos (02/2016)
http://joel-matos.blogspot.com


Sonhar certo






Os tamanhos dos sonhos meus
São sempre os mesmo e
Perfeitos aqueles que me 
Lembram o que quero ver

Neles de grandeza, magia
E de valer a pena sonhar,
Por saber o tamanho certo
Que têm os sonhos e o

Feitio perfeito desta missão
Minha de sonhar acordado
E sempre, sempre do mesmo
Sonho, a metade que quero do

Sonhar certo, não o acertado.



Joel Matos (02/2016)
http://joel-matos.blogspot.com

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Iemanjá Rainha







De terra quero o perfume raso,
Familiar e chão no entanto pó dos
Lugares largos e comuns, cheiros
A barro d'onde vêm os sonhos bons

Da terra. Quero o meu sentir, só ele
Argumenta o que penso e conheço
Dos perfumes que estão mais perto
De mim, assim o cheiro a sal e menta,

A flor de laranjeira e romã e rosas,
De terra quero o perfume a fruta
Fresca,a tília e a ti. Porosa tu és,
Teu cheiro poderoso em mim

Só ele aumenta a sensação de estar
Perto e respirar o que não tenho
Tão certo eu assim de durar no ar
Que respiro, o prazer de teu odor

A mar e fonte. Da terra quero
O perfume de vida que certo eu
Suponho sendo, vindo do teu corpo,
Poderia ter na Terra o ar, cheiro

Suposto de Iemanjá Rainha, mar,
Sol-posto, menta, todavia poroso
Será sendo teu, Orixá de longo cabelo,
Rosto de Terra-Mãe, nosso chão-

-Mar...











Joel Matos (01/2016)
http://joel-matos.blogspot.com

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Quando menos se espera






Quando menos se espera 
Os signos soltam-se dos demais
Procurando novos significados
E eu continuo ignorando,

O que é viver com os pés
No chão, tentando perceber
O som que vem do céu
De minha boca aberta toda,

Toda aberta do calcanhar
Ao fémur passando p'la
Omoplata, subindo a Cava
Veia deste meu coração

Sem terra, alta erva ou horta...
Quanto menos me sinto
Levado plo destino mais sou,
Assim o céu nos desprenda,

Quando menos se espera, 
As palavras soltam-se no ar
Prolongando velhas frases, 
E eu continuo ignorando

O que é viver com os pés
No chão, tentando perceber
O som que vem do céu
De minha boca aberta, 

Toda aberta do calcanhar
Ao fémur, passando p'la
Omoplata subindo a Cava
Veia deste meu coração

Sem terra, alta erva ou horta...
Quando menos espero,
Ser e desejar são a minha arte
E a minha arte sou eu num só...



Joel Matos (01/2016)
http://joel-matos.blogspot.com

David Ou...





Se bem como David
os meus dias mudam
Que nem olhos de peixe,
Se bem como David

O mundo me parece
Imenso e negro,
Se bem como David
O meu sonho não morreu

Ainda apesar de ferido,
Se bem como David
Cairei sobre a areia
Um dia triste,este...

Se bem como Elias
Só eu sei como são
Meus dias que detesto
Ser David sem ser Golias

Depois de desembarcar 
Na praia dos Helfos,
Mesmo os de sempre,
Com troncos árvores e tudo

Se bem como David,
Tanto do que digo é peixe,
Mudo ...



Joel Matos (01/2016
http://joel-matos.blogspot.com


Livre astronauta e leve







Voo livre de condição
Rumo a um nada existir, 
Espero tornar-me humano
Em breve qual astronauta

Do entendimento, sobre
O qual a Terra pesa
E o chão cresce em explicações,
Voo livre de condições,

Temo é só medir-me
De acordo com as medidas 
Terrestres e a do corpo
Humano, quanto baste

Pra que o sinta sem fazer 
Falta na condição de existir
Eu livre, astronauta 
E leve, tal qual uma pena







Joel Matos (01/2016
http://joel-matos.blogspot.com



Os amantes suicidam-se duas vezes




Os amantes suicidam-se
Pondo final à vida duas vezes,
Já eu não me decido
A amar a vida tanta, ponto final,

Fui vencido p'lo meu sonho,
De ansiar ser amado
E apenas me lembro,
Do sorriso suave da boca,

Sinónimo de paixão
P'la vida, quando a tinha.
Os amantes suicidam-se
Como se fosse nada, 

A vida sem depois, pois eu
Sinto o destino a sós 
Comigo e pela primeira
Vez faz tempo, lembro que 

Nos amá-mos os dois até ao ódio 
E a mágoa mas infelizmente 
Este não diz o que espero
E eu dele me desprego,

Os amantes suicidam-se 
E eu morro de um sonho outro
Que é ser amante do destino certo,
Mas não consigo, não posso

Ou não quero um, escrito
Em envelope fechado 
Um amor que, se bem me lembro,
Me fez medo da própria sombra,

Ou morte...



Joel matos (01/2016)
http://joel-matos.blogspot.com




Rua dos sentidos órfãos...



Sendo eu mudo não penso contar sequer
O que penso, os meus secretos medos
Revelar o que imagino ser dum cavalo
O trovão ou da consistência das nuvens 

Que vêm se desfazer contra o monte
Aponto a pouca voz que me resta nunca
A qualquer transeunte que passa
pois penso ser artificial o som que sai

P'las camadas que me revisto de lucidez
Pouca, impermanente... e desespero 
Por ser ouvido pelo que mora ao lado
Livre como um cavalo solto ao vento 

Inconsciente que aqui estou eu presente
Dando tudo o que imagino ser meu pensar,
Todos os sons que faço embora sem 
A flauta transversal de místico 

Que tanta falta me faz neste ofício
Infecundo de surdo-mudo na rua 
Dos sentidos-órfãos, nós todos, pedintes
E pão...


Joel Matos (01/2016)
http://joel-matos.blogspot.com


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Calmo





Calmo como o sangue
Enxuto como um cálice
O que sofro nem volume
Tem, utilidade ou afago

De fruta no mercado
Calmo à meia semana afora
Calmo o mosto eu suposto
Guerreiro do fogo fátuo

Aquele que pra luz precisa
Ir depressa e correndo
De espada e lume
Calmo como areia ou saque

Em rescaldo de combate
É o meu nome secreto/salmo
Compraz-me a vida
E um século meio a esperar

Algo de quem não me acusa
Enxuto como um cálice
Calmo como sangue
O que sofro tem o volume

Que cabe na minha tranquila
Vontade à justa e no cálice
Da dita breve, difusa vida,
A palma...




Joel Matos 01/2016
http://joel-matos.blogspot.com

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Morar em volta de meus passos



                                                                                          (pintura atribuída a Adolf Hitler)





Tudo passa tão depressa
Que alma outrem nem para
Pra chamar, ao passar p'la minha
Casa, estando eu morto pra vida 

Toda, sem mostrar a ninguém
Quanto estava, quando estava...
Conquanto tudo passa, sem espera
E sem esperança pra um morto

Que espera toda'vida pela estranha
Qual chama de morte e vazia,
A chamava de vida, da sorte
Pouca como qualquer outra

Sem causa, passa e não para 
A esta porta e nesta fraca figura
Em causa, tudo passa excepto
A guerra galgando este modesto corpo,

Modesta a honra que na minha alma
Molesto e a dum transeunte que passa
Por passar, por minha causa chora
Sem me conhecer morto vivo,

Vivo morto se nem em casa nessa 
Vivo, mas onde tudo acha por bem 
Passar por passar, estando eu noutra
Parte, na porta que me resta galgar

Como um muro, pra murar em volta 
Dos meus passos por andar...



   




Joel Matos (11/2015




http://joel-matos.blogspot.com


Frágil




Tenho sentimentos frágeis
Em golpes de malabarista e saltos
Que me dão segurança pouca
Em qualquer andaime frouxo

De Humano autentico.... 
Guerreiro-viajado, amante,
Tenho pensamentos voláteis,
Como velas acesas, regressões

Onde aprendo que não vivo
Pela primeira vez, mas sempre.
Ficou claro para mim em tempos,
Que cada um entende da cor

Dos sonhos a que lhe 
Convém, tendo-os ...
E então me arranho para 
Saber se estou a armar sonhos

E se não voa o voar que dou,
Agarro até à morte,
Estas frágeis aves letras, aquelas
Que doem de tanto nó que dou

Às magras relas de guelras que o 
Falar permite e sente
Eis quão fácil de sonhar 
Eu sou sendo eu a sonhar, velas...



Joel Matos (11/2015)
http://joel-matos.blogspot.com


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Zé_Luís-Filho...




Zé Luís Filho, Fialho
Pelo pai mas de mãe
Só-filho Zé, no cartório
Zé Luís filho ficou sendo,
De mãe solteira – Inês
Diz o povo que tinha
Outra alcunha mas ficou
Desde logo – a Pouca Inês
Zé Luís Filho da Pouca
Talvez por ser ingénua
Ou ter conhecido o Fialho
Filho da gente rica e “culta”,
De Estremoz a Vila Flor
Do Crato Aristocrática até
Ao fundo da braguilha
Que emprenhou a Bela
Inês esse era o nome dela
Antes do Fialho pôr
A pata nas virilhas, Bela Inês
– Boa como o milho..
Dizia o Fialho no Grémio
E os domingos na praça
pra quem queria ouvir,
– Boa na cama-
Zé Luís, Filho da Bela Inês
Cresceu seguro de si
Embora vivesse do lado de lá
Da estrada
Teve na encantadora mãe
Inês a realidade da alma
E as fontes que sorriam rosas
Do branco mais profundo
Que a natureza trazia no decote.

Joel Matos (10/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Há pessoas de linho-branco...














Há pessoas da constituição do linho,
Pessoas estandartes, pessoas bonitas
Nas arestas, outras no dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou de ângulos iguais,
Rectos, um funâmbulo da compreensão,
Criei-me entre o abismo e a sensação
De queda, num espaço fixo, opressor…
Há pessoas da constituição do tecido
Que nos tocam suavemente como seda,
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir, que consinto
E conservo nem sei eu porquê, ou como,
Há pessoas d’linho branco

Joel Matos (10/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

De-Louco...




De-louco todos temos um pouco, confesso eu
e mais ou menos uma centena de trinta loucos
nem mais nem menos que qualquer um dos outros,
mas da miséria por companhia, foge-se mesmo coxo,
Como de um mau professor de álgebra e tranca-se
a porta por dentro, não vá ela ou ele voltarem
depois, a pedir alívio e alimento de sequela
de vampiros de folk Romeno de mau gosto
Ou Shakespeare sem tino, pressupondo
o louco ser eu, seria mais prático e lógico
o louco ser outro, que eu não, mas de álgebra
sei pouco ou quase nada, sou o iconoclasta
Da reputação alheia, matemático de imagens
feias e disformes, cáfilas de pobres
Moldavos e Romenos com dentes podres, morenos
como eu, sujos e sem o Shakespeare por escolha
Excélcia ou vampiresca, loucos somos todos,
eu pouco, eu pouco…

Joel Matos (19/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Não é preciso pedir...




Não é preciso pedir perdão
Solenemente , basta um aceno
Mudo da janela, ou do coração,
Deixar o peito roçar o queixo,
Para sentir que somos perdoados,
Como os poetas todos deviam ser,
Mesmo estando errados ou não,
Se for preciso perdoamos a dor
Avessa, como se fosse a nós alheia,
Perdoamos até o próprio pensar,
Quando é negro e ainda perdemos
A mossa do queixo no nosso peito,
Pensando não ser necessário
Agradecer esse simples perdão…

Joel Matos (10/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Lembrar me veio...






Hoje mudei,
Hoje mudei de um outro que fui,
Para os lagos e florestas que sou
E a minha alma ficou jardim,
Definido de uma maneira
Não exacta e de uma forma
Que nada diz a outros, hoje mudei
Do que fui, para o que há-de vir
Em mim e não fazem menos sentido
Aos lagos ribeiros e florestas
Em si verdades e não promessas,
Hoje mudei de um outro que fui,
Para o pouco que me resta ser,
A parte essencial fica por dizer
Ou cobre-se sobretudo de efeito,
Sobrando a causa do que vou ser…
(E depois do que fui, o lembrar
Me veio…)

Joel Matos (10/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

É hoje o dia...




Hoje é o dia da imortalidade,
Contra um fundo de oliveiras
Flores mortais e castanheiros,
Percebi o que me suscita
Vida, nada mais que viver
Como se fosse imortal
Por mais um dia curto
E celebrá-lo nesta poesia,
Porque hoje, é meu o dia,
E tanto, em todos eles moro,
Morrerei “sine die”,
Um dia qualquer outro…

Joel matos (27/10/2015
Http://joel-matos.blogspot.com

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Governador de mim...







Sou governador de todas as derrotas,
O General desleal que a batalha perde,
Antes da guerra se anunciar na frente
De combate, um pedaço da muralha

De Jerusalém lá onde Abraão se lembrou
Ser pai dos judeus e arauto do Holocausto,
Genocídio de mim dentro e manso lamento,
Como manda aos vencidos lamber lento

As feridas , por certo sou o governador
Decretado para a derrota do Japão na guerra
Do Império,o "lambe-botas" de mim mesmo,
Flectido perante o "cabo-da-tola-esperança"

E o Adamastor do reino da intempérie,
Escuro, inquieto, que só me traz sofrimento ...
Em uma barca com varizes de lenho,
Passeei a renuncia, paralelo ao que os olhos vêm,

Bandeiras amarelas, sem a posologia no rótulo,
Nada sei para o caso de virem perguntar,
Reduzo-me ao, "sem saber como", sou governador
Da própria alma ou ela não precisa

Da prestação do mandato que trago comigo,
De momento não importa,
O que é inevitável é perder a guerra,
Ruidosamente e em força...




Joel matos (16/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

E eu me amarro...









Eu me amarro para saber se estou a amar
E que não voa o amor que dôo, amarro até à morte
Estas letras que doem de tanto aperto que dou
Às amarras que o ar meu permite, no presente

Eu me amarro de vento e se um não bastar
Dos quatro e das maiores tempestades que acho
E com as quais rompo os estendais alheios,
Lambo os convés dos cargueiros amarrados,

Escancarados no cais do "esperar tempo demais",
Eu me amarro para saber se estou a amar
Ou sou um ignorante astronauta de sensações,
Oco do amor que tanto amarro como aperto

Contra este peito lasso de paixões que não sabe
Se ama e senão, porque dói tanto que atado
Não chega e o ar não se prende nem mesmo atando
O Prazer de amar sem mando como eu amo a vida,

A dor do prazer e o presente, amanhã passado,
Amansado e rente ao chão, amarrado à morte
Corrente, avassaladora, eu não, eu não sou quem,
Eu me amarro aos elementos mais agrestes da Terra,

Às mais profundas raízes deste mundo.
Me amarro de intenções, algumas erradas, outras certas,
Certo é que o vento muda de A a B, de lugar,
Mas o instinto não, o instinto é certo como o que sinto,

E eu me amarro...




Joel Matos (16/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Ave cantora...









Uma ave cantora gigante
À noite vem ter comigo,
É mesmo real a canção
Desta em meu coração

Convalescente da sede
Espiritual "do menos".
Pronunciou meu nome,
Tornou loucos os rios,

Uma ave cantora gigante,
Que não pude ver a cara,
À noite veio ter comigo,
No feitio d'alma humana,

É mesmo real o passar,
Dela no meu sonho,
E dela passei a fazer
Parte inteira, na construção

Que faço ao acordar
No coração dormente,
A sensação de ser divino,
Mesmo que não seja

Tudo isso, esta alma
De ave cantora e gigante,
A canção que canto,
Canta o acordar...



Joel Matos 10/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Duvido...






É outra vez do duvidar que duvido,
Do futuro de sentir e pra lém
Da espuma do que se sente evidente
Mas com um manto de dúvidas,tê-las

Sem maneira de deixarem de ser...
È outra vez do duvidar que duvido,
Do que acontece e foi já avistado,
Creio que em primeira mão

Por sentido que não duvido existir
Em mim,eu que antevejo o futuro
Mas não vejo nem me sinto presente,
Nem a conspiração entre ambos

È deste mundo , duvido de tudo,
Do sonho que me visita de noite,
E não se oculta, preferia ao que
Pode significar o sonhar em estrelas

À luz do dia e da vela, o oculto
Que não duvido existir noutros cantos
Do pensar inconsciente e o significado
Destes sonhos negros...escuros,

Ecos de milhares de almas que quero
Não deixar de sentir, como se as tivesse
Lendo no meu ouvido esquerdo,
Esquecido e esquivo ...



Joel Matos (2015/09)
http://joel-matos.blogspot.com

Quanto do malho é aço...





Quando o malho é aço e cinza
Mais me dedico ao azul tinta,
Eu feiticeiro de maré farsa, se
Neste mar torácico incenso ateio,

Quando o mais é cinza e aço tinto
Mais disfarço na maldita escrita
A taça e o desejo da maré venha,
Quase um quarto do mar é manso

Dele sofro, quando o mais é aço 
E mais faço da escrita palha feno
E desejo a mar e cheia, a chama
E faço de conta ser sósia, visto

De fato impresso, cinza comum
Com a janela de baixo, cerrada
Quando o mais é aço e ferro em V
Mais evitável me sinto, acabado 

E concluído, falso evidente
E tosco como ranço pegado
Ao fundo de garrafa de azeite
Velha vazia, vasilhame, vaso

Quando para os demais é exacto
E fácil, para mim é intáctil e falácia
Trapo, troco do barbeiro-do-fio-de-corte...




Joel Matos (26/08/2015)
http://joel-matos.blogspot.com





Carpe Diem
Há pessoas da constituição do linho
Pessoas estandartes pessoas bonitas,lindas
Nas arestas outras de dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou das de ângulos iguais

Rectos, um funâmbulo da compreensão 
Criei-me entre o abismo e a sensação 
De queda, num espaço fixo, opressor...
Há pessoas da constituição do tecido

Que nos tocam suavemente como seda
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir que consinto
E conservo nem sei eu porquê ou como

J.S.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Pois tudo o que se move é sagrado.



Muito mais que estas raízes férreas,
Tudo que é sagrado, penso ver
No ar, que me move o pensamento
Na direcção do céu, mais que raízes,

Estas tão térreas, não que não seja
Dum lugar sagrado, mas o desejo,
É penetrar nos sentidos dos céus,
Que me tiram o fôlego de madrugada,

E ao sol deposto, pois tudo quanto
Se move é sagrado e quando
Está quieto é terra, e dizer que amo,
Não chega, a Terra não entende

Nem eu a entendo, (me desminto)
Muito mais que estas raízes,
Estático é meu corpo e certa
A insatisfação deste pensar de pedra

Feito mas sustenta no meu ar,
As raízes que pensava caírem dos céus,
Meu sustento aqui na Terra,
Num desalinho total de raízes aéreas,

E céus tão meus, mas tão distos,
Quando da terra o céu me arrepia
A pele, mesmo quando não há estrelas,
E nem o céu fala comigo a noitinha,

Dizendo que me ama e sou seu,
Quanto mais estas raízes térreas,
Tíbias e finas...efémeras,brancas...



Joel Matos (18/08/2015

http://joel-matos.blogspot.com

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...