O lembrar de facto não existe, nem no fim ...
O exacto tempo não existe pra mim,
É um bocado de terra e escasso,
Exijo na lápide não o ano certo
Em que morri, antes o outro, assim
Quando os astros perecerem
E o lume e o céu se desfizer e a lua,
Quando todas as horas forem mortas,
Espero que a areia dite meu nome,
Qualquer um serve, pois sinto em
Todos um fio e os membros dispersos
Súbditos do espaço e o tempo
Servirão a minha imodesta crença,
Um pedaço de terra é pouco pra mim,
Quero a conivência dos grãos d'areia,
O pó leve, inútil em todos os planetas
E no sub-mundo que há em mim, sinto
Ao ínfimo a consciência que lá vivo desde
Sempre, infinito o tempo, areia fria,
Cento e uma vidas coladas ao que não sei,
Pano de fundo ou o desejo de renascer
Seja no que for pó, flor canteiro ou dor,
O lembrar de facto não existe,
Nem um mundo no fim do mundo há...
Joel Matos (03/2017)
http://joel-matos.blogspot.com