sexta-feira, 25 de agosto de 2017

É a poesia parte ...









É, de inegável maneira arte, a poesia,
Só por isso existo e esta alma que pensa,
Inconsciente que está sonhando, suave
O sonho, claro qu'é "vida-sentido-único",
Só porqu'isso existe e são meus braços e

Cansaços, sonho sem sentir aquele sonhar
Perfeito que se pode afirmar ser maior arte
Ou apenas consumo de mercearia, detergente,
Mercadoria "a-metro", falo p'los cotovelos,
Ensinei-os a mentir com sentimento qb.

No entanto não canso de prometer a mim 
Mesmo um fio de cabelo com o pensar d'prata
Numa ponta, assim oval quanto o imenso
Universo, que é a esperança de ser tud'isso,
Só pra isso existo tod'eu, suposto Rei-Sol, 

Deposto quando a serenidade da manhã 
Acaba e se torna relento de fim-de-tarde,
Que sentido esta'arte de ser o tempo todo
Eu e não ser minha a fé, que a outros sabe
Tanto a sucesso e o meu falar implora

Essa inigualável maneira e forma d'arte.



Joel Matos (07/2017)
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Te vejo a duas vozes …







Te vejo com duas nozes castanhas
Entre mim e os cabelos e nem mudaria na face
O ciúme que sinto d’entre o nariz e os pelos,
Dizer o contrário não será ou seria sincero,
Te vejo como duas nozes e coro ao dizê-lo,
Mesmo que fique entre mim e o cabelo,
Te beijo eu, sincero te vejo como duas nozes
Entre cento e uma, a outra sou eu, belo 
Quanto a figura de Euclides, gloriosa
Que nem o Restelo à partida das caravelas
Em Janeiro, assim eu penetre no que
Penso ser meu íntimo profundo,
Te vejo como duas nozes, oxalá pudessem ser em
Veludo quente, tanto o que sinto e sonho
Sentir ou tento, te revejo a duas vozes,
Oro que seja verdadeiro esse místico sentido 
De ver e ao mesmo tempo ouvir, vinda 
De outras dimensões a magia espiritual
Que me guia como que por encanto,
Mesmo que fique entre mim e o cabelo pouco,
Te vejo com duas nozes castanhas.




Joel Matos (06/2017)
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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Às vezes








Às vezes, o que resta na mão nos foge,
Tal e qual como num livro a palavra fim,
Sinto um vidro fosco ente mim e essa luz
Que me foge sem razão, sinto que flui ao 
Escrever mas não é certo, é uma imposição

Não o destino, porque pra isso não fui criado,
Escrever e ter as mãos caídas é disparate 
De louco, ter tanta coisa à mão e não ter na 
Mão nada, nem amor próprio, tanto quanto
Glória, fama ou sorte, quem dera não ser

Quem sou, mãos caídas solicitando ilícito
Parecer a prazo ou o aval de quem passa
Sem sentir passar pla alma dele o meu ser,
O estranho é não me sentir culpado da inércia,
Mesmo quando foge desta mão tudo

E eu sofro por isso, mas apenas um instante,
Assim como não ter uma coisa qualquer
Quando se quer tanto ter sem saber qual querer,
A sombra ou o seu suporte, a branca parede.
Às vezes, o que resta na mão nos foge

E eu sonho que sou o fio de água que flui e une
As sucessivas sensações que minha'alma consente,
Pois que verdadeiramente nada me foge, 
Nada me dói, nada me prende, 
Pertenço ao caminho e se me ergo é por 

Imposição do mesmo ou por castigo
Aos deuses que renego.



Joel Matos (05/2017)
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Em que tons te tinges hoje, nua...





Em que tons tinges a tua blusa


Se te perguntarem os tons que tens nas vestes
Não respondas, por favor não o faças,despe-te, 
Se te perguntarem porque escreves nas paredes
Não respondas, fecha a boca, por favor que o faças,

A menos que te saiam da boca súbitas pombas,
Que denunciem pla cor das asas em tons
Mil de matizes e nessas crenças prolonguem o arco-íris
Ao baterem umas de encontro às outras todas,

São sinal do presságio e denunciam o que de belo
Tu pensas, pra ti será tarde demais, nem que
Fujas e te escondas hão-de encontrar-te, 
Mesmo nesse canto da dispensa que sabes

Só tu e não contaste a ninguém, nem mesmo
A mim, que sou a tua consciência e propósito
Se te questionarem a propósito dos dons que tens,
Que usas, não respondas, por favor não o faças,

As maldições só a nós mesmos dizem respeito,
A despropósito de saírem pombas pela fala,
São ultraje e ofensa pr'os que não percebem
A voz do Deus das cores com a áurea que é nossa, 

Só nossa e deles, deuses da diferença em tantas,
Todas as nuas cores tuas...


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Joel Matos (04/2017)


Tão tanto ...






Permitam-me o que vou dizer
E não é segredo, nem será
Depois de dito, nem será
O que parece ser e acabou

Sendo, pois nada desse secreto
Estranho hálito que tenho vou 
Omitir, penso quando contar
O segredo que tenho pra

Dizer, obsceno quanto o 
Que'screvo e não devo
Não por mim mas por ontem,
Não por outrem, o que vou

Dizer contém o anseio
Que pudessem ser o eu
Que eu não sei nem ter
A alma de quem a tem não eu,

O simples fazer chamar do céu
A terra e ao silencioso 
Chão caixão meu segredo, meu...
Permita-me estar a sós comigo

E com o meu cabelo,
Pra depois dizer a todos
Que nem alma tenho,
Mas em segredo guardo

As memorias que componho,
Eu tenho
O que parecem ser,
Só em si sonhos de estranho,

A quem se permite
De quando em quando,
Quem eu dantes era
Ou pensei que fosse 

Ser hoje tão, tão tanto ...






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Joel Matos (04/2017)

Fim de sessão ...





Torno sem palavras, dos turnos
Que as alvoradas fazendo vão, sulcos
Nos meus olhos vãos,embora
Não digam nada as mãos me falam

Sem entusiasmo do tempo longe
A vida que vivo de tarde substitui 
A que vã tive ind'agora manhã cedo
Daqui a pouco acabo as palavras

Então não sei mais ser,trono não tenho
Ceptro ou manto de monarca do Tempo
Sulcos nos meus olhos se vêm
Só eu vejo o coração, casa fria, triste

Sem palavras em torno, torno 
Sem palavras, fim de sessão ... 




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Joel Matos (04/2017)


M'inunda o mar na terra ...





Me inunda o mar na terra


Me inunda o mar na terra por já velha
Salvo onde subo pra ser visto, esta vista...
Uma vida qualquer parada semelhante
Ao sonhar dentro do útero da terra mãe
Um outro Universo, luas no pensamento

Me inunda o mar mas tendo coração
Tudo em mim é ser coberto de manso dia
Nesta Terra que é velha e arrefece dia
A dia salvo onde subo pra ser visto,
Desperto noutro universo ou neste

Onde há fim, o fim que há em mim
Desde que me reconheço órfão da serra
Mãe se é que há vida em mim também
Até nem sei se tenho rosto de gente
Mas até onde o mar alaga a pele, sei...

Sei que subo para ter visão única 
Do que está no cimo e tantas vezes imagino
Como sendo meu coração de baleia, a última
Que se banha no oceano que trago no que me
Lembra e fiz ser meu peito - flor de Liz-

Me inunda o mar na terra e o meu sonho 
É partir pra mar aberto com a cheia, ela
Simboliza tudo o que a paisagem tem de milhas 
Em redor embalando meus olhos e corpo 
Ao som das ondas a partir mansas, feridas da areia…



Joel Matos (03/2017)
http://Joel-matos.blogspot.com


Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...