quinta-feira, 28 de março de 2019

Inté'que poema se chame de Eu ...



Inté’que o poema me chame-seu,
Me chame plo meu nome cão,
Me chame por ele ou não, mas
Não me chame poeta antes de
Me chamar eu-ele … não me 
Chame de gente, porque real
Não sou, não vivo espaç’entre,
O espaço eu sou, não vivo no
Tempo como outra gente, o
Tempo é meu, mesmo não 
Sabendo quanto tempo tenho
Pla frente, pra continuar ser eu, 
Até que poema me chame eu, 
A não ser me chame eu nada,
Coisa alguma, “niente” vento
Sem destino, “nem-sei-quem”,
Ou “o-não-sei-das-quantas”, 
O meu nome é coisa nenhuma,
Cão-com-pulgas, sarnoso, sarnento
Vitupério sem valor de confiança,
Inté’que o poema me chame “de-seu” …

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