O contraditório
O prazer de falar verdade
Mentindo, o artefacto quebrado
Servindo, o prazer de dizer certo
Embora soe a falso, a desesperança,
O pão mal repartido, a partilha duvidosa,
O prazer inútil que é útil, a desavença
De facto, o mal parido, o ateu,
O fútil que não é banal, a herança,
O patrão falido, o alcatrão derretido
No verão, afirmar que é meu,
Não sendo, a custódia repartida,
O imperfeito que é perfeito,
Apenas porque nos dá grotesco
Prazer, um ou outro facto, a livrança,
A cor do céu, a glória, o breu,
O Contraditório, a promessa
O mais infinito vezes o menos
Infinito, o vazio dum quarto,
O sonhar dias inteiros e as noites
Sem dormir são contradições,
O noivo consciente de estar certo,
A oposição dos dedos, segundo
São Mateus, a oração do Hebreu
Interdita ao público é contradição
Assim como o lenço branco acenado,
A despedida sendo luto, a contradição
É não abdicar da conclusão sem ler
O prólogo, o absurdo numa peça grega,
Ionesco para gente banal e estúpida,
Assim é quem me lê, parado no pátio
Das minhas sensações sem entender
Verdadeiramente quem é, nem quem
Eu sou, se não eu...
Joel Matos 02/2019
http://joel-matos.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário