Virei sedento, do que vi por dentro
E do que trouxe do silêncio,
Das esquinas caiadas, de prata e nata.
Visto que morei na rua, nunca darei notícias,
Aos que quero tanto,
Virei com vontade atenta,
E lembranças na pele, do trajecto.
Virei com a lembrança da cal na boca,
Virei do encontro no espelho, com o nada,
Virarei ruas, cidades e ruas sem idade,
Vinhas de religiosas terras, iras e paixões.
Vi os lugares inclinarem-se-me e as estradas,
Vivi as terras, vi estrelas e profanei equívocos,
Nos serões normais, fiquei comigo, e nas paisagens do trigo.
Visto que sonho demais, nunca darei notícias,
Meus passos serão como os deles, lajedos puídos
Mas o meu coração estará descalço, longe,
Ainda que perto, das coisas simples, formais,
Fugindo de um corpo encantado.
A chave do dia será o pensamento,
A volúpia do singelo e o variável,
O sobressalto da escada, sem corrimão,
-Vi uma dessas em parte alguma, na lua
E na soma dos instantes, do passo lento
E o longe simulará o perto ou a aparência, o incerto.
-Nunca mais voltarei a rasgar desesperos
E a fingir que atravessei continentes…
Joel Matos (12/2013)
6 comentários:
A poesia lembrou o caminhar do meu povo... os ciganos... vendo tantas coisas...estando em tantos lugares e em lugar algum...
das almas coloridas que tenho a preferida é de cor de paisagem....
Ser nómada e ter nos pés todos os caminhos...
Um abraço
[beli´ssima imagem.....
feliz aquele q possui olhos de ver]
abç
obrigado
obrigado
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