Onde jamais alguém me pede que escreva um poema,
De modo que apenas o auto-arbítrio me condiciona a vontade,
Acontece por vezes evocá-la dentro de mim e ela me chama,
Como um rito que retoma uma velha e ignota irmandade.
Entranho depois a forma como cada frase soa e aí a deformo e mudo,
Brinco com as palavras, depois imito outros sons um pouco ao acaso,
Como por engano e por isso deixo sempre um diáfano véu suspendido
Sobre este mundo que tanto tem de meu como tresanda a falso.
E se ainda me convenço que é meu tanto que digo e escrevo
É porque não mereço a alta luz nem os louros duma só noite de
estrelas,
Melhor seria espreitá-las por entre esgalhos e continuar com’outro
qualquer cervo
Que ser avaro crente de que só poderei ser gente s’alcançar alguma
daquelas,
Bastando p'ra isso q’alguém não me considere simples borrão anódio.
Bem sei que deixa inconfundível rasto tod’a gente que tem dessa vocação
(ou talento)
Mas não deixam de ser antónimos os termos infinito Tédio e ansiado
Pódio
E se ninguém me pedir que escreva outro falso verso eu não protesto…
Tenho pouca (talvez má) fama nesta pretensa vocação que professo
E é isso que eu tanto lastimo como detesto...
E é isso que eu tanto lastimo como detesto...
Joel Matos (10/2012)
http://namastibetpoems.blogspot.com
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