Dou por mim mendigo de porta em porta; como sem
querer,
Abro caminho numa estreita paisagem escrita,
Não que seja uma perfeita, secreta, ou passagem metafísica,
Como as passagens têm eternamente de o ser,
Mas a paisagem do meu ser é restrita e reescrita,
A meu bel-prazer.
Só pode ser consumada se acedida por dentro,
Sempre por uma embocadura estreita.
Assim que passo por ela, sinto o coração doer,
doer…
E não sei d’onde essa dor resulta,
Sei que vem do fundo da passagem do meu querer,
Num silêncio frio de natureza morta.
E onde no vento alado se transporta
Todo o desejo de encontrar em mim a paz ?
Vou por aí como uma vela que se apaga,
Ficando apenas a paisagem vaga por traz.
Abro ainda e de novo a janela
E de fora, apenas a noite, me fala
De um invisível veto,
Que cala tudo aquilo por que existo…
Joel Matos (09/2011)
Sem comentários:
Enviar um comentário