Não é um defeito, um rito ou um mau-olhado de bruxo
Que exceda a cota de quem sou, tento gozar dum rio d'sorriso
E da simpatia dos outros, esse imesurável fluxo.
E torno sempre, mais tarde ou mais cedo,
Escorreito e escavo consoante o vaso em que me aprovem
E à substancia mais dócil, da qual ele foi talhado.
S’ inda ontem fui greda, hoje sou margem de ninguém.
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Transforma-me no leito de quem, leve passa e na lembrança
De que não é minha esta versão que abraço da arriba vazia,
Aborrecido de simpatia falsa faça ela o ruído que faça.
Quer Seja uma flor ou uma ideia abstracta
O que sinto no pensamento, serve de monumento
Ao que não perdura ou não existe, ao poeta isso basta
P’ra fazer sentido, apenas esse segmento de tempo,
Em que a água baça do rio por ele passa.
Joel Matos (04/2011)
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