quinta-feira, 31 de março de 2011

As palavras que me fitam


Nas palavras que me fitam,
Sem pudor,
Infinitamente complicadas,
Abundam meadas,

Da minha ignorância,
Deslembradas trincheiras,
Em conflito
E em guerras alheadas

Das minhas dispersas fronteiras
E nos estilhaços
Das vidas que nem vivi.
A sombra,

Ameaça-me o pensar
E a lembrança,
Das coisas belas,
Que não pensei;

Deixei-me guiar por completo,
Como folha em branco
E ao natural vento,
Nele me espreguiço

E me rendo esquecido.
Nas palavras que me fitavam,
Só sobejo no que sinto,
Morreu o que desconheço

Se tudo o que sei
É o que procuro ser,
Como se tivesse lavado delas o sentido
Num rio de pedras quinadas.

Mais límpido e nítido,
Definido como gelo frio,
Incorporado como fluido nas veias.
Confesso-me confuso

Porque quando estas me fitavam
E encandeavam
E controlavam as minhas ideias,
Só elas me faziam chorar.

(As palavras que me fitam)

Joel Matos 03/2011

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