quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Da significação aos sonhos ...



Estou bastante próximo de mim para crer
No barulho dos outros, ocupo um espaço
Diminuidor de avaliação; oculta a outra
Tarde que procuro, rés-do-chão, estrado de pedra,

Esforço a minha crença na evocação da vida,
Exprimo-me em dourado violeta ou negro e preto
E pelas decotadas sensações expressivas,
Decorativa a minha presença e o chão

Matemática viva, equivalente o peso nulo
Nosso, (meu) sobre a Terra grossa e incesta,
Porque este Mundo parou e
O movimento dos astros é tão metafisico

Como um mistério para mim, corporal,
Limito-me a passear entre a sensibilidade
E a negligencia de estático comum,
Que é estar parado entre dois mundos paralelos,

Tão físicos quanto difíceis de atingir, a pose
E o dolo são a errada concepção de um falso Lama,
Exprimem-se em estados violentos agressivos,
E pelas má impressão à flor de uma pele em chamas,

Evasiva a nossa presença e o chão
Matemática excessiva, equivalente ao peso nulo.
Aconteceu-me este poema que me fez acreditar,
Não vi os sentidos acrescidos, pois debaixo

Dum céu que não era eu, eu era apenas céu,
Em múltiplas chamadas me reclamou seu,
Eu, que sou tímido de sensações gregárias,
Embora arda entre a boca e os tímpanos,

Numa fraca final fé,
Quando me chama o inferno, assim
Falo discretamente de Deus, pois o mundo corre,
E a obscuridade adapta-se aos profanos Bretões,

De modo a parecer-lhes pleno dia. À luz
Do tímpano de um negro Orfeu,
Entendo a significação dos sonhos,
Apesar de seus...







Joel Matos 11/2019
Http://joel-matos.blogspot.com

Deus Ex-Machina, “Anima Vili” ...




Deus Ex-Machina
O que passou está pensado segundo um acto de procrastinação, nem sei quantas vezes eu penso que nada sei, não tenho passado, nem vêm a mim, senão expressões vazias de alucinado, as quais reparto ambiguamente comigo mesmo por enquanto e eu próprio me encanto se me ligam e à minha alma com as flores secas e sem a fé dum cavado duro chão, indiferentes também elas, tal a estranheza da minha escrita em pobres letras, quantas vezes ausentes de nobreza, quantas vezes incoerentes.
Estou cansado de ter desejos, a minha cura será uma viciada infanta, abatida entre duas luas cheias, acima da linha de cintura, culpo-me do desejo que é tê-lo ou talvez não, tal como a uma rainha dói, dividida entre o céu e a sorte que a partiu em dois na memória, eu nunca soube quem ela foi, nem me decido em que sombra ela agora está…
Quantas vezes eu peço tornar-me de repente sóbrio, quanto a luz do dia ao sol da meia tarde e a vida real, uma janela aberta, com passagem para o presente e não papel manchado, num canteiro devoto, esquinas sem arte, contempladas à distancia, numa revolta sem batalha, impotente tanto quanto flores sem bainha, nem chão nem rainha, mesmo de “faz-de-conta”, que invoquem o sol pondo-se numa taça, ao divino que não se manifesta sob um azul de céu manso…
Eu hei-de um dia descobrir o que digo quando escrevo, meus olhos nasceram em greve, meu entendimento é breve e leve, quanto um cometa inédito, segue e some, some e segue, assoma-me a loucura quando escrevo, assola-me o que digo e quando o faço, assemelho-me a um louco, sendo ele, eu próprio noutro…noutros longos mundos.
Cresce mais alto em mim o que digo do que o que penso, o coração faz peso pra um lado, embora procure o equilíbrio do perfeito, desabo na sátira de mim próprio, será a poética o caminho certo, estando eu do lado errado ou estando certo, do lado oposto a cada estado de alma que, estéril, eu protagonizo, – digo apontando para o outro lado do espaço pra esses longos mundos – e penso, qual a função do mecanismo de Deus, que é o sentirmos-nos dele viúvos e se a fúria do sonho provém da alma.
“Anima Vili”
«O adjectivo é a tinta que esmalta a frase, é o colorido que lhe imprime tonalidade. Tanto que a excessiva adjectivação torna o estilo berrante, pejado, à guisa de tela em que a derrama e copiosidade de tintas acaba por empastar o motivo. (…)»
* Carlos Góes -Filósofo
Exagero nas berrantes adjectivações, igual a um colorido Confúcio, quase me crescem paulatinamente da boca o verde e na mente amarelo-laranja, na tentativa pura, derradeira, louca e boçal, de colar algo magnífico e orgânico como plasticina com pasta de dentes e nas palavras que não pegam, nem se agregam, quer seja por conceito mágico ou preconceito antropológico biológico, físico, moral ou estético, claudicando mesmo nas mesquinhas e ancestrais crenças religiosas e da sinceridade sincera, nas manifestações de insustentabilidade da realidade monogâmica, apesar destas serem colaterais, por motivo de intratabilidade significativa e genética da arte, gera-se uma discórdia entre dois polos, o princípio do coeficiente imponderável no peso dos pensamentos, versus o valor argumentativo do significante real e físico e a percepção parceira dele, assim é a nossa escrita poética, se nos maravilha e cria um túnel de luz, numa evidente trajectória iluminativa lúcida, súbita e estonteante, logo vêm contrastantes, berrantes, os cínicos passear lentamente investidos de critérios pouco relojoeiros e sofistas, os quais vêm, têm na nossa perfeita imperfeição a razão fractal da suas sublimes e cientes existências curvadas, ao sentirem numa dor de dentes um valor rítmico, sintomático e inestimável patético ou artístico fora do plano equatorial terrestre e antropozoico.
Quando é o oposto e o contrário,como agora, que me abandonou a inspiração criativa e um poço/túnel vertical é escavado na parede perpendicular e no escuro do material mineral mais rochoso e negro, cor do azedume ou num paiol, onde murcham os afectos como organismos mortos, sem visão, condenados à extinção, como espectros sem missão e manifestações lamentáveis da nossa incurável, animalesca “anima vili” no Ateneu eucarístico e xeno-comercial dos delegados estéticos estóicos, da infeliz praça lúdica, conspurcam-nos efectivamente como meros organismos simbólicos, simbióticos e sem grau, numa escala progressiva decrescente, desevolucionista e catatónica por eles incestuosamente contaminada e esterilizada da semântica poética, vital e ancestral …
Pairam dualidades sobre nós, quer sejam num futurismo de Atenas, na eterna folha de laudia prata ou então no receio do martelo dórico de ferro gordo e a dor do nó Gregório, no falso palanque ou no estrado de madeira podre, baço como uma cidade de fuga, bastante difusa, perseguidora e persistente, castrante e aberrante, segundo a figura indelével no mapa de Plometeu-o Grande, de Alexandria .
A arte não tem sexo definido nem sufixo, nem podem ser um estorvo, as palavras terminadas em “eu existo” e insisto pois de nada serve senão no sonhar de um apático, sendo o ser humano, de uns metros quadrados curtos e apenas ou uma caixa redonda, vazia, sem enredo dentro, nem fósforos secos que acendam um húmido rastilho, ou outras “cenas” crípticas …
Berrante



Feliz como poucos …



Nada há em mim maior que eu mesmo,
Vivem em nós temores de nós mesmos,
Todos falam e eu me calo, temendo repetir
-Me nos gestos gastos, excepto no bocejo
E na gaguez do uivo que emito, dos amargos
Lobos, estes representam a minha vitalidade
Perante a exuberância da morte, basta
Que me bata na porta menos grossa
E em Teixo para não me repetir no oco
Eco, na Faia, no falo, no veto, na Ágora
E em mim mesmo, quando falo assim,
Tamanho pequeno…
Sou feliz como poucos no mundo,
O riso da minoria satisfaz-me quanto basta,
Já que a lucidez não serve todos …
Somos poucos,
Mas não menos felizes que muitos outros,
(Se me faço entender)
Durmo em meios olhos,
Sonh’os inteiros, projecto-os em telas,
Para apreciação dos leigos,
Desde todos os ângulos,
Por todas as esquinas, todos os becos,
Recolho-os sem dor, em canteiros de flores,
Semeio nas veias e no olhar vazio
Dos múltiplos sonhos meus,
Sonhados-a-meias,
Pastel na cor…cinema em ante-estreias.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Pra'lém do sonhar comum ...



Pra'lém do sonhar comum,
O essencial é não sentir comum demais ...




Pra lá do eu, meu coração é o sonhar meu,
Tudo de resto é o fora de mim e o já agora,
A solução é não sentir o comum demais e o
Que real mais parece a mim, sem precisar de

Sonhos menos dúcteis, tão gerais quanto os
Monstros mortos ou a dócil paixão, segundo os
Logros vivos, como eles naturalmente sentem
À hora do chá e às cinco, n'ametade de tarde

Certa, parada quanto um jogo de premissas
Falsas, aleatoriamente bem verdadeiras, assim
É a nata do leite puro, para não sentir comum
Demais, a respiração aposta nas palavras tácteis,

Segundo uma dicotomia de escravo e seu dono,
Não se tocam e quando acontece o sonho morre,
Produzindo um som profundo embora leve,
Difícil de explicar escrevendo, se nem por gestos...

A unidade mínima na escrita, é o desassossego
E a solidão de quem escreve, uma anátema,
Porque escrever é o complexo e não a virtude,
É o erro e não o Graal que chamam de linguagem,

O ritual mórbido, que não há maneira de definir,
Senão pelo exagero, pois não existem palavras
Justas que definam o caos, a exegese do desapreço,
O menos cómodo dos suicídios e o cativeiro,

É o agir contra nós próprios que nos torna
Inteiros, embora estrangeiros em nossos fragmentos,
Como se fossemos um armazém de cabides
Desorganizados, onde penduramos fatos de outros,

Sensações anónimas e abomináveis, intervalos orgânicos
De conversas que não desejamos nos curtos metros
Quadrados desta nossa alma enviesada, cansada
De colóquios e considerações de precisão volumétrica ...

(O essencial é não sentir comum demais)





Joel Matos 10/2019
Http://joel-matos.blogspot.com


Sonhar é cabelo,





Sonhar é cabelo, nos ombros a razão fala
E murmura o que persigo, se é verdade de leigo
Ou ilusão de passageiro, Encaro o que escrevo,
Sonhar em cabelo, idioma raro, não sei lê-lo,

Não sei sê-lo, erro ao explicar o credo sendo
Eu imperador dos descrentes e dos rochedos
Negros, atavio de profeta cuja incapacidade
Apesar de empolgada, mil vezes lida à peça,

Não contém profecias nem interpretações
Cabales ...Tenho ego de "formiga-d'asa"
Partilho estrelas num céu que, cego eu nem vejo,
Sob o tecto da minha minga casa,

Distinto, apenas o cachimbo
De boca, "à Torga", posso argumentar como fosse
Poeta mas confundo o luzir das velas,
No brilhar de mil e uma telhas ...

A química do universo começou com HeH+,
Numa espécie de "panspermia química",
As paisagens, tão admiráveis como quadros
Entraram-me pelos olhos adentro, querendo

Que algum Deus os criou com velas de perto,
Pano preto, braços estranhos, tanto quanto
Eu, tão cheio a "esperantos" mudos, cansaços
Quanto o Mundo pode causar-me nos olhos,

Tantas musas causas, tantos pregões longos,
Lembram cavalos cinzentos, cavalgadas sísmicas,
Funestas. O vento é um fluído volátil,
Ainda assim, fugidio o sinto como o tempo,

Acariciando-me o cabelo raso e ao ouvido táctil
Dizendo:
-Vem comigo, vem comigo, vem comigo...
Antes que se faça tarde, sonhar é cabelo …










Joel Matos 10/2019
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Doce manifesto da vida



Doce manifesto da vida ...





Complexa expressão de tributo, presta
A arte à dor como impressão de prazer divino.
Se eu soubesse que a tal me completaria,
Deixava completamente de a ter, amarga,

Substituía-a por outra abominável sensação,
Que evocasse o vazio nulo que contemplo,
Sendo seu falso monarca ou subordinado atento,
Como só grandes homens o são, condenados

A um paliativo degredo, ainda que imposto
A quem homenageia, numa manifestação
De triunfo, a amargura complexa, mimética
Igual quanto a dor é e desperta em mim,

Nivela-me a quantos têm na vida grandes
Sonhos, sem que os ponham de lado, levando
Consigo demasiados bocados da alma e pés,
Sem terem quem os reanime, batidos, derrotados.

Nada mais me dói senão a lucidez do dia,
De facto atrai-me o que repele aos outros,
Não me submeto ao conforto da opinião alheia
Como uma panaceia, cultivo a liberdade

De espírito assim como o desprezo do real,
Pois só o temos do lado que vemos, não do
Aposto do olho, deselegante e rude, porém
Divino tanto quanto pode ser a dor, um doce

Manifesto de vida...






Joel Matos 09/2019
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Tudo em mim





Tudo em mim, minha pele, paredes, tecto,
Embrulho de jornal, papel e texto, tudo enfim
Era, é falso, porquanto normal, alheio, tudo
Em mim disfarço, pele, parede, embrulho,

Jornal não leio, detesto-me, vegeto, teimo
Me achar, descolo-me d'tudo o que a mim
Pouco sabe, na fala começo a parecer não
Eu mesmo, mas um outro que não lembro,

Pois nem leio, tudo em mim é a fingir, até
O fingimento sem remédio me flui pelos
Poros dos dedos, sou uma fraude, desfaço-me
Como um peixe de viveiro, grelho mal,

Sou asfalto de tarde quente, queria tanto
Ser "Mastim", sendo mal-cuidado, "Tuga
Podengo" de França, podendo ser Chinês,
Argonauta poliglota de Minas Gerais,

Que me importa se nem o estóico Zenão
Me representa como humano destinado
A apenas e inexoravelmente sê-lo, tal-qual
Quanto a fealdade do logro e da carraça preta...






Joel Matos 09/2019
Http://joel-matos.blogspot.com


Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...