quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
Há, de versos tantos ...
Há, de versos tantos,
Quanto estrelas no mar há,
Caminho por entre mar
E céu e esqueço quão
Presos ao chão sou eu
E os versos ainda mais
Fundo que em mim
Me pesam como pedras
Com pedras dentro,
Sendo de barro o barco
Os versos templos,
Tantos quanto no céu
Acreditava ser de luz
Os pontos, em ponto de
Cruz desenhados
Por alfaiates distantes,
Há versos tantos,
Quanto realidades várias,
Deixá-los ser verdade
Ou ponte, nome completo
Depende da vista
E do que é feita,
Porque uma coisa é o olhar,
Outra o alçapão do tecto,
A telha, se é de barro
Seco ou vã, aberta ao tempo
E à visita de qualquer
Um Deus,
Ou da albarda de um burro
Manco e sem alcunha
De égua ou pai-de-santo,
Há, de versos tantos,
Quanto nos astros, pintarmos
Horizontes e universos
Invulgares, orgásmicos,
Moleculares...
Joel Matos (01/2017)
http://joel-matos.blogspot.com
Aos poucos
Muito pouco ou quase nada desta Terra turva eu sou,
Simplificando, tenho um-não-sei-quê que conjuga
O quê sonhado com o que hei-de sonhar e porquê
Sonhar, se sonho o que é deste mundo e não do reino,
Que rei sou, mesmo que imaginado ou sem futuro,
Muito poucos ou quase ninguém desta Terra me ouve ou vê,
Nada mais sou que um bocejo curto, em mim a vida
Roda breve quanto um pião sem fita nem consciência
Que o enrola e rola mas acaba por cair mais dia menos dia,
O sentido dou eu ao rodopiar que me afasta na viagem
Que é o sonho meu e a alma matéria sensível ao tacto,
Pelo menos assim penso ou sinto falsamente,
Transeunte "do-pensar-aos-poucos"...
Joel Matos (01/2017)
http://joel-matos.blogspot.com
Agonia tem nome de ópio
Agonia tem nome de ópio
Ódio tem nome próprio, agonia é nome de ópio ...
Festim pra uns poucos pra outros nem ração
Nem terras, 20/200 convivas ratos e podre, peste
Vermes, festim pra uns pra outros porrada
E lama, matérias tão vulgares como o medo
E o escuro imenso, eu sou das moscas e das bestas
Sei da agonia, da miséria e da ignorância orgânica
De quem nem chega a ter de Humana a cresta
Por falta de nome próprio na língua falada dele
Que conte os sonhos dessa nação tosca, mista
Cabelo e dentes,sem áureos disfarces nem consolo
Apenas varejas e chagas de cães famintos
No pelo, hordas de bocas abertas,varizes de fome,
Olhos no chão onde se deixam pisar como beata
Mal apagada, larva de batata podre, peste
Ou pulga de cão sarnoso e besta de carga, frete.
Ódio tem nome próprio, agonia é nome de ópio,
Festim pra uns, pra outros negação e açoite,
Submissão e vício duro, morte.
Agonia é o nome do próprio povo ...
Joel Matos (01/2017)
http://joel-matos.blogspot.com
Gritando
Em quanto vento se há-de
Dispersar esta alma quieta
Ao ponto de perder dela
A lembrança toda e a dor
Que neta é minha e me contém
Nela e até na morte, a mais madura,
Aquela que da árvore tomba
Com a simples brisa, meu peso.
E, quando o vento há-de
Continuar a voz aos anjos
Eu continuo mudo e longe
De ouvir o oco de mim mesmo,
Mesmo pondo a tímida boca
Ao ouvido, nada ouço dentro
Que leve o vento algum dia
E ao que meço como se tivesse
Comprimento medida e peso,
Meu coração obeso, gritante
Gigante e incontido ...
Joel matos (01/2017)
http://joel-matos.blogspot.com
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
Meu mar sou ...
Eu meu mar sou,
Jogo palavras d'cá
D'dentro nele e dou do mar
Só a solidão q'vem
De dentro dele, na
Rede de armar,
A Ver-o-mar vou d'anzol
Se no mar houver d'isto,
Sou eu esse quem d'mar
S'veste, se jogo isco e
Palavras d'mim dentro dele,
Me devolve do mar sede
E a paixão d'ser ele, mar só
Mar sou, peixe certo ou
Do mais cru e profundo
Que a solidão serve
Neste frio mundo,
Eu meu mar vou
Do sabor a sal, ao meu
Mal de ter gaviotas
Na língua de falar,
Areia no que penso
Ser o peito mudo,
O que do mar é mar
É meu e sou e só mar eu,
Sinto meu o mar e o voo,o sal
É raso, mar tud'isto, tudo
Todo sal mar e eu mar sal,
Eu mar só, mar sou dono,
Dono o mar da dor só, o dom ao mar
Doei eu, ou ele o meu
Me deu...só meu.
Joel Matos (12/2016)
http://joel-matos.blogspot.com
Encanta vento
Venta, mas me encanta o vento,
Serei dado por morto, na porta
Aquela que o vento peça pra
Abrir o ferrolho e ela se não escancare
Pra dar passagem,venta no meu
Rosto um morno vento, será da
Monção ou dos meus rostos barbados
Todos, aquele que se sente queimar
Cada vez que o vento passa,
Me encanta vento catabático
Ou me mata logo, logo como fogo
De gelo, de forma que não escape
Cento e quantas vezes, no sentido
Contrário do vento grosso que passa e
Passa e passa, me encanta vento
Depois parte pra eu poder sentir real
Na alma o vento todo do mundo
E a vontade que me mude de onde
Estou pra onde faça sentido estar
Sozinho, como o respirar fundo,
Venta, mas me encanta o facto
Saber que vivo, o vento quando por mim
Passa, saber ninguém sabe ao certo,
Excepto o vento, me encanta o vento
Que passa suave ou forte, atento atento ...
Joel Matos (12/2016)
http://joel-matos.blogspot.com
Dum caule, as asas ...
Para quem faz do ego religião
E os sentidos vira pra dentro
Da pele verde, espelho do que nunca
Poderá ser pra quem faz
Do ego religião, o tacto não
Dá prazer e o eco e a contemplação
Dos sonhos dos Homens todos,
O gozo de pôr as mão no fogo
E o doer que dá o amor grasso
Pra quem faz do ego religião
Não há, nem penses, disso
Por grosso ou ao Quilo, o caldo
Com feijão manteiga que
Dantes era vendido na mercearia
Como se fosse mágico, à compra
Prostituta e má como o Ego "de ver"
De Shopping-Center, casas espelhos
Não sentidas com que se contentam
Multidões sem tacto nem a ambição
De quem pôs as mãos-no-fogo por gozo
E por haver quem faça dum caule as asas
e o coração ...
Joel Matos (10/2016)
http://joel-matos.blogspot.com
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Sempre que desta falo ...
Sempre que desta falo ...
Metade é dom do luar, a ilusão,
A outra, humana completa,
A fala, ela com que conto
Como e do que é feito o pensar
Tal é o caso daqui e agora
Os sentidos mais são sobra,
Atraiçoam a imaginação,
Como ind'agora ao sonhar
Sonhos múltiplos disto pintados,
De fresco e framboesa citrinos
Todos em tons de toranja,
Omiti infelizmente do luar o tom
Metade e o espírito deste conversa
Não expressa, o que deveras
Sinto na humana metade minha
Que resta, que fala sempre que
Falo desta, no que ouço eu pressinto
A longínqua passagem, vivo
Do solo que me criou, faço
Consciência do porquê de vir
Parar a este mundo cego
E pra que fim sou eu, justo
O bosque e o arvoredo que
Fala mais alto que aí vós
Outros de metro e meio.
Onde estou eu não sou
Tão perto de tudo e de nada
Do irreal e da Alvorada sobretudo
O meu ser fecundo plas
Florestas onde sussurros crescem
Como musgos em geada
Presas ...
Joel Matos (24/09/2016)
http://joel-matos.blogspot.com
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Pra lá do crepúsculo
Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...