(eu bem quis ser assim)
eu quis ter um desses dias "assim assim"
montei o monte claro que foi Olimpo
e foi quando voltei de querubim
e virei costas aos sinais do tempo
eu quis ser um desses dias totais de vento
com estandarte xadrez,armadura e tudo
mas tudo o que consegui foi ficar mais tonto
e correr com o furor desfraldado
Se o meu sonho de ser tão alto
Fracassou foi porque faltei ao encanto
Cansei do contador de contos não fui coerente
Nem agarrei pela frente o elefante da sorte
Se trafiquei causas vesgas foi por assim haver
contrafeito todas as "merdas" e fazer de travesseiros
as fraldas do monte Vesúvio, fiquei a feder
por dentro e por fora tresandava de maus cheiros
(fui eu num dia assim/assim)
Jorge Santos
domingo, 14 de março de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Morcegario
Como descrer das fabulosas noites
A destapar céus, vestidos negros
Cravados a buracos de alfinetes
Sem neles mesmo admitir prodígios!?
Como descrever, aos olhos de cegos,
Simples silvos, inventados nas foices
De mil acompanhantes de Demónios,
Sedentos, em tectos e estalactites.
E… agoiro d’ meus últimos sonhos,
Ouço gritos em morcegarios imensos
Ajoujados em velhas tradições
Nem resisto, saem-me dos pulmões
Feridos catadupas de maldições,
De vultos Negros e bandos de Morcegos.
Joel Matos
(2010/02))
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Asas
Asas d’vento
As minhas asas são das penas mortas
Nos cachuchos e acenam nos varais
Que me lembram derradeiras roupas
Secas aos ventos, esperando temporais
Mas as minhas asas não entram no vento,
E sonho é meu, o de virar vendaval e entrar,
De rompante, pelas plumas destas adentro,
Ir e não parar, mas fico na sala-de-estar,
E sonho é meu, o de virar vendaval e entrar,
De rompante, pelas plumas destas adentro,
Ir e não parar, mas fico na sala-de-estar,
Assim, num golpe de desalento, calado,
Para aí, todo-o-dia morar,todo, tudo quieto.
Para aí, todo-o-dia morar,todo, tudo quieto.
Jorge Manuel M. Santos
(06/2009)
Http://namastibetpoems.blogspot.comsexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Da paixão
Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Dizei-me, se o tenho eu, no coração,
Se tão distante, é da razão, esta dor
Sentida fundo, se inspirada desse não.
Senhoras, vós todas, que da dita entendeis,
S’a vires, dizei s’dela tem a tal gémea,
Que tanto s'fala e sonho, em noites tais,
Ou é mito, apenas d’meu Lado fêmea.
Será errado, em todas vós, achar beleza,
Não send’a tela dono, nem mestre pintor,
Todas invento, sob leve penugem, a fresa,
No toque, na cor e em meus olhos, sem pudor.
Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Perdoai , por assim declarar-me , d’paixão,
E , Se culpa for d’alguém, seja d’Ele, Criador
Do belo d'olhar e coração d'est'artesão.
Do belo d'olhar e coração d'est'artesão.
JOEL MATOS
(2010/01)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
L'avenir de l'Homme
L’avenir de l’Homme
“Parle-moi de la pluie qui’ci tombe”,
Enquanto caminhamos, ignorando,
À beira do fim, como quem o sabe,
E apenas finge, ter esquecido:
-A poeira galga, que and’á solta,
No deserto d’sede, depois irrompe,
Na auréola duma lua lamacenta
-Nestes sinais da extinção a galope
E não longe d’uma sinistra ameaça.
-O homem parido aqui já sem crença
No cosmos seja lá ond’ele acabe.
Dis-moi de l’arme de Ceres qui’ci tombe
Lúcida e calma, todas…mansas e breves
Filhas das guerras e caindo a nossos pés.
Jorge Santos
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Adverso
Adverso
Ou controverso
O verso que fiz (meu)
Barro queimado,
Nem o vendi caro,
Na tenda, mercado,
Verso mineral,
Baralho marcado
Nã ‘ baralho mais
Se não o sentir,
No forno, a arder,
Estalar no sangue,
(dos meus dedos, dez).
O verso que fiz (meu)
Foi alugado,
Ao mês e barato
Algures furtado
Por um gaiato,
Na loja do lado
E; passo em falso,
Cai na sarjeta,
Ficou molhado,
Não quero mais,
Versos escorridos
(pr’ós lamber na sede)
O verso que fiz (meu)
Dito por maldito,
Bem m’orgulho se,
Rasgado e roto,
Repudiado, mas,
Na estante, vivo…
Melhor, Se estorvar
Por nã’estar morto,
Apesar de plebeu,
É porque é meu,
E é controverso
(deix’ó falar).
Jorge Santos
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Pátria Minha
“A minha pátria é a língua portuguesa”
Nomeio as palavras que no friso panteão fogem
Em que descubro as promessas por dizer, às avessas
do “se não digo nada de jeito” é no peito que desatino
De um amor que não prescreveu. “Eu ouvi ou ouvi eu”
E eu senti que em meu texto, no meu tempo
Nomeio as palavras que no friso panteão fogem
Em que descubro as promessas por dizer, às avessas
do “se não digo nada de jeito” é no peito que desatino
De um amor que não prescreveu. “Eu ouvi ou ouvi eu”
E eu senti que em meu texto, no meu tempo
Existe o teu jeito e em minha voz o teu sotaque
Às vezes soa também a um hino alegre,
Soa a um riso solto, soa a um grito louco,
E troco a minha vida por um dia de escrita,
troco minha vida por um mergulho de voz Lusa
E Nós, quase uma canção d’mar e por findar,
Do fado,” eles me doaram a voz que me dói”
Eu adorei ouvir tua voz e não tive sossego,
Mas tive vontade e, como diz Pessoa , por outra,
“E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz”
Mas tive vontade e, como diz Pessoa , por outra,
“E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz”
Porque “A minha pátria é a língua Portuguesa”
Jorge e outros sotaques
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Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...