segunda-feira, 1 de abril de 2013

(Na cidade fantasma que é o meu pensamento)




O meu pensamento é uma cidade fantasma,
Ruas suspensas, submissas ao tempo, ruínas de templos
E os gemidos dentro das casas, (acaso possuíssem alma)
Seriam ténues, não me prendessem tatuagens nos braços

Nas frases austeras que um esquecido astrólogo segreda
Ao meu pensamento. É uma cicatriz que dói, aberta
Quando se remove com a unha, pra não ficar dedada.
O manto da invisibilidade é a sua cómoda coberta,

A manta de lenços e papel que absorve qual mata-borrão
(Fico sem saber se é natureza murcha ou decalque da morte)
E depois me atira ao acaso, nessa cidade de casas sem chão,
Fixas no ar, vazias de tudo, como absurdas obras de arte.

O inesperado e talentoso verso pode nem surgir nele,
Como por encanto, mas por enquanto, vai alternando
Entre ouvir-me e surpreender-se a si próprio, do seu pensar
Estranho. Às vezes tenho pena de quem não imagina, tendo

Eu, nas mudanças de rumo deste pensar, a visão máxima
De assombro, quando dou por mim no fim, a voar sobre campos
Que não sabia existir no inicio e a cidade se alastra e o tema
É o poema e ele se transforma, na casa dos meus sonhos,

(Na cidade fantasma que é  o meu pensamento)


Joel matos (04/2013)

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