Conheci um ancião que
desconhecia as horas,
Supunha
eu que queria esquecer-se delas,
Fatigava-o
o tempo e a orbita dos ponteiros,
Media
a data pela luz que caía por atrás dos óculos,
Não
precisava dar corda para auxiliar o passar do tempo
E
a jornada, não precisava de nada pra se lembrar,
Das
rugas ou se a primavera desse ano, chegaria mais cedo.
Encontrei-o
num beco qualquer- pareceu-me vê-lo chorar-
Como
qualquer outro faria, perguntei, sem razão:
(Não
que quisesse saber, mas por mera simpatia-como ia!?-
Afinal
conhecia-o, como mal se conhece qualquer ancião,
Baixa-se
os olhos e finge-se pressa, mas com cortesia.)
-Perdi
o tempo que a vida me deu no começo,
Mas
acordo sempre com a alma submissa ao dia,
Confiando
no mistério que é a vida e no ritmo do universo,
Fi-lo
conscientemente, com convicção divina e sabedoria,
Aprendi
a embalar o vento, nas batidas do coração…
A floração à luz da lua, na
suavidade da noite, a textura dos céus,
Na
frescura das manhãs - nem sabes tu, como é a canção
Da
rola ou o coaxar da rã no charco, – nem dizer adeus!
Mas
o nosso destino é o mesmo, pouco importa a morte,
Venha
cedo, ou tarde, a velhice é a ordem natural,
Pobre
senil, o que conta o tempo e passa de rompante…
Joel-matos (01/2013)