quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Sou "O-Feito-Do-Primeiro-Vidente"





Sou o efeito do primeiro fogo, da primeira fogueira,
Os segundos são os outros, fracos e obedientes,
Aqueles que não são guerreiros, Carvalhos
Quanto nós, justos feiticeiros, Druidas francos,

Sou feito de despudor, quanto de besta,
Amor, Balsa e Salmo, pura e integra pele de tambor,
Tombo quanto um pinheiro do Líbano ardendo em pé,
Ou Xerxes de Tripoli defronte um elefante preto, nazareno

Tal qual Ele, que também o era, negro, ébrio,
Sou a profecia dos Druídas, "Primitivo-Ente"
E primeiro, segundos são para os outros, carneiros
Receosos das hordas dos Hunos, nós somos eternos,

Primevos Babilónios, Iníquos e Demónios,
Guerreiros de ferros em brasa em terra brava
E por desbravar, sou o Monstro Adamastor
E vós os encurvados segundo conta Eneias

Em Luís Vaz, ratos serpentes, fracos serventes,
Eu jamais tombarei, morrerei amparado no circulo do oculto,
Como morre um colosso, vulto nu, sem jazigo nem monarca
Por perto, para reviver outra vez, aos doze dias,

A saga dos antigos profetas e dos brancos Bardos,
Sou feito dos primeiros videntes, nas boreais chamas,
Sou do feitio dos primeiros "lusíadas" e Druídas Francos ...
Sou o feito dos "pristinos" Loucos, Lusitanos e Duendes.





Jorge Santos 10/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com

Morri lívido e nu ...






Tudo é eterno enquanto dura,
O choro de um recém-nascido,
O riso, o pranto, a vontade do atleta,
O enquanto, o ouro puro,

A fruta madura, o verde da floresta,
A consciência do mundo !
Morri por ter vivido completamente nu,
O tempo todo, imundo,

O meu sonho cobriu-se
De terra crua e fezes,
Às vezes é o destino,
O embaraço, ou culpada

A inércia de me creditar
Vivo como fosse doença
Curável, quanto a morte
De um César Augusto

Ou dança de Baryshnikov,
Sobre o Arco do Triunfo,
Em Paris, (sem pressa)
Se fosse tão fácil amar,

Eu não falaria de amor, assim
É, das coisas tais, as quais
Não se pode "andar-à-roda-delas",
Daquelas que murcham

Lentamente, sem darmos
Por nada, caiado de lua cheia e bela
E de lugares apenas despertos
Nos sonhos que temos,

Enquanto nus, morri de ter
Vivido inevitavelmente nu,
Tanto tempo, e mudo surdo,
De quando em vez louco...







Jorge Santos 10/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com

Ladram cães à distância, Mato o "Por-Matar" ...




Ladram cães à distância,
Mato o "Por-Matar" ...



Ladro de cães à distância e uma vela acesa,
Inúteis mecenas que despertam o ardor
Da cria que me habita e cuido e velo, grito
Pois creio, ser eu lobo, mais lúcido que ouro

E que alguma vez fui e o desejo me acena,
- Oh, como desejo a caça grossa, arguta,
E não capoeira onde jazz ovelho mal morto
E a tesão que dá matar o "Por Matar", o manto

Sinto-o ter da morte aqui e ao lado, esgoto
Do veio da vida, enquanto este é cenário
Lívido da morte, encoberto, invisível corre
Do prado pra moita certa, boca de sena

Cega à navalha, eu superior e ela presa,
E os cães ladrando "à tona", à distância
De uma vala e uma vela se apagando,
Morte certeira, noite encenada, navalha

De barba, mato o "Por Matar", degolado
Como manda o código da Ordem, Barbeiro
O som da morte a quebrar, inesquecível
E tão pouco curável quanto a reles loucura,

Ladro de cães à distância e a gamela e os
Restos no prado do despojo, no restolho ruivo
Suplicado em vermelho sangue, de guerreiro
Meu credo pois o creio meu uivo, o do lobo

E ao uivar ao céu agradeço à Deusa Maga
E a Belenus quando irrompe, consagrando
O dia Basco do Druida Lobo, a meu mando
Age o fogo que consome os montes, o dom...

O dou aos amantes, eu me elevo, assombro
E mito nas palavras que me velam, devotas
E por revelar, envolto em mistério e morte,
E por matar me vou, leve e em voo de bruxo

Mago...








Joel Matos 01/2020
Http://joel-matos.blogspot.com

Excerto “do que era certo”





Excerto “do que era certo”



Por aprovação generalizada e por comum consenso não posso amar e odiar numa opção consciente e ao mesmo tempo, acontece justamente isso e assim mesmo quando escrevo e me avizinho das minhas sonhadas almas e da incapacidade de produzir melhor do que elas sonham e daquilo que me faz odiar o que amo que é tentar compor um texto escrevendo algo esclarecido e digno de apreciação sem o conseguir apesar do esforço vão e da aplicação sem frutos sãos sendo este o fardo que carrego comigo, odiar e amar a aceitação dos outros face ao que penso, ao que digo e ao que escrevo, sobretudo na expressão poética e nas conversas que tenho comigo, com excesso de peso.

A actividade artística, espontânea e fluente como criação escrita perfeita pode apresentar-se com bastante austeridade e rigidez agreste mas igualmente pode ser superlativo diminutivo da mais rasteira e insana solidão terrestre, embora bastante alta e bela sob forma de arte e do que mais belo há no mundo, em paralelo com a superior e talvez supre avalizada mais alta façanha humana que é subir montanhas sem apoio de oxigénio suplementar, apesar de ser certamente e supostamente bastante mais sã e sadia por experiência própria, da qual sofri e sofro um pouco, comparando com a práxis comum e humana fundamental ao deslumbramento de quando me perco nos picos e ao redor das mais altas montanhas branco cinza e negro basalto que há no mundo mas onde tenho os pés fixados faz cinquenta e mais alguns anos -“a esta parte” como se fosse uma incurável doença.

Hoje é Ilusoriamente o dia “do que era certo” e “me tenho” por sobre-humano, mais que os dias outros do ano, não porque seja bíblico o Solstício invernoso, mas porque é Inverno e os dias começarem a aumentar sorrateiramente “a partir” de agora, o pessimismo tem menor durabilidade assim como a noite invernal em que os mortos são enterrados vestidos com a melhor roupa que usaram em vida, de nada lhes serviu a Terra os ter pregado ao chão enquanto rodava, assim são as estações e os anos, os sóis e as estrelas cadentes pregadas ante os nossos olhos por uma outra imaginação ainda mais fértil que a nossa.

Há uma miríade de pequenos “paparazzi” transeuntes zombies com variações de humor afinado, displicentes e sazonais, dir-se-iam emigrantes ilegais, sem contracto que se alojam regularmente no mais elevado sótão do meu pensamento residual, sem aviso prévio, necessário e essencial para aí continuamente residirem pegados, residentes.

É aí mesmo, assaz e promiscuamente pegado a eles que me perco da linguagem a divagar e a divulgar mensagens, presumo vindas de muitas e estranhas origens, como o café da Colômbia e as bananas da Madeira, quais somente orbitam à minha roda, rótulos em chávenas de diversos autores e motivos coloridos por vezes discordantes, garridos, dissonantes hindus transalpinos himalaicos.

Hoje é o dia do ano em que me sinto sinteticamente e esteticamente bem mais próximo do divino, no dia da celebração do solstício e venho comunicar de oboé alçado, tão alto e sonora que quase todos os meus sonhos de grandeza cairiam no chão fosse frustrada a epifania e não uma autêntica revelação, clara sagrada e divina, impressa em letra áurea de prensa que me faz vir aqui publicar alto e em bom som o audível cheiro que tem, terá, terão no toque final, as letras que me finco de pés e mãos pois afirmo serem estas distintas na cor de todos os outros espermatozoides gramaticais apenas por saírem de minha glote, alma e ranho em coautoria sensorial, digamos qual o mais real e enfadonho das duas, a indigestão ou a azia, talvez mais a constipação pós tormenta, qual não sei o nome ainda e a distancia ao epicentro.

As fulgurantes idolatrias místicas e a escrita em forma de arte criativa, têm destas coisas, associam-se à nossa dilecta e estimada pele, têm assim como a paisagem, a qualidade de se tornarem irrevogável e inegavelmente grudadas, tatuagens avulsas, nossas e intrínsecas pois se até no palato o poente é susceptível de ser sentido apreciado e degustado para triunfo do êxtase, da volúpia sobre a realidade, da intimidade sobre o exterior, apenas ficando de fora deste contexto o sexo físico sobre a veleidade da fantasia, a evocação não se compraz com a verdadeira dimensão carnal do orgasmo, a volúpia de estar ao vivo sob a luz do sol nua, e não da lua, apenas de no céu “a vermos”

Ao nível da escrita misturo a ordenada desordem do big-bang e o erro do que era certo sob um manto quase real de Caudilho e Descartes na sódica esperança de se converterem no que para mim são e foram, numa ópera de góticos rabiscos, grotescos contrassensos roubados aos movimentos galácticos, vizinhos da nossa versátil Via Láctea, composta por sóis de muitas origens e dos mais expressivos credos.

Às divindades que me doaram-me o talento sem lema de sonhar acordado e outros defeitos tenho a dizer que se esqueceram de inventariar o fantasioso conteúdo da dádiva e faço uma ideia deveras confusa da utilidade de todas e tantas gavetas e arquivos sem nada dentro e do arrumo apurado daquilo que não me serve, pois encontra-se misturado de vazios sem tema que me vistam da ponta dos pés á cabeça sem parecerem ingénuas as frases que me saem pelos ouvidos e se adaptam á garganta como lesmas ou guelras de peixes lampreias de fora de água nas represas, sufocando com falta de oxigénio nos excessivos dias de verão.

A necessidade de confidenciar uma confidência é inseparável de todos ou quase todos e à mentira que creditamos a nós mesmos como sendo deveras e a única, designo de notável falácia, do falo apreciável, exterior admirável de cartão pintado, logo a confissão lúdica de fraqueza é sem dúvida, sinal de covardia e falta de coragem de quem nasce armado até aos dentes e não sabe usar nem as unhas nem qualquer outro talento em seu proveito, muito menos os punhos ou os joelhos mesmo que lhes apertem os testículos num torno mecânico ou os joelhos .

São as mais altas e solitárias regiões do planeta, que persigo e que me inspiram, são estas que me fazem fruir do espaço interno e externo que ocupo nesta esfera armilar que são o mundo e o espírito, considero-me um ser privilegiado pela sensação de analgesia conjugada desses dois Universos paralelos, ambos sem origem cientificamente comprovada testada e geneticamente certificada.












Joel Matos 01/2020
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Rua dos Douradores 30 ...




30 November 1935: "I know not what tomorrow will bring"




Sei-não,

Me encantava Durban no princípio, agora não,
Me encanto no vento quando passa p'la clarabóia
E depois quando parte pra "não-sei-não", Ofélia
Pode talvez sentir real, eu não, as rosas régias

E na alma geral o vento, general Zulu do rumo,
E a vontade pra que me mude de onde cenário
Sou pra onde, sentido eu, passe sentindo estar
Não sendo, quanto suspiro, perfume a navalha

Do tempo que falta, sei-não, fumo Cannabis, Absinto,
Me encanta, na emoção o vento, a Seda-Hume,
Assim me cantava Durban do solstício, a emulsão
Do tempo escasso, na respiração o íntimo ronco,

Agora não, não venta faz tempo, partiu logo-logo
Para "Sei-lá", o vento, sorrindo da ironia ao dolo,
Depois mudei... renuncio ao vento, serei a estátua
Que se mudou do nunca pra jamais, da praça Natal,

Para a rua dos fungos e dos ofícios pobres,
Tecelões do "aonde-morro" onde morreremos
Todos, monótonos e desnecessários, vãos
De escada, refractários, rebeldes do sono,

Me encantava Durban e nem sei explicar se
Da alegria na guerra ou da paz de um logro,
Pois que agora não, o facto é que me creio
Prisioneiro, contrabando de ouro falso, um

Não-ser, do Chiado à Rua dos Douradores 30,
De onde nunca saí eu e o asfalto que me sai
Da alma, a qual deixo aberta, pois o sentir é
Para mim uma gaiola com uma gaiola dentro...










Joel Matos 11/2019
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A Rua ao meu lado ou O Valor do riso...




A Rua ao meu lado,

Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro,
O valor do que fiz é o das coisas comuns, mau abrigo
Como envergar um abafo desabotoado e tentar
Sufocar o frio profundo, separado custo de franquia

Em outro qualquer artigo ou lote trazido duma amálgama
De ferro de imóveis peças que vergo como veias, revisto-
-Me do que aflige os outros, (mesmo os que têm fé)
Não por mérito, mas para justificar o que poderia

Ter sido eu se tivesse tido o futuro que nunca tive,
Se tivesse dito o que nunca disse, nem me adianta
Valor ao esforço, o que digo, sem a mais-valia é minha,
O caso da cal fresca sobre argamassa grossa, mal

Amassada, tosca, justaposta, assim é o meu riso,
De certa forma humano pelo que escuto, e por uma
Noção natural que é não ter futura vida, nem ser bem-
-Vindo qualquer fingidor atento ao fraco talento

Que eu tenha, asseguro que nunca senti a falta
Do futuro, a minha falha foi coabitar com o destino
Numa promiscuidade miserável, abrigo cancerígeno
Quanto a mim e eu sei, porque sinto o sonho morto,

O valor do riso é ouro e não o das coisas comuns,
Sem futuro nem raiz maior que zero, o peso da lua
É um mistério quanto o giz com que nua foi pintada,
Sinto o futuro desligado, como luz não tem na rua,

Ao meu lado, um bueiro sujo, mal-cheiroso, imundo.





Joel Matos 11/2019
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Absurdo e Sem-Fim…



Absurdo e Sem-Fim…



Incompreendedor é o que sou, e a própria dor,
É a comissão do esforço, a grandeza é o sabor,
O produto não é definido por nós, a proposta
É outra forma de ideia que nos leva a pensar,

É a compreender que passamos pra’além, depois
Não há lá nem cá, nem de cá sou, nem estou lá,
Estou n’onde me penso, não por estar pensando,
Mas no que me leva o pensar, o que eu pensei

Anteontem, amanhã cedo, mera combinação
De pensamentos caminhando, dentro sombras,
Nem daqui nem d’além, d’mim tampouco são,
Em lado algum moro, artificial ou real mistura,

Não preciso saber disso, é da natureza e não
De mim que falo, da matéria que faz a ciência
Incestuosa, a relação entre uma raiz de luz cónica
E uma pedra, a tentação e o espírito, o sensível

Situa-se acolá do conhecimento pra que tudo
Flua e nem isso eu compreendo, nem o uso
De cuidar das sensações como se fosse papel-
-De-seda, assim falo naturalmente do que sou,

Um incompreendedor nato, acredito naquilo
Que creio, sem estar atento ao que pensam
As gotas de chuva ou as migalhas de pão que,
Com um gesto, atirei pela janela, aos pombos,

E amanhã estarei caminhando com a mesma
Roupa que vesti hoje mesmo, num percurso
Que não leva a lado nenhum, com semelhante
E natural pensamento, natural é o que eu sou,

Dedico-me à interpretação dos símbolos
Sob o signo, de “que mais vale não fazê-lo”
Com figuras que eu próprio crio num muro
Absurdo e sem fim… eu, que sou rochedo.

(É o que eu sou)






Joel Matos 11/2019
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Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...