terça-feira, 5 de julho de 2016

Caliça fraca ...






Trouxe à tona a cal branca,
Um destino cheio incompleto
Do que é ser estrangeiro,
Na nossa pele sargaço, limo ...

Trouxe à tona a caliça alta,
Enrugada a citação de 
Meus restos lembrados
Na memória das paredes

De cal a sorrir, parecendo
Paredes tatuados desta pele
De que sou feito em terceira
Demão a caliça fraca, falsa...

Reboco meu, argamassa,
Cal branca...






Joel Matos (07/2016)




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canto






Canto que pode ter a poesia vida,
Posso estar enganado, ser assim
Isto que se converteu o barro
Que molde era eu, pois creio servir

Poesia em vida tão pouco, veremos
Se morto eu vivo como fosse
Possível encantar, um cadáver
Que neste ponto esteve a vida toda

Sem ter existido nem por momento
No fundo do osso tímpano mouco
Desse mundo todo, como poeta o tal
Ao vivo de barro na praça X, ao canto

Eu canto o que pode ter encanto, vida
E o peso de existir tanto, tampouco
Quanto.




Joel Matos (06/2016)
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Pareces tão eu ...






Pareces tão eu
Que me aconteço,
Que me perfaço jamais
Da imperfeição do mundo,

Pareces tão eu,
Em tudo que não corrijo
E do que serei sou feito,
Injusto como muitos,

Vim ver o quanto
De quem sou
Eu mesmo, 
Ou os outros

Objectos inexactos, 
Todos eles
Parecidos comigo,
Pareces tão eu

Quanto me convenço,
Quando me aconteço,
Quase me perfaço,
Pois nem só o tempo

Espaço depende 
Da matéria, 
Mas o conceito
Parece tão meu, 

Justo quanto outros...
De resto os dias 
São como são,
Uns são acontecidos,

Outros passam acontecendo
Constantes de amanheceres
Que acontecem lado a lado,
Na geografia que somos,

Mapas de tudo, mapas mundo,
Tão curta é a vida e a dor
Que dura e se faz tempo, 
De resto os dias

São como são,
Uns são acontecidos,
Outros acontecimentos,
Passam pra sempre

Sendo 
E acontecendo,
Pareces tão eu,
Que me aconteço

Acontecendo ...




Joel Matos (06/2016)
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De todos, o último ...





De todos os sonhos, os últimos
São a fase que genuína
Mais temos e nos ensina
A ser puros e sensíveis,

Os alimentos foram
O que extraí dos outros
Primeiros e não da
Metáfora que comi ao almoço, 

Como todos os sonhos, os últimos
Formam uma conjugação
Nos outros, embora 
Poucos fossem deveras

Lúcidos e genuínos
Como estes que sonhei 
Há pouco e nesta fase
Última do espírito meu,

O qual correrá livre três
Dias depois de morto
Em outro, que não eu ...



Joel Matos (06/2016)
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Não fora o mar ...






Lá fora a frente de mar,
Inútil me parecia
A espuma e a praia rente
À minha saudade parceira

E uma tarde mansa
Na beira do que decerto sinto
Serem as gaivotas
Por mim chiarem

E ao meu ritmo,
Talvez sentindo dentro
Esta minha dor
De mar partido

Entre a espuma 
E o que a praia 
Me transmite em ondas
De ausência fria,

Tal e qual gente
que ama o que está perto,
Por mais que diste
Na corrente a memoria

Marítima, sangue de um 
Poeta ...



















Joel matos (30/05/2016)

















sábado, 7 de maio de 2016

Poeta convicto




Ser poeta é ser convicto, 
Cantor da minoria, da desgraça,
Dos humilhados, o poeta
É o que passa sem ser visto,

Achado nem encontrado,
Ser poeta é o sonhar dentro
Doutros os sonhos destes,
Não porque os tenha não

Seus, mas por dever... poeta 
Não é o que o quer ser, é o ser
Amaldiçoado plos sentidos
Ao nascer e aos seus, é palha,

É o horror de nascer sentindo
Mais que tudo, mais que todos,
Ser poeta é ser das causas martelo
E cantor e da dor cúmplice

E aliado, é o drama em forma
De credo, a cirrose hepática
Do mendigo, do indigente,
Poeta será sempre causa 

De suicídio ou morte, é paiol,
Salvo o que se não envolve
De chamas, esse nem poeta,
É ruim palha que não arde

Nem deixa arder a gente,
Compor não é só escrever mas
Combustão é, se for poesia 
Espontânea e imediata, convicta,

Lata, tinta, spray ou beata acesa
Em noite clandestina e avessa,
Explosão, barricada, revolta,
Ser poeta é ser pavio ...
















Joel Matos (04/2016)
















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terça-feira, 29 de março de 2016

Eu digo não ...




Eu digo não …

Eu digo não …
Eu digo não ao brilho tolo,
Não quero em fatias curtas,
A vontade dum povo todo,
Quando é a vítima e o bobo,
Não quero viver ansiando,
Por migalhas tam'poucas,
Sendo eu Interprete terrestre
E actor das Histórias loucas,
Desta gente com coragem
De dizer – Não ..Não
Quero a minha vontade presa,
Nem a prisão de pensar ser outro
O brilho ou ver o brilhar
Não daquilo que querem 
Que eu veja e deseje nas montras
Mas o que me interessa ter,
A fatia do pão e não o bolor do bolo
E a mesa cheia de quem interpreta
A historia louca deste povo,
Que não é idiota nem tolo,
Mas a cereja rubra do topo
E quando “se toma de razões”,
Que se cuidem os “Dons”
Todos, senão “Ai Jesus Maria”





Joel Matos (03/2016)



Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...