sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Malmequeres...





Eu não sei que familiaridade tenho
Com os lábios, a monte anda a crença
Que me abandonou no que digo senão
Posso ser eu capaz de fazer rir e Chorar

A 1 tempo pois não passo de um charlatão,
como posso passar eu rente a outro
Que amar-me eu não, quando o faço
Apenas pra que tenham saudade,

Deste familiar má peça, sem nada
Pra dizer que seja novo ou verdade,
Não quero saber o que sentes,
Baixo os braços se subires os teus,

A febre abandonou-me, a família
Que não acho sempre esperará por mim,
Supondo-me uma ilusão de óptica
Esquecei-me pra sempre, esqueci eu

O sentir e de tudo quanto fingi ser
Sou nada, sou um fulano malquerer,
Desenho mundos em flor, ovais
Excepto o pensar delas e o ser,

Espalham o meu desamor em voo,
Como as colónias de abelhas,
Todas de acordo com as pétalas,
Creio eu e uns outros quaisqueres,

Que façam deste modo sala d'estar
O mundo todo, nada vejo de singular
Nas famílias de ideias que desenho,
Com estes lábios malquereres...


Jorge Santos (01/2015)

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Com a mesa encostada aos lábios...






Com a mesa encostada aos lábios,
O silêncio obedeceu aos meus trapos,
Trata-se apenas de usar chapéu,
Para que a solidão nos não nos meça,

Obliteramos nas mãos gestos banais,
Conciliamos silêncios e baraços,
Com embaraçados nós de caules flores,
Construtores de janelas de um só vidro,

Inexpugnável à condição de bala, besta
Geração, palha atalho, sem rastilho
Gentalha, sem sonhos é a soma
Do cérebro à regra da esquizofrenia

Congénita, réu da solidão, absolvo-te
Broca indubitável, conceito, consciência
Do falhanço, da arte de perecer,
Segues o teu caminho sem parecer

Seguires estelas, astros e o que te envolve
Do Inexplicável pertencer ao chão de Gaia,
Numa sala de estar arrumo d’vasilhame,
Com a mesa encostada aos lábios,

Não obedece aos maus-tratos a natureza
Morta, nem a Faia. Folha, a felosa veloz,
Estela mar, nebulosa sem paz, nem norte,
Nós

Joel Matos (01/2015)

http://joel-matos.blogspot.com

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Meto os chinelos na beira da cama...






Meto os chinelos na beira da cama,
À cabeceira, o que acreditava, aos pés
A moldura do Cristo com a chama
No coração fixo e a silhueta

Que me espera na sombra do hall ,
De noite, enorme, maior do que eu
Pensava ela ser, ou pudesse ter
A sombra do vão, - do nada me chama,

Meto os chinelos na ponta da cama,
No lado oposto de tudo que lembrará
Ao mundo a minha estranha estória,
De tudo que não compreendi, nem disse

Por dizer, tudo o que leve a sombra,
A mão que deve-me levar da vida
Pra fora, da cabeceira para o vão
Alçapão, incerto vaso onde não tive,

Nem creio, entre o céu, o mundo
E o agora, meu limite tem cerca,
Meto os chinelos na lomba da cama,
Pois no hall o universo espera, pára,

Concebê-lo, eu consigo, mas entre
Mim e ele há um limite e tudo isto
Que é, existe entre ele e mim,
Sem ter de ser assim maior, o medo

Do que ele é na raiz da minha pele,
E no cabelo.


Joel Matos (01/2015)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O poço do oráculo...






Há um Deus benévolo em nosso ser,
Ouço-o brincar com símbolos e enigmas,
D’algumas realidades de minh’alma,
Têm uma pluralidade igual à que um druida tem,

O condão de dizer verdades inteligentes,
E outras mais ou menos, como intenção,
Há um Deus benévolo em nosso Endovélico ser,
E a metáfora é a voz, no poço do oraculo,  

Pode ser que recorramos à metáfora Dele,
Por referência aos sacrifícios sagrados
Humanos, mas não devemos amputar nós,
A alma pra fazer entender outros p’la voz

Quando recorremos à intenção
Dos órgãos, de sonhar também e não
Se fazerem entender pelo de pensar.
No pensar de outro sagrado ser, eu,

Pode ser que a oferta de nós
Num sacrifício do ser nosso (ou vosso)
A outra fábula ou outras expressões
Pra'lém do que se diz, dizia… concluído

Sem conclusão mas de propósito,
Tentando a Hidra ir, onde intenta ir dar e ter,
Sem que eu a leve lá, ou ali onde intenta
Metaforicamente vir-se a deitar,

Ainda quente o lugar e já ela
Vira e mexe, ela se move e faz um passe
De magia ao estar em mim e mais que  um lugares,
Como o xadrez do Vasquez em mil versículos,

Suponho, mas que importa
É sonho, é mudar de ir pra irei d'ir ,haveria,
E o que ficar é rei ,do que consinto,
Do que sei, do que "delito" num poema,

Nem sempre meu, mas do metro
Fónico misterioso que é todo meu,
Da língua até aos testículos do céu,
Em vão os beijo, mas sem tes.. (intenção)

Nem permanente insistência,
Por isso recorro a estafadas metáforas,
Segmentadas mas semelhantes a falas,
Do Endovélico e benévolo Deus meu Tau,

No poço do Oraculo…


Joel Matos (0172015)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A viagem a talvez...






A viagem a Talvez…


Precisei de vir, pra chegar aqui,
Não preciso reclamar a chegada,
Mas a bagagem de uma vida sim,
Porque a viagem não é um desejo,

É uma obrigação, apesar
Da partida não ter sido reservada,
Mesmo assim fazemo-la
A partir de quando se nasce,

A bagagem é o processo e o conteúdo
Do caminhar que se quer lento,
E medido a palmo, de que a jornada
É apenas um meio físico, o veículo, a escada,

Que não conta à chegada,
Mas numa vinda que se quer serena,
E a sorrir de uma forma rural,
Abençoam-me inclusive os pregos

E os cardos agridoces da oval estrada ou via
Que usei pra vir aqui reclamar a bagagem.,
Precisei de vir pra chegar aqui,
Senão o coração portagem,

Fechar-se-ia antes de eu aqui chegar,
E eu pediria que não, talvez
Não antes de reclamar a bagagem,
Suspeito que ele se abriria,

Tal como uma passagem de nível,
Onde o maquinista abranda, pára
Para saudar o guarda, com um aperto de mão
E depois prossegue viajando comigo,

A minha bagagem segue no furgão 44,
Das onze e um quarto,
Até ao fim da linha do talvez…


Joel Matos (01/2014)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A Terra em dúvida...






A Terra em dúvida

Nada na Terra está errado, o lado
De cima nunca pode estar pra baixo,
Nem o subir da maré é pro lado diverso,
Que se movimenta o planeta todo,

(Duvidamos provavelmente que assim seja)

Nem há lei dos Homens que obrigue,
Porém há uma questão que se põe, urgente,
Alguém me disse certa vez que sentiu a terra
A falar e quis sentir meu o estômago desta,

Com o ouvido interior no bosque de carvalho,
E o solo por arar, atento ao falar do vento
Certo ou a um canto de sereia, uma prece
D’alguma flor murcha da terra e órfã da sorte,

Ou a brusca voz da serra gelada ou da geada,
Mas nesta terra natal, nada estava mal ou errado ,
Apenas o meu ouvido imperfeito impotente, doente
Deixou faz tempo, de ouvir do mundo a dizer,

Pra me ouvir a pronúncia ou a ti próprio…
Dos sonhos que imaginamos nós, Ela-Terra ter,
Pra lhos usurpar entretanto, enquanto rola, roda
Nas marés do mar de que vai cheia, partilhando

(Talvez o amor por nós, sem que em dívida o peça)

De cima a baixo, de baixo a cima e p’lo contrário,
Nada na Terra está mal, errado ou doente,
Por enquanto, o erro é da minha parte e de todos,
Ou do íntimo ouvido nosso, ser como eu, fraco,

Não prezamos o lar incomum que partilhamos,
E onde vivemos sem amarmos os outros, comuns
A nós próprios, somos ruins caseiros, maus vizinhos,
 Rivais, fazemos tábuas rasas desta Terra em dúvida,

Todavia ainda duvidamos que ela, por mais que berre,
Por mais que diga -em causa estou- e seja autêntica,
Alinhavamos solidão e leviandade de bestas,
Com os eloquentes espíritos da natureza idêntica …


Joel Matos (01/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

L'âme de Mohammed / The soul of Mohammed






No começo do universo havia o vazio
o que havia antes nem eu sei
embora em cheio a imaginação
coloque um universo gigante
no coração enorme da gente

no começo o universo era frio e o caos
feio como breu mas eu e tu toda a gente
veio aquece-lo e o frio feio
passou a quente e muito quente
no começo até eu era, mas agora...
agora não sou tão feio sou gente

de nada serve a arte com censura
porque transforma em ração sem casca
a alma da gente e num existir inútil
do querer semelhante a clausura
e em coisa baça sem asas sem casta

de nada serve uma tesoura (minha)
sem o vosso cabelo a crescer
a ilusão de conseguir um dia
fazer um mundo melhor imprevisto
através de tentativa e fracasso

de nada serve um corte sem alma
mas cortar a alma nos faz fortes
se for por uma ideologia uma arte
por um esforço por uma victória
de nada serve uma fonte sem agua

uma promessa de sermos mais fortes
que castelos e ameias de verdade
mais fortes que trol\'s e montes em Marte
olimpus e mesmo que caixas fortes
de nada serve o horizonte sem o olhar

de nada serve a censura na arte
senão pra esta ficar pobre e triste
tão ou mais que a triste morte
de nada serve guardar a alma na gaveta
segura escura

do censurador no escuro e no pó
de nada serve um cofre sem alma
mas uma alma só pode abrir um cofre
e semear o mundo de razões e bravura
se tiver um brilho no olhar e um trilho na voz

Talvez um dia, prometo eu


Joel matos (01/2105)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...