Para interromper o ciclo de escrita,
Quero ganhar em parte, o que tenho de prazer,
Em ser ferida sem crosta e quanto,
Dessa crosta escarafuncho, até ser de novo
Ferida, poucos sabem o preciso que tenho,
Não resolvido, de procurar beleza à minha custa,
Nos dentes muito podres dum vagabundo,
Um ganido num latão do lixo do bairro da Belavista,
Quando escrevo sou isso e mais disso,
Não sou eu que fala por mim, nem a língua
Mas a imaginação de quem me vê e sinta inquilino,
O prazer que sinto e passa em mim,
Para interromper o ciclo da escrita,
Quero interpretar do mendigo ao proxeneta,
Quero ser bandido, maneta, força, natureza,
Aleluia e o que precisarem de mim, maçaneta
Do vosso pensamento, se me falta nas palavras
Que tenho evitado dizer, escritas abaixo
Desta cintura gorda que classifico de escrita arte,
Eu escrita sigo, descrevo pessoas, interpreto
O sentir diferente de toda a gente,
Como um escape, por isso quero interromper
O "coitus" com a poesia e seguir em frente,
Escarafunchando nesta minha ferida sem ferida,
Nem crosta, nem arte, nem vida…
Joel Matos (01/2015)