segunda-feira, 6 de agosto de 2018

“Semper aeternum”




“Semper aeternum”
É tão difícil encontrar alguém que acredite quando se diz que se ama visceralmente ou que se entende cada cor e cada pincelada na pintura exótica e extravagante de Paula Rego, o mesmo da água tónica sem limão nem gelo, quanto da voz rouca dum Tom Waits tão ofegante quanto bêbado, diz ele que atrai mosquitos pois estes são atraídos pelo azul dos seus “blues”e não p’los olhos “marron”, assim como os camelos pela água, ele por old whisky mesmo estando podre e estagnada a água dos dromedários do chá verde e amarelo, assim como as areias do deserto se movem as mulas do “far-west” americano são fascinadas pela voz improvavelmente bela do cantor de blues.
Quem gosta de ser interrompido pelos filhos entrando no quarto quando faz sexo, surpreendido pela voz do parceiro ou da parceira na cozinha, “não faças assim o cozido, faz deste ou d’outro modo”, é tão difícil que alguém acredite que se gosta do sabor amargo da cerveja assim como do “brain freezing” quando se bebe uma soda “super-gelada” habitual nos “franchisings” do costume ou da gasosa com soda ou o blody mary a meio de um meeting de veggies ou sobre alterações climatéricas num dia de verão extremamente frio ou à luz da vela, numa tropical noite de“banana moon” a beber champanhe na cachaça, ambas juntas a flutuar com raspas de lima verde e sabor a hortelã-pimenta.
Há quem acredite que os Americanos foram à lua ou que os futebolistas lutam pelas cores das bandeiras nacionais nos mundiais de futebol, na copa do mundo como dizem os brasileiros; que a Terra é plana é um exemplo da pouca fé humana na ciência ou que a lua é verde quando não estamos a olhar ou quando a vemos sem “a ver”. 
Eu falo para as árvores, que estas ouçam não sei, (I Talk To The Trees) acredito que sim, é uma atitude que me percorre desde a raiz do cabelo até ao acabar dos dedos um a um e todos, o mindinho.
É tão difícil encontrar alguém perfeito? Não creio; tal como não acreditava vir a gostar de Tom Waits, receio, sinto e sei de uma estranha mágoa dentro de mim, parecida a uma pequena “ervilha de cheiro” ou será apenas melancolia de passageiro que se diz apaixonado pelo caminho sem o ter feito, como se fosse uma doença incurável ou um contratempo encontrar-me eu comigo e a sós, “semper aeternum”, comum e imperfeito,“Finale”. Não creio num armistício, cansei-de lutar viúvo contra baleias brancas e ao vivo.

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