quinta-feira, 15 de março de 2018

Tod'a poesia acaba em silêncio



Toda a poesia acaba em silêncio,
Porque nasci ou como morro ignoro, 
Não consigo definir começo ou fim,
Ind’a assim deixo descrito o lento voo
De uma ave de pena e louça que 
Dentro trago, ainda que seja desculpa 
Pra não levantar voo como quereria,
Assim também a mim ele me mente
Tal como um objecto abandonado
Sem vontade dentro, assim me sinto,
Preso aos sapatos e ao ponderável
Peso terreno, onde moro desde que
Me conheço, capaz de escutar o silêncio
De um baloiço, ver magia onde tem apenas feitiço
De galinha morta, ouriço no meio da rua
Me lembra afago, suave tudo quanto oiço
E o silêncio num búzio lembra-me mar,
Não sei que ideia esta de mansidão, 
Pedaço de espelho quebrado que mente
Cortado p’la metade, terça-parte é céu,
Tod’a poesia acaba em silêncio, o meu
Começa onde esta se cala, pois me continuo
No que não tenho, luar ou uma estrela
Tão vaga quanto o meu passar passou,
Suave quanto o que me ouço, nada
Que seja meu, imito apenas do silêncio o som,
Pois o céu é na Terra e o quem sou
Não interessa, pena, louça e culpa …


Joel Matos (03/2018)
http://joel-matos.blogspot.com

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