Na véspera de não partir, nunca
Antes mesmo de ter pensado
No regresso, a incógnita
Do futuro sujeita-me a vontade,
D’abalar prá’s grandes extensões,
Da alma e do entendimento,
Mas, o que sinto efectivamente,
Ou está na prisão, ou anda amonte,
Ou é uma máscara, ou um pedaço d’alguém
Mas, a ilusão que m’lembro,
Só provem dos sonhos, de que s’lembra,
A consciência das flores,
Tudo o resto são lastros,
E castros e humores
Dos atalhos de quem viaja, por terra meia
E falha no destino.
Sou uma multitude de trastes,
Sou uma sombra de outra realidade,
Uma panaceia
De sentidos inúteis
E, dado que, na véspera não parti,
Como falei
E, tendo lugar reservado
No desejo absurdo
De encarnar num outro,
Os sonhos e as insónias,
Não terão morte no meu futuro,
Caminharemos de mão dada
Nos jardins d’outubro
Tendo na consciência, um cego
E no olhar distante, um louco
Que viaja numa falua sem corpo,
Querendo fugir e deixar tudo
Como estava no dia da chegada,
Sem se fingir d’arrependido,
Na volta da estrada sem vinda.
Sou tão cheio de abismos
E mistérios que não sei qual escolher
Dos terraços
E se chove eclipso-me no vaso de flores,
Nas ruas digitais
De pedras, enterrado vivo,
E as flores por coroa.
O plano era ter da jornada
A esperança, dum todo,
Como quem bebe o entendimento
Liquido, lúcido e menino.
Na véspera de partir viajo p’lo meu ser
Tão íntimo como beber
O reflexo da lua, não o meu…
Joel Matos (02/2011)
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