Que se dane o sonhar de dia, se o semblante do subúrbio sem face
Marcasse o dia do meu desterro num obelisco tremendo, um mistério me cercaria de dia,
Assim um muro me cerca de noite, o sonho afoita-se na frecha greta o dia todo, tod’o-dia-a’fora
Porque minh'alma não partiu, ficou no corp'i'ruíu, ruindo, rindo constantemente de meu desalento
E se hoje acordei em prosa foi porque os ecos se foram, dos sonhos, morreram…
Porque as lágrimas de súbito secaram e das alas saíram
Pétalas e acordaram súbditos sentimentos do que eram, subterfúgios
Inconsistências e prosas incoerentes, sem arte.
Dane-se o sonho, dane-se o dia, Se há-de vento o que há-de calmaria
Há-d’a ser noite o mesmo que há-de ser d’ dia, de noite os meus olhos são palcos do que imagino
De dia Iludo-os com irritantes aplausos e fecho-me de fechos eclair p’ra não entrar luz da rua
E gritaria que me destrua.
Dane-se o agreste frio celeste e a peste se os nossos corações de tão altos...sem quem os alcance,
Caem em cacos...como se de louça fossem, daquela que se parte, mas ainda que minhas vozes não rachem mais o público, que se fartem das minhas postulas Rugas e tracem um subúrbio na face, as minhas pálpebras fechem no final cadafalso,
Do que ficou escrito e dito nego, nego que seja arte…
Jorge Santos (12/2010)
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