Apesar d’as
janelas estarem abertas de par em par,
Todo o ruído
lá fora se diluiu, sumido no ar…
Uma
criança que chorava breve, o cochichar das velhas
Sobre
vidas que não as suas, a indefinição das ruas
Num
refrão constante, com todos os sons e notas
Que chegavam
aos meus ouvidos, como um respirar
De pautas
musicais, escritas nos vitrais abertos,
Lembravam-me
místicas visões e novas versões de credos,
Que o não
eram, não deparava com magos nas vielas
Nem
fadas, nem gnomos nesse mundo de mil celas,
Apenas
janelas de imitação em magros corredores de cal,
Mas onde
todos os sons soavam para mim de forma original,
Eles, como
eu, não durámos para sempre,
Não escolhemos
o vento que nos soprava
No
ouvido o respirar do universo, como se fosse
Algo que
se ouvisse (um pensamento, uma frase…)
Sussurro
agora do vazio que tenho no fundo do coração,
Os
sonhos que outros já sonharam nesta mesma mansão,
Apenas
as surdas janelas continuam ainda abertas,
Mas as
velhas da rua não passam , nem consigo mais ouvi-las…
Joel
Matos (02/2012)