terça-feira, 17 de maio de 2011

Que visão tão estranha...




Que visão tão estranha
Do mundo, num extremo dele, tenho
Como que uma sensação de lua prenha,
Não sei se na verdade sonho ou se durmo

Num infindo abismo sem corpo, nem fundo.

E é de tal maneira sinuoso o caminho,
Que me conduz p’lo monte acima
Se, do corp’onde provenho,
Falam do sol, que eu supunha

Anónimo,

Moribundo ou morto, no fundo,
Ainda brilho num desejo aceso, nunca visto,
Desde que eu acredite que o horizonte profundo,
Não é indiferente a mim, quando a ele assisto,

No calor da monção.

Que mundo tão estranho,
Em que nenhum dia é igual ao outro,
Nem as asas diversas com que me despenho,
Nem igual será o dia em que morro

Ou enfim, acordo…

Joel Matos (05/2011)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O futuro





Era duma figura esquálida e enxuta
Que lembrava o destroço do cabo negro,
Erguido encima de calhau sujo da costa
P’lo espectro esguio do logro,

Nem sabia se morava dentro dela,
Ou fora da fronteira da maldita nação,
Sabia pela voz dos velhos da cidadela
Que o horizonte era amplo e partilhava de igual chão

Com o roçar da erva e a flor da giesta cor de sol.
Assim… e a seu modo foi construindo,
De dentro para fora, um castro de pedra e cal,
Em região ascética, que nomeou como feudo,

(Bem longe da multidão estrangeira)
Foi-o revestindo de palha, fita, vidro
E do colorido mestiço da humana feira
E Terá ali sonhado incógnito, o futuro

Ele mesmo, sem data …

Joel Matos (05/2011)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...