quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Medimo-nos em braças e em nós...



Se todas as fantasias são prodígios,
A verdade, - Uma proposta da razão,
Ao medirmo-nos em braças.
O sonho, - Um castigo de quem sente
Mais que todos, mais que muitos.

Nada digas, que me pertença demais,
-Da verdade, - pois a mentira mente por si
E, o que tudo o que entende, - Do tempo
Que não é parte do equívoco,
Reparte p’la metade a entropia,
Entre mim e ti, tu e mim…

-Do esquecer que não é mais verdade,
Nem menos da memória e da saudade
Ou da vaidade vã ou do sentir menor
Que o sentir do ser, que crê
Ouvir no vento o doce falar e o porquê
-Do existir, na pretérita pessoa, ela singular,
(De dentro, mesmo de dentro dela)

Mentira é o que é, -o dizer por dizer
Ao que tod’o vento preso vem,
O vento leva ou detém,
(Em mim está a mentira
Eu bem sei.)

Dize das coisas, que entre ti
E mim valia, Guarda todas, por bem,
(São doces palavras, doze)

-Doze nós, tem uma figueira
Ao medir-se dentro de nós, em vidas
Que a gente tem e não sabe explicar.

-Doze é a distância do braço
Iguais de uma à última cadeira,
De ponta a ponta de certa mesa.

-Doze, os carvalhos de uma clareira,
Todos leais, à sua maneira.
(Todos iguais, Todos Deuses)


Prodígios, nós…

Joel Matos (10/2014)
http://namastibetpoems.blogspot.com

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

É desta missão de cifra que sou e padeço...





Minha simplicidade veio e acabou,
Não me brindei brinquedo, bar fronteiriço
Doutra lógica dimensão a que não vou.
É desta missão de cifra que sou e padeço

É dela e do epígrafo que me meço, pensá-la
É imaginá-la de dentro, soo-me a desfavor do projecto,
Como uma leal bofetada a ressoar em pleno
Peito, lenta e repetida, autentica, crível

Creio-a real e é-me devido crer no que acaba
(Temporário sacerdócio de existência do ser)
A minha simplicidade veio e acabou. Sem facho,
Estive corpo presente no santuário, me cerca

A hora de pertencer à intenção que inspiro. Sinto
No despido corpo, em tudo igual ao pó, eu só.
Reconheço a loucura só de a ver sorrir, pelo tom,
Que chorar me faz falta, por cínico que seja eu,

Sei que choro e acabo esquizofrénico d'o sentir
Mesmo que o meu chorar seja a rir do afinal
Das coisas que, nem têm sentir, apenas conveniência
Meias, entre lidos sinais, ilusão provada do meu pensar.

(É desta missão de cifra que sou e padeço…)


Joel Matos (10/2014)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

morcego ou gente...



Tenho a alma perdida, insatisfeita tanto
Como a noite alonga o que não sei,
Ata-me ao defeito que sou todo
Eu, à nódoa, ao incompleto, à coisa,

Ao morcego. em gente.

Por isso e como a noite é longa, sei
O quanto eu espero desperto,
Por tudo o quanto não sou, lamento
Noite adentro e confesso-me morcego

Não gente. Confesso que,

Ao certo nem sei se durma de vez,
Ou se estarei acordado infinitamente,
E atento, ao que não sei, nem a noite diz:

-Morcego ou gente

Não digo mais nada até ver o que acontece
Ao que digo sem falar comigo de frente.

(Eu, morcego de gente)

Hoje, nem por nada quero agradar,
Nem pela vontade, nem pela verdade,
Nem nada de novo tenho pra dizer
Na verdade que nem vontade tenho,

Nem de morcego nem de gente,

Por isso não digo nada até ter-me,
Frente a frente na noite (de novo)

Morcego ou gente…mostrengo  em gente…



Joel Matos (10 /2014)
http://namastibetpoems.blogspot.com

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Tida...


Quando olho para mim, de cima de meus passos
E’ que sinto as mágoas e percebo
A razão deste existir nascido anão, junto ao chão,
Da azia e da sensação de respirar,

Tão parecida com o medo de morar
No dia a dias da vida, de existir, se deixei
Pra traz a alegria de ser criança,
A aldeia dos meus caiados traços...

Não, nunca olho para cima não,
Porventura não reparei,
Se sou eu, quem se senta nos telhados
Ou nas tábuas e nestas ripas cortadas rente,

Nos campos cansados de pertencer
À fadiga e à dor da sua gente.
Quando olho, por cima dos meus passos,
É que percebo, a dor que é partir,

Do ar que respiro, pra outro
Que nem a mim me pertence,
Nem foi pra mim, talhado
Por machado algum, perecido ou criado,

Sou filho de terra pobre e fendida,
Não sendo fraco nem forte, sou vida
Duma casta nobre e diferente, chamada d’alma
Gentia, que cresce, cresce pla Arriba acima.

Perene, assim haja não outra vida em mim,
Como esta eu tenho…tida.


Joel Matos (10/2014)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sem nome






Somente nisto, se converteu o alvoroço
Do meu pensamento sem franquia, nem magia.
Ele, que prometeu eu ser, seu aprendiz de feiticeiro, bruxo
Converteu-me naquele “que se cospe no prato”

Da sopa, o fraco e frouxo, qual às vezes me pergunta
Com tom esquisito, na voz – “como me chamo”
Como se não tivesse eu a raça má na testa
Escarrapachada em tristeza e desânimo

Todas as lantejoulas que jurava eu nesta terra
Chamejavam, não passam de adornos
Com que me trasvisto, mais por dentro que por fora,
Coisa que faço para me tornar igual a tantos e outros.

Qual talento ou dom, nem por sobrenome
Os quero, dêem-me o silencio da escrita
Que mesmo débil sim, me consome,
Sem magia branca porque não a faço, sem cota-

-Parte de divino que não tenho, nem conjuro
Tantos sonhos, tantos, juntos súbito feitos resto 0
De uma Cruz de cristo torneada, derreada porta.
Não ambiciono ser poeta se poeta nem do louro

Perto ou certo estou, nem de quem em vão me sopra
Tantos versos ao ouvido, “meu Mestre na fantasia”
Bastava ver rosas e beber vinho para explicar
O mundo a um incrédulo sem consciência nem nome.

Somente isto permaneceu, do desassossego Dele.

Joel matos (09/2014)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Poesia...? é falso !



Falso como o céu,
sem a real cor do aço.

Despojando o peito aprendi a doar o eu, 
tudo em mim  me dói em falso
mas sendo poético sou eu,
sim... sou eu, 
pois em tudo uso de abuso 
e se me convenço de não ser um Fausto 
a imitar ser ele próprio, ecoo a falso 
e volvo refúgio d’algo
ainda mais estranho no tentar escrever
que do  escrever faço. 
Tal qual um céu de aço 
vertido no peito dum falso Fausto ou Abruso
forçado a confessar que viver lhe basta....FALSO

Às vezes, inspirado na a paixão da liberdade suprema 
reencarno gestos súbitos e momentos como inspirações genuínas 
embora me roubem a sensação do poder volumétrico 
que não me completa,
não me pode completar.
Fico perdido no tempo em que não estava no mundo,
numa emoção sem emoções.

à bolina.do momento.

A passagem mais perto e acessível da alma
são os arredores de uma cidade em que o pensamento triunfa.
Sei que posso não pensar em nada 

e rolo em torno de todas as imagens que vi 
e senti com uma loucura sem fundo
impossível...

como numa metamorfose da alma

Joel Matos

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Outros apontam o dedo...


Outros apontam o dedo,
Do cimo de sujas escadas,
A mim, que dantes era um feudo
E tremo e apago como velas, centelhas.

Temo o delírio, sem a ponte,
Pra lá donde se não supõe
Ter, arquivo morto, o poente.
Temo o apego, quando o sol se põe,

Distante, gasto do olhar.
Ninguém diz porque me doou,
Esta espécie de sentir, o estar
Sem estar, quando apenas voo,

Aparte de mim, da outra,... eu não sou
Parte…
...Outros apontam o dedo,
À alma, esta, quando vai despida,

Partida foi e minh’alma
Então é um feudo e é uma muralha
De feno sob o qual um poeta chama
E ralha, assim o poente me chama e ralha.

Chama e palha é o poente quem me fala,
Lembra-me o ser criança,
O apago da escuridão numa vela,
A primeira estrela e a abóbada imensa…

Outros apontam o dedo,
Do cimo de suas escadas…



Joel Matos (09/2014)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...