sexta-feira, 12 de maio de 2017

O sabor da terra ...








sabor da terra ...


O sabor da terra é parecido ao da água, 
A acrescentar os meus sentidos a chuva
Que cai e molha, não importa de que mar
Distante ela é, de que mundo que não vejo

Mas sinto cheiro de terra molhada e cerro
Os olhos pra que não fuja por eles o desejo,
O prazer do odor que nunca foi meu, mas inunda
O meu sossego e leva-me pela mão,

Longe da terra não existo nem soa real
O sonho que tento viver, imerso no verde
A pastar gado na bruma, indistinto é o serro,
Ermo o pensamento meu, quando escuto

É apenas o meu coração batendo ou não,
O sabor da terra é parecido com o a água,
O que eu não esperava é a própria imitação
De silêncio com que chuva cai no meu rosto,

Como se conhecesse meus inúteis segredos,
Ou sabendo da ausência de ruído no meu peito
Real ou falso. Ausente abaixo dum céu 
Que lembra o que pra lá dele há, pressinto outro céu, 

O meu ...









Joel Matos (03/2017)







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Duvido de tudo que dos olhos vem ...






Duvido de tudo que dos olhos vem,

Não sei escrever poemas de amor,
Duvido da matéria que compõe 
O universo, das flores o cheiro 
Mas não da natureza e deliro

Quando escrevo estando muda
Esta, mas das flores não duvido,
Duvido se os poemas de amor
Existem mesmo ou onde moram

Na ciência dos sonhos que descrevo
P'los perfumes que não sinto, d'lírios
Em flor, não sei mais fazer poemas,
Seja de amor ou sobre-o-que-for,

Duvido de tudo que dos olhos vem,
Ou nos braços repouse, da existência
E das romãs, apesar da cor a sangue,
Apenas num algoritmo acredito,

Que é ser viva a natureza e pródiga
A substancia que habita o universo 
E em mim mesmo, não sei escrever
Poemas de amor, duvido crendo ...




Joel Matos (03/2017)
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Perdoa tanto, tampouco ...









Perdoa por valorizar o vaso 
Não o conteúdo do mesmo
A lua e não o branco luzeiro
Os dedos e não a ânsia

Perdoa valorizar o peso
E não ser o balanço dos teus
Medos e receios, perdoa
O esforço sem alcançar 

A beleza que de tu'alma vem
A memória curta e o teu
Vago cheiro em mim,
Quase mineral e mágico 

Sim, perdoa a mágoa e os beijos
Que não dei nem a ti
Nem a outrem porque nem tento, 
A indecisão do caminho

Que levo e porque não
Posso ser levado pla mão tua
Nem quero, perdoa 
Este inverno sem calor profundo

E porque fiz da ceara tua
Meu prado, perdoa por isso
E sobretudo a convicção
Com que digo o que minto,

Perdoa se sou desatento 
Pois me doi no rosto teu
O sentimento que tudo é vão
E o fumo é o espelho

Nada resta que não seja
Pedir perdão e desabotoar 
Do peito a mágoa de não 
O poder ter porque não sinto 

Talvez direito a tê-lo cá dentro
Tão tanto, tampouco 
É um desejo de mim mesmo
Ou teu...




Joel Matos (03/2017)
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Alma e lírica ...






A alma lírica dá passadas vastas como sínteses,
Que é feito do mundo, porque breve meu olhar é
E antes que esqueça envelhecida a voz e o senso
Que se perde como se fosse pele do céu, eu víbora

A alma lírica de partida que se pensa num auge, 
Embora eu mal seja réptil corvo, outro a sonhar
A própria voz em homenagem a quem não serei,
Vasto como síntese porque o nada é impossível,

Nem os sei descrever, distrai-me do que é viver
Passadas curtas ou caminhar a par doutros seres
Que não conheço, de cabelo mais vasto que o meu,
Incómodo o meu desejo de no infinito haver fim

E saber do que é feito tudo, havendo céu por-de-meio,
Ou então por-de-baixo um mundo que-se-não sabe, 
Templo Ilusório, alma lírica, extracto de tristeza, 
Loucura sem perdão, sou somente homilia, sentindo

Que sou nem quem, mas quem nem pareço, ausência 
Sem remédio e antes que o vento vença o cerro, antes
D'antes mesmo da cigarra e as semelhanças morrerão
comigo, anatómicas, como acontece a quem enlouquece

Triste por a última vida ter sido gasta num ápice,
Porém fiz ao sonhar triste aparência de tão pouco, 
De facto o que sou, quando exilo de-dentro de mim
O ruído de todo o mundo e mais o outro todo ...




Joel matos ((02/2017)
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click folk flop flux...




click folk flop ...



A magia é um click imperfeito
Que de quando em vez me falta
Umas vezes se dá de facto nest'alma
Outras à flor da pele e me arrepia

Tal qual escama de peixe-lua
E me dá frio a ironia é não fazer
Click's e crer na ilusão feita
De ter vara e ser mago d'folk

Assim tolo sou o mágico
Perfeito, ilusão o meu delito
Que funciona ou não tão bem
Quanto a outros d'ofício,click

E chapéu de bico agudo, flop-flux...




Joel Matos (02/2017
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Tudo e isto …





Tudo e isto …


Tenho por costume sentir tanto
Como se nada viesse doutros tinos, o uso 
Que tento dar ao sentir como sentisse 
Real tectos falsos, estou reduzido

Ao que sinto, sentindo tão pouco
Embora tanto, mas tampouco são
É o pensar que muda fácil, descalço-me
E subo os veios duma figueira-brava,

Não é inteligência nem puro raciocínio
Este jogar de cartas fácil por debaixo
Da mesa, são antes os dados da roleta, 
A raiz em números desta ilusão de dizer

Certas coisas que sinto como água benta
Correndo mil vezes mais lenta nas veias
Que chuva de parafina quando cai à vista
Fixa ao pensamento, se é que ele existe

Apenas porque o tento alcançar tanto,
Causa perdida tara breve, mentira, 
Embuste, simbiose, ficção que parece 
Quase graça mas faz lembrar maldição

Ou a guerra dos sentidos de encontro
Às paredes do enjoo, mais-valia eu ter
Estômago de mar-alto em vez de sentir tudo
E isto …




Joel Matos (02/2017) 
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Bizarro







Uma bizarra noção, a da palavra dita,
Pronuncia-se e acabou, se a escrevo
Se fixa, se vale ou não, depende do
Compositor e não da validade oportuna

E do espécime, mas bizarras, quanto
Mais melhor e belas, as ditas por nós
E os silêncios pelo meio e dentro, graças
À voz, outra noção bizarra, fraca ou grossa,

Dependendo do conjunto, corpo e alma
E a faculdade de ouvir, a crença, se de noite
Quando sente ou nota o coração mais, 
Se dia, dita perfeita e com fé que haja

Alguém ou algum caminho tal como o meu,
Bizarro, igual a ninguém, apenas a uma
Lembrança que em minha pronuncia há,
Bizarra noção a da palavra escrita, 

Magnífica quando nem o entendimento 
Entende, quanto mais o coração que 
Não soa ao eu poético, mas à razão, bizarra qb
Para ser poesia e ilusão de pertencer a gente

Duma bizarra nação, a da palavra "ditada- 
-Por-mim" ...









Joel Matos (02/2017)






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Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...