terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Frágil




Tenho sentimentos frágeis
Em golpes de malabarista e saltos
Que me dão segurança pouca
Em qualquer andaime frouxo

De Humano autentico.... 
Guerreiro-viajado, amante,
Tenho pensamentos voláteis,
Como velas acesas, regressões

Onde aprendo que não vivo
Pela primeira vez, mas sempre.
Ficou claro para mim em tempos,
Que cada um entende da cor

Dos sonhos a que lhe 
Convém, tendo-os ...
E então me arranho para 
Saber se estou a armar sonhos

E se não voa o voar que dou,
Agarro até à morte,
Estas frágeis aves letras, aquelas
Que doem de tanto nó que dou

Às magras relas de guelras que o 
Falar permite e sente
Eis quão fácil de sonhar 
Eu sou sendo eu a sonhar, velas...



Joel Matos (11/2015)
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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Zé_Luís-Filho...




Zé Luís Filho, Fialho
Pelo pai mas de mãe
Só-filho Zé, no cartório
Zé Luís filho ficou sendo,
De mãe solteira – Inês
Diz o povo que tinha
Outra alcunha mas ficou
Desde logo – a Pouca Inês
Zé Luís Filho da Pouca
Talvez por ser ingénua
Ou ter conhecido o Fialho
Filho da gente rica e “culta”,
De Estremoz a Vila Flor
Do Crato Aristocrática até
Ao fundo da braguilha
Que emprenhou a Bela
Inês esse era o nome dela
Antes do Fialho pôr
A pata nas virilhas, Bela Inês
– Boa como o milho..
Dizia o Fialho no Grémio
E os domingos na praça
pra quem queria ouvir,
– Boa na cama-
Zé Luís, Filho da Bela Inês
Cresceu seguro de si
Embora vivesse do lado de lá
Da estrada
Teve na encantadora mãe
Inês a realidade da alma
E as fontes que sorriam rosas
Do branco mais profundo
Que a natureza trazia no decote.

Joel Matos (10/2015)
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Há pessoas de linho-branco...














Há pessoas da constituição do linho,
Pessoas estandartes, pessoas bonitas
Nas arestas, outras no dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou de ângulos iguais,
Rectos, um funâmbulo da compreensão,
Criei-me entre o abismo e a sensação
De queda, num espaço fixo, opressor…
Há pessoas da constituição do tecido
Que nos tocam suavemente como seda,
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir, que consinto
E conservo nem sei eu porquê, ou como,
Há pessoas d’linho branco

Joel Matos (10/2015)
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De-Louco...




De-louco todos temos um pouco, confesso eu
e mais ou menos uma centena de trinta loucos
nem mais nem menos que qualquer um dos outros,
mas da miséria por companhia, foge-se mesmo coxo,
Como de um mau professor de álgebra e tranca-se
a porta por dentro, não vá ela ou ele voltarem
depois, a pedir alívio e alimento de sequela
de vampiros de folk Romeno de mau gosto
Ou Shakespeare sem tino, pressupondo
o louco ser eu, seria mais prático e lógico
o louco ser outro, que eu não, mas de álgebra
sei pouco ou quase nada, sou o iconoclasta
Da reputação alheia, matemático de imagens
feias e disformes, cáfilas de pobres
Moldavos e Romenos com dentes podres, morenos
como eu, sujos e sem o Shakespeare por escolha
Excélcia ou vampiresca, loucos somos todos,
eu pouco, eu pouco…

Joel Matos (19/2015)
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Não é preciso pedir...




Não é preciso pedir perdão
Solenemente , basta um aceno
Mudo da janela, ou do coração,
Deixar o peito roçar o queixo,
Para sentir que somos perdoados,
Como os poetas todos deviam ser,
Mesmo estando errados ou não,
Se for preciso perdoamos a dor
Avessa, como se fosse a nós alheia,
Perdoamos até o próprio pensar,
Quando é negro e ainda perdemos
A mossa do queixo no nosso peito,
Pensando não ser necessário
Agradecer esse simples perdão…

Joel Matos (10/2015)
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Lembrar me veio...






Hoje mudei,
Hoje mudei de um outro que fui,
Para os lagos e florestas que sou
E a minha alma ficou jardim,
Definido de uma maneira
Não exacta e de uma forma
Que nada diz a outros, hoje mudei
Do que fui, para o que há-de vir
Em mim e não fazem menos sentido
Aos lagos ribeiros e florestas
Em si verdades e não promessas,
Hoje mudei de um outro que fui,
Para o pouco que me resta ser,
A parte essencial fica por dizer
Ou cobre-se sobretudo de efeito,
Sobrando a causa do que vou ser…
(E depois do que fui, o lembrar
Me veio…)

Joel Matos (10/2015)
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É hoje o dia...




Hoje é o dia da imortalidade,
Contra um fundo de oliveiras
Flores mortais e castanheiros,
Percebi o que me suscita
Vida, nada mais que viver
Como se fosse imortal
Por mais um dia curto
E celebrá-lo nesta poesia,
Porque hoje, é meu o dia,
E tanto, em todos eles moro,
Morrerei “sine die”,
Um dia qualquer outro…

Joel matos (27/10/2015
Http://joel-matos.blogspot.com

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...