terça-feira, 3 de novembro de 2015

Há pessoas de linho-branco...














Há pessoas da constituição do linho,
Pessoas estandartes, pessoas bonitas
Nas arestas, outras no dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou de ângulos iguais,
Rectos, um funâmbulo da compreensão,
Criei-me entre o abismo e a sensação
De queda, num espaço fixo, opressor…
Há pessoas da constituição do tecido
Que nos tocam suavemente como seda,
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir, que consinto
E conservo nem sei eu porquê, ou como,
Há pessoas d’linho branco

Joel Matos (10/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

De-Louco...




De-louco todos temos um pouco, confesso eu
e mais ou menos uma centena de trinta loucos
nem mais nem menos que qualquer um dos outros,
mas da miséria por companhia, foge-se mesmo coxo,
Como de um mau professor de álgebra e tranca-se
a porta por dentro, não vá ela ou ele voltarem
depois, a pedir alívio e alimento de sequela
de vampiros de folk Romeno de mau gosto
Ou Shakespeare sem tino, pressupondo
o louco ser eu, seria mais prático e lógico
o louco ser outro, que eu não, mas de álgebra
sei pouco ou quase nada, sou o iconoclasta
Da reputação alheia, matemático de imagens
feias e disformes, cáfilas de pobres
Moldavos e Romenos com dentes podres, morenos
como eu, sujos e sem o Shakespeare por escolha
Excélcia ou vampiresca, loucos somos todos,
eu pouco, eu pouco…

Joel Matos (19/2015)
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Não é preciso pedir...




Não é preciso pedir perdão
Solenemente , basta um aceno
Mudo da janela, ou do coração,
Deixar o peito roçar o queixo,
Para sentir que somos perdoados,
Como os poetas todos deviam ser,
Mesmo estando errados ou não,
Se for preciso perdoamos a dor
Avessa, como se fosse a nós alheia,
Perdoamos até o próprio pensar,
Quando é negro e ainda perdemos
A mossa do queixo no nosso peito,
Pensando não ser necessário
Agradecer esse simples perdão…

Joel Matos (10/2015)
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Lembrar me veio...






Hoje mudei,
Hoje mudei de um outro que fui,
Para os lagos e florestas que sou
E a minha alma ficou jardim,
Definido de uma maneira
Não exacta e de uma forma
Que nada diz a outros, hoje mudei
Do que fui, para o que há-de vir
Em mim e não fazem menos sentido
Aos lagos ribeiros e florestas
Em si verdades e não promessas,
Hoje mudei de um outro que fui,
Para o pouco que me resta ser,
A parte essencial fica por dizer
Ou cobre-se sobretudo de efeito,
Sobrando a causa do que vou ser…
(E depois do que fui, o lembrar
Me veio…)

Joel Matos (10/2015)
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É hoje o dia...




Hoje é o dia da imortalidade,
Contra um fundo de oliveiras
Flores mortais e castanheiros,
Percebi o que me suscita
Vida, nada mais que viver
Como se fosse imortal
Por mais um dia curto
E celebrá-lo nesta poesia,
Porque hoje, é meu o dia,
E tanto, em todos eles moro,
Morrerei “sine die”,
Um dia qualquer outro…

Joel matos (27/10/2015
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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Governador de mim...







Sou governador de todas as derrotas,
O General desleal que a batalha perde,
Antes da guerra se anunciar na frente
De combate, um pedaço da muralha

De Jerusalém lá onde Abraão se lembrou
Ser pai dos judeus e arauto do Holocausto,
Genocídio de mim dentro e manso lamento,
Como manda aos vencidos lamber lento

As feridas , por certo sou o governador
Decretado para a derrota do Japão na guerra
Do Império,o "lambe-botas" de mim mesmo,
Flectido perante o "cabo-da-tola-esperança"

E o Adamastor do reino da intempérie,
Escuro, inquieto, que só me traz sofrimento ...
Em uma barca com varizes de lenho,
Passeei a renuncia, paralelo ao que os olhos vêm,

Bandeiras amarelas, sem a posologia no rótulo,
Nada sei para o caso de virem perguntar,
Reduzo-me ao, "sem saber como", sou governador
Da própria alma ou ela não precisa

Da prestação do mandato que trago comigo,
De momento não importa,
O que é inevitável é perder a guerra,
Ruidosamente e em força...




Joel matos (16/09/2015)
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E eu me amarro...









Eu me amarro para saber se estou a amar
E que não voa o amor que dôo, amarro até à morte
Estas letras que doem de tanto aperto que dou
Às amarras que o ar meu permite, no presente

Eu me amarro de vento e se um não bastar
Dos quatro e das maiores tempestades que acho
E com as quais rompo os estendais alheios,
Lambo os convés dos cargueiros amarrados,

Escancarados no cais do "esperar tempo demais",
Eu me amarro para saber se estou a amar
Ou sou um ignorante astronauta de sensações,
Oco do amor que tanto amarro como aperto

Contra este peito lasso de paixões que não sabe
Se ama e senão, porque dói tanto que atado
Não chega e o ar não se prende nem mesmo atando
O Prazer de amar sem mando como eu amo a vida,

A dor do prazer e o presente, amanhã passado,
Amansado e rente ao chão, amarrado à morte
Corrente, avassaladora, eu não, eu não sou quem,
Eu me amarro aos elementos mais agrestes da Terra,

Às mais profundas raízes deste mundo.
Me amarro de intenções, algumas erradas, outras certas,
Certo é que o vento muda de A a B, de lugar,
Mas o instinto não, o instinto é certo como o que sinto,

E eu me amarro...




Joel Matos (16/09/2015)
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Ave cantora...









Uma ave cantora gigante
À noite vem ter comigo,
É mesmo real a canção
Desta em meu coração

Convalescente da sede
Espiritual "do menos".
Pronunciou meu nome,
Tornou loucos os rios,

Uma ave cantora gigante,
Que não pude ver a cara,
À noite veio ter comigo,
No feitio d'alma humana,

É mesmo real o passar,
Dela no meu sonho,
E dela passei a fazer
Parte inteira, na construção

Que faço ao acordar
No coração dormente,
A sensação de ser divino,
Mesmo que não seja

Tudo isso, esta alma
De ave cantora e gigante,
A canção que canto,
Canta o acordar...



Joel Matos 10/09/2015)
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Duvido...






É outra vez do duvidar que duvido,
Do futuro de sentir e pra lém
Da espuma do que se sente evidente
Mas com um manto de dúvidas,tê-las

Sem maneira de deixarem de ser...
È outra vez do duvidar que duvido,
Do que acontece e foi já avistado,
Creio que em primeira mão

Por sentido que não duvido existir
Em mim,eu que antevejo o futuro
Mas não vejo nem me sinto presente,
Nem a conspiração entre ambos

È deste mundo , duvido de tudo,
Do sonho que me visita de noite,
E não se oculta, preferia ao que
Pode significar o sonhar em estrelas

À luz do dia e da vela, o oculto
Que não duvido existir noutros cantos
Do pensar inconsciente e o significado
Destes sonhos negros...escuros,

Ecos de milhares de almas que quero
Não deixar de sentir, como se as tivesse
Lendo no meu ouvido esquerdo,
Esquecido e esquivo ...



Joel Matos (2015/09)
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Quanto do malho é aço...





Quando o malho é aço e cinza
Mais me dedico ao azul tinta,
Eu feiticeiro de maré farsa, se
Neste mar torácico incenso ateio,

Quando o mais é cinza e aço tinto
Mais disfarço na maldita escrita
A taça e o desejo da maré venha,
Quase um quarto do mar é manso

Dele sofro, quando o mais é aço 
E mais faço da escrita palha feno
E desejo a mar e cheia, a chama
E faço de conta ser sósia, visto

De fato impresso, cinza comum
Com a janela de baixo, cerrada
Quando o mais é aço e ferro em V
Mais evitável me sinto, acabado 

E concluído, falso evidente
E tosco como ranço pegado
Ao fundo de garrafa de azeite
Velha vazia, vasilhame, vaso

Quando para os demais é exacto
E fácil, para mim é intáctil e falácia
Trapo, troco do barbeiro-do-fio-de-corte...




Joel Matos (26/08/2015)
http://joel-matos.blogspot.com





Carpe Diem
Há pessoas da constituição do linho
Pessoas estandartes pessoas bonitas,lindas
Nas arestas outras de dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou das de ângulos iguais

Rectos, um funâmbulo da compreensão 
Criei-me entre o abismo e a sensação 
De queda, num espaço fixo, opressor...
Há pessoas da constituição do tecido

Que nos tocam suavemente como seda
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir que consinto
E conservo nem sei eu porquê ou como

J.S.


Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...