segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Governador de mim...







Sou governador de todas as derrotas,
O General desleal que a batalha perde,
Antes da guerra se anunciar na frente
De combate, um pedaço da muralha

De Jerusalém lá onde Abraão se lembrou
Ser pai dos judeus e arauto do Holocausto,
Genocídio de mim dentro e manso lamento,
Como manda aos vencidos lamber lento

As feridas , por certo sou o governador
Decretado para a derrota do Japão na guerra
Do Império,o "lambe-botas" de mim mesmo,
Flectido perante o "cabo-da-tola-esperança"

E o Adamastor do reino da intempérie,
Escuro, inquieto, que só me traz sofrimento ...
Em uma barca com varizes de lenho,
Passeei a renuncia, paralelo ao que os olhos vêm,

Bandeiras amarelas, sem a posologia no rótulo,
Nada sei para o caso de virem perguntar,
Reduzo-me ao, "sem saber como", sou governador
Da própria alma ou ela não precisa

Da prestação do mandato que trago comigo,
De momento não importa,
O que é inevitável é perder a guerra,
Ruidosamente e em força...




Joel matos (16/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

E eu me amarro...









Eu me amarro para saber se estou a amar
E que não voa o amor que dôo, amarro até à morte
Estas letras que doem de tanto aperto que dou
Às amarras que o ar meu permite, no presente

Eu me amarro de vento e se um não bastar
Dos quatro e das maiores tempestades que acho
E com as quais rompo os estendais alheios,
Lambo os convés dos cargueiros amarrados,

Escancarados no cais do "esperar tempo demais",
Eu me amarro para saber se estou a amar
Ou sou um ignorante astronauta de sensações,
Oco do amor que tanto amarro como aperto

Contra este peito lasso de paixões que não sabe
Se ama e senão, porque dói tanto que atado
Não chega e o ar não se prende nem mesmo atando
O Prazer de amar sem mando como eu amo a vida,

A dor do prazer e o presente, amanhã passado,
Amansado e rente ao chão, amarrado à morte
Corrente, avassaladora, eu não, eu não sou quem,
Eu me amarro aos elementos mais agrestes da Terra,

Às mais profundas raízes deste mundo.
Me amarro de intenções, algumas erradas, outras certas,
Certo é que o vento muda de A a B, de lugar,
Mas o instinto não, o instinto é certo como o que sinto,

E eu me amarro...




Joel Matos (16/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Ave cantora...









Uma ave cantora gigante
À noite vem ter comigo,
É mesmo real a canção
Desta em meu coração

Convalescente da sede
Espiritual "do menos".
Pronunciou meu nome,
Tornou loucos os rios,

Uma ave cantora gigante,
Que não pude ver a cara,
À noite veio ter comigo,
No feitio d'alma humana,

É mesmo real o passar,
Dela no meu sonho,
E dela passei a fazer
Parte inteira, na construção

Que faço ao acordar
No coração dormente,
A sensação de ser divino,
Mesmo que não seja

Tudo isso, esta alma
De ave cantora e gigante,
A canção que canto,
Canta o acordar...



Joel Matos 10/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Duvido...






É outra vez do duvidar que duvido,
Do futuro de sentir e pra lém
Da espuma do que se sente evidente
Mas com um manto de dúvidas,tê-las

Sem maneira de deixarem de ser...
È outra vez do duvidar que duvido,
Do que acontece e foi já avistado,
Creio que em primeira mão

Por sentido que não duvido existir
Em mim,eu que antevejo o futuro
Mas não vejo nem me sinto presente,
Nem a conspiração entre ambos

È deste mundo , duvido de tudo,
Do sonho que me visita de noite,
E não se oculta, preferia ao que
Pode significar o sonhar em estrelas

À luz do dia e da vela, o oculto
Que não duvido existir noutros cantos
Do pensar inconsciente e o significado
Destes sonhos negros...escuros,

Ecos de milhares de almas que quero
Não deixar de sentir, como se as tivesse
Lendo no meu ouvido esquerdo,
Esquecido e esquivo ...



Joel Matos (2015/09)
http://joel-matos.blogspot.com

Quanto do malho é aço...





Quando o malho é aço e cinza
Mais me dedico ao azul tinta,
Eu feiticeiro de maré farsa, se
Neste mar torácico incenso ateio,

Quando o mais é cinza e aço tinto
Mais disfarço na maldita escrita
A taça e o desejo da maré venha,
Quase um quarto do mar é manso

Dele sofro, quando o mais é aço 
E mais faço da escrita palha feno
E desejo a mar e cheia, a chama
E faço de conta ser sósia, visto

De fato impresso, cinza comum
Com a janela de baixo, cerrada
Quando o mais é aço e ferro em V
Mais evitável me sinto, acabado 

E concluído, falso evidente
E tosco como ranço pegado
Ao fundo de garrafa de azeite
Velha vazia, vasilhame, vaso

Quando para os demais é exacto
E fácil, para mim é intáctil e falácia
Trapo, troco do barbeiro-do-fio-de-corte...




Joel Matos (26/08/2015)
http://joel-matos.blogspot.com





Carpe Diem
Há pessoas da constituição do linho
Pessoas estandartes pessoas bonitas,lindas
Nas arestas outras de dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou das de ângulos iguais

Rectos, um funâmbulo da compreensão 
Criei-me entre o abismo e a sensação 
De queda, num espaço fixo, opressor...
Há pessoas da constituição do tecido

Que nos tocam suavemente como seda
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir que consinto
E conservo nem sei eu porquê ou como

J.S.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Pois tudo o que se move é sagrado.



Muito mais que estas raízes férreas,
Tudo que é sagrado, penso ver
No ar, que me move o pensamento
Na direcção do céu, mais que raízes,

Estas tão térreas, não que não seja
Dum lugar sagrado, mas o desejo,
É penetrar nos sentidos dos céus,
Que me tiram o fôlego de madrugada,

E ao sol deposto, pois tudo quanto
Se move é sagrado e quando
Está quieto é terra, e dizer que amo,
Não chega, a Terra não entende

Nem eu a entendo, (me desminto)
Muito mais que estas raízes,
Estático é meu corpo e certa
A insatisfação deste pensar de pedra

Feito mas sustenta no meu ar,
As raízes que pensava caírem dos céus,
Meu sustento aqui na Terra,
Num desalinho total de raízes aéreas,

E céus tão meus, mas tão distos,
Quando da terra o céu me arrepia
A pele, mesmo quando não há estrelas,
E nem o céu fala comigo a noitinha,

Dizendo que me ama e sou seu,
Quanto mais estas raízes térreas,
Tíbias e finas...efémeras,brancas...



Joel Matos (18/08/2015

http://joel-matos.blogspot.com

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Como é possível...



Como é possível, sem nada
Saber, tudo o que interessa
Ao entendimento, eu saber,
Do que de mim não entenda

Eu,se nem por onde vou,
Me é possível saber, se voo
O voo que posso voar, quedo,
Ou se me convenço, que vou

Onde não posso ir,como é
Possível que me conheça,
Senão num bocado, nesse
Que a ninguém convence,de cabeça

Mais parece que sou todo
Eu que aqui estive e estou
Perante vós, mas não estou
Nem estive, nem sou visto,

Como é possível eu ser nada,
Mais isso e perceber tudo isto,
Como a um cego sem ver,
Eu persiga…

Joel Matos (06/08/2015)
HTTP://namastibet.blogspot.com

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...