segunda-feira, 28 de setembro de 2015

E eu me amarro...









Eu me amarro para saber se estou a amar
E que não voa o amor que dôo, amarro até à morte
Estas letras que doem de tanto aperto que dou
Às amarras que o ar meu permite, no presente

Eu me amarro de vento e se um não bastar
Dos quatro e das maiores tempestades que acho
E com as quais rompo os estendais alheios,
Lambo os convés dos cargueiros amarrados,

Escancarados no cais do "esperar tempo demais",
Eu me amarro para saber se estou a amar
Ou sou um ignorante astronauta de sensações,
Oco do amor que tanto amarro como aperto

Contra este peito lasso de paixões que não sabe
Se ama e senão, porque dói tanto que atado
Não chega e o ar não se prende nem mesmo atando
O Prazer de amar sem mando como eu amo a vida,

A dor do prazer e o presente, amanhã passado,
Amansado e rente ao chão, amarrado à morte
Corrente, avassaladora, eu não, eu não sou quem,
Eu me amarro aos elementos mais agrestes da Terra,

Às mais profundas raízes deste mundo.
Me amarro de intenções, algumas erradas, outras certas,
Certo é que o vento muda de A a B, de lugar,
Mas o instinto não, o instinto é certo como o que sinto,

E eu me amarro...




Joel Matos (16/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Ave cantora...









Uma ave cantora gigante
À noite vem ter comigo,
É mesmo real a canção
Desta em meu coração

Convalescente da sede
Espiritual "do menos".
Pronunciou meu nome,
Tornou loucos os rios,

Uma ave cantora gigante,
Que não pude ver a cara,
À noite veio ter comigo,
No feitio d'alma humana,

É mesmo real o passar,
Dela no meu sonho,
E dela passei a fazer
Parte inteira, na construção

Que faço ao acordar
No coração dormente,
A sensação de ser divino,
Mesmo que não seja

Tudo isso, esta alma
De ave cantora e gigante,
A canção que canto,
Canta o acordar...



Joel Matos 10/09/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

Duvido...






É outra vez do duvidar que duvido,
Do futuro de sentir e pra lém
Da espuma do que se sente evidente
Mas com um manto de dúvidas,tê-las

Sem maneira de deixarem de ser...
È outra vez do duvidar que duvido,
Do que acontece e foi já avistado,
Creio que em primeira mão

Por sentido que não duvido existir
Em mim,eu que antevejo o futuro
Mas não vejo nem me sinto presente,
Nem a conspiração entre ambos

È deste mundo , duvido de tudo,
Do sonho que me visita de noite,
E não se oculta, preferia ao que
Pode significar o sonhar em estrelas

À luz do dia e da vela, o oculto
Que não duvido existir noutros cantos
Do pensar inconsciente e o significado
Destes sonhos negros...escuros,

Ecos de milhares de almas que quero
Não deixar de sentir, como se as tivesse
Lendo no meu ouvido esquerdo,
Esquecido e esquivo ...



Joel Matos (2015/09)
http://joel-matos.blogspot.com

Quanto do malho é aço...





Quando o malho é aço e cinza
Mais me dedico ao azul tinta,
Eu feiticeiro de maré farsa, se
Neste mar torácico incenso ateio,

Quando o mais é cinza e aço tinto
Mais disfarço na maldita escrita
A taça e o desejo da maré venha,
Quase um quarto do mar é manso

Dele sofro, quando o mais é aço 
E mais faço da escrita palha feno
E desejo a mar e cheia, a chama
E faço de conta ser sósia, visto

De fato impresso, cinza comum
Com a janela de baixo, cerrada
Quando o mais é aço e ferro em V
Mais evitável me sinto, acabado 

E concluído, falso evidente
E tosco como ranço pegado
Ao fundo de garrafa de azeite
Velha vazia, vasilhame, vaso

Quando para os demais é exacto
E fácil, para mim é intáctil e falácia
Trapo, troco do barbeiro-do-fio-de-corte...




Joel Matos (26/08/2015)
http://joel-matos.blogspot.com





Carpe Diem
Há pessoas da constituição do linho
Pessoas estandartes pessoas bonitas,lindas
Nas arestas outras de dentro, há pessoas
De ficção mas eu sou das de ângulos iguais

Rectos, um funâmbulo da compreensão 
Criei-me entre o abismo e a sensação 
De queda, num espaço fixo, opressor...
Há pessoas da constituição do tecido

Que nos tocam suavemente como seda
Absurdo é eu continuar vazio de formas
E cheio do nada sentir que consinto
E conservo nem sei eu porquê ou como

J.S.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Pois tudo o que se move é sagrado.



Muito mais que estas raízes férreas,
Tudo que é sagrado, penso ver
No ar, que me move o pensamento
Na direcção do céu, mais que raízes,

Estas tão térreas, não que não seja
Dum lugar sagrado, mas o desejo,
É penetrar nos sentidos dos céus,
Que me tiram o fôlego de madrugada,

E ao sol deposto, pois tudo quanto
Se move é sagrado e quando
Está quieto é terra, e dizer que amo,
Não chega, a Terra não entende

Nem eu a entendo, (me desminto)
Muito mais que estas raízes,
Estático é meu corpo e certa
A insatisfação deste pensar de pedra

Feito mas sustenta no meu ar,
As raízes que pensava caírem dos céus,
Meu sustento aqui na Terra,
Num desalinho total de raízes aéreas,

E céus tão meus, mas tão distos,
Quando da terra o céu me arrepia
A pele, mesmo quando não há estrelas,
E nem o céu fala comigo a noitinha,

Dizendo que me ama e sou seu,
Quanto mais estas raízes térreas,
Tíbias e finas...efémeras,brancas...



Joel Matos (18/08/2015

http://joel-matos.blogspot.com

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Como é possível...



Como é possível, sem nada
Saber, tudo o que interessa
Ao entendimento, eu saber,
Do que de mim não entenda

Eu,se nem por onde vou,
Me é possível saber, se voo
O voo que posso voar, quedo,
Ou se me convenço, que vou

Onde não posso ir,como é
Possível que me conheça,
Senão num bocado, nesse
Que a ninguém convence,de cabeça

Mais parece que sou todo
Eu que aqui estive e estou
Perante vós, mas não estou
Nem estive, nem sou visto,

Como é possível eu ser nada,
Mais isso e perceber tudo isto,
Como a um cego sem ver,
Eu persiga…

Joel Matos (06/08/2015)
HTTP://namastibet.blogspot.com

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pouco original...





Finjo a origem,
Mas ao original
Sou obediente,
É o meu espírito,

Embora finja
Ter um, original
E diferente cada dia,
Ao qual obedeço

Cegamente. Agora
Que me alimento
Pelo olhar,
Finjo cegueira...

(Finjo a origem
Do meu pensar)
-Entre parênteses,
Porque não aparento,

O pensar que finjo,
Mas finjo o pensar
Que afinal penso,
Comum e normal

E sou obediente,
Como um cego, ao cão
E ao meu espírito,
Tampouco fiel, eu dele,

Nem ele originalmente
Meu dono ...


Joel Matos (16/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mezzo....





Penso que não sou um poeta ileso,
Sou, antes de tudo mais,"ilido"
Mas mesmo poeta,

Nem um terço sou,
Embora fale como um, penso
De mim menos do que peso
Ou pesa a instituição deles,

Pensão a que não pertenço
De coração, sou lobo esfomeado,
E solitário com algum fogo-fátuo,
E intuição a jeito de "mezzo",

Nem poeta sou, por isso
Me travisto como tal, de louco
Pra parecer um outro, "esquizzo"
Que não sou, mas pareço,

Assim sou menos quem sou,
E mais de qualquer um dos que ouço,
Faço d'outro em que se não confia
Duas vezes,feijão frade, sou lasso

Por fora e por dentro falso filósofo,
Ruibarbo da aparência, liso
Postiço ...dou tudo o que tenho
Em mim, menos eu,represento

O que aparentemente sou,
Não sofro nem padeço
Do coração, como parece,
Em mim nada se passa,

Do que aparento, sou outro
Que aqui está e não o que quero
Ser, em mim incompleto, "Mezzo",
Meço daqui ao que não tenho,

Apenas uma braça de bem-crença,
Desde a raiz até a ponta do cabelo,
É o que esta alma incompleta mede,
E desconfio que nem a tenho,

No lugar onde a deveria ter eu, nos rins
É um facto e um fardo, a vida
Esta que carrego, sem a ter
De facto e não espero que me agradeçam

Com sorrisos, por continuar sentado em todas
As vidas que represento em vida,
Falo por avença no que sou, sem ser,
Sendo, faltam três terços pra ser poeta,

Sejam eles quem forem, pois sou eu
Tão pequeno ou tão "mezzo",
Mas mesmo, mesmo,mesmo...


Joel Matos (13/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

L

terça-feira, 7 de julho de 2015

Eu passei por aqui...




Eu passei por aqui sim,
Para gastar o tempo
E a espuma dos dias 
Úteis, não digo inúteis 

Para não romper a cadeia
Dos vários e leais locais 
Por onde passo os dias
Por aqui passei eu sim,

Apesar de não ter ponte
Nem estrada por onde
Passar adiante, a memoria
Dos dias não me precede

Mas os dias que passei
Por aqui são o que de mim
Conheço e o que terei
De mais longínquo 

Quando todos os meus dias
Devotos terminarem de pensar
E o pousar do pó depois
De eu passar por aqui

Sem mais tempo pra gastar
Nesta estrada sem estada
Nem ponte nem nada,
Eu passei por aqui...sim.


Joel Matos (03/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com


sábado, 6 de junho de 2015

Posso soltar as asas...




Posso soltar as asas,
Abalar no vento,
Prender-me á liberdade,
Como um nómada d'outro tempo,

Mas só voo, se me fizer
Soltar do medo e do pensar,
posso soltar as asas,
E deixar a alma

presa ao peito,
Que jamais isso, 
Será voar a sério, sem volta
Nem pesar...

Sou tanto livre,
Quanto o coração
Me faça desaprender, 
D’o sentir normal.

Posso soltar as asas,
Pra aliviar o peso,
Mas penso simplesmente,
Que voar é adicionar-me ao vento,

Sem o apetrecho
Que carrego desde sempre e o peso 
Enganchado deste jeito,
Ao corpo morto,

Ele todo, ele todo…


Joel matos (03/06/2015)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...