terça-feira, 25 de agosto de 2015

Pois tudo o que se move é sagrado.



Muito mais que estas raízes férreas,
Tudo que é sagrado, penso ver
No ar, que me move o pensamento
Na direcção do céu, mais que raízes,

Estas tão térreas, não que não seja
Dum lugar sagrado, mas o desejo,
É penetrar nos sentidos dos céus,
Que me tiram o fôlego de madrugada,

E ao sol deposto, pois tudo quanto
Se move é sagrado e quando
Está quieto é terra, e dizer que amo,
Não chega, a Terra não entende

Nem eu a entendo, (me desminto)
Muito mais que estas raízes,
Estático é meu corpo e certa
A insatisfação deste pensar de pedra

Feito mas sustenta no meu ar,
As raízes que pensava caírem dos céus,
Meu sustento aqui na Terra,
Num desalinho total de raízes aéreas,

E céus tão meus, mas tão distos,
Quando da terra o céu me arrepia
A pele, mesmo quando não há estrelas,
E nem o céu fala comigo a noitinha,

Dizendo que me ama e sou seu,
Quanto mais estas raízes térreas,
Tíbias e finas...efémeras,brancas...



Joel Matos (18/08/2015

http://joel-matos.blogspot.com

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Como é possível...



Como é possível, sem nada
Saber, tudo o que interessa
Ao entendimento, eu saber,
Do que de mim não entenda

Eu,se nem por onde vou,
Me é possível saber, se voo
O voo que posso voar, quedo,
Ou se me convenço, que vou

Onde não posso ir,como é
Possível que me conheça,
Senão num bocado, nesse
Que a ninguém convence,de cabeça

Mais parece que sou todo
Eu que aqui estive e estou
Perante vós, mas não estou
Nem estive, nem sou visto,

Como é possível eu ser nada,
Mais isso e perceber tudo isto,
Como a um cego sem ver,
Eu persiga…

Joel Matos (06/08/2015)
HTTP://namastibet.blogspot.com

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pouco original...





Finjo a origem,
Mas ao original
Sou obediente,
É o meu espírito,

Embora finja
Ter um, original
E diferente cada dia,
Ao qual obedeço

Cegamente. Agora
Que me alimento
Pelo olhar,
Finjo cegueira...

(Finjo a origem
Do meu pensar)
-Entre parênteses,
Porque não aparento,

O pensar que finjo,
Mas finjo o pensar
Que afinal penso,
Comum e normal

E sou obediente,
Como um cego, ao cão
E ao meu espírito,
Tampouco fiel, eu dele,

Nem ele originalmente
Meu dono ...


Joel Matos (16/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mezzo....





Penso que não sou um poeta ileso,
Sou, antes de tudo mais,"ilido"
Mas mesmo poeta,

Nem um terço sou,
Embora fale como um, penso
De mim menos do que peso
Ou pesa a instituição deles,

Pensão a que não pertenço
De coração, sou lobo esfomeado,
E solitário com algum fogo-fátuo,
E intuição a jeito de "mezzo",

Nem poeta sou, por isso
Me travisto como tal, de louco
Pra parecer um outro, "esquizzo"
Que não sou, mas pareço,

Assim sou menos quem sou,
E mais de qualquer um dos que ouço,
Faço d'outro em que se não confia
Duas vezes,feijão frade, sou lasso

Por fora e por dentro falso filósofo,
Ruibarbo da aparência, liso
Postiço ...dou tudo o que tenho
Em mim, menos eu,represento

O que aparentemente sou,
Não sofro nem padeço
Do coração, como parece,
Em mim nada se passa,

Do que aparento, sou outro
Que aqui está e não o que quero
Ser, em mim incompleto, "Mezzo",
Meço daqui ao que não tenho,

Apenas uma braça de bem-crença,
Desde a raiz até a ponta do cabelo,
É o que esta alma incompleta mede,
E desconfio que nem a tenho,

No lugar onde a deveria ter eu, nos rins
É um facto e um fardo, a vida
Esta que carrego, sem a ter
De facto e não espero que me agradeçam

Com sorrisos, por continuar sentado em todas
As vidas que represento em vida,
Falo por avença no que sou, sem ser,
Sendo, faltam três terços pra ser poeta,

Sejam eles quem forem, pois sou eu
Tão pequeno ou tão "mezzo",
Mas mesmo, mesmo,mesmo...


Joel Matos (13/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

L

terça-feira, 7 de julho de 2015

Eu passei por aqui...




Eu passei por aqui sim,
Para gastar o tempo
E a espuma dos dias 
Úteis, não digo inúteis 

Para não romper a cadeia
Dos vários e leais locais 
Por onde passo os dias
Por aqui passei eu sim,

Apesar de não ter ponte
Nem estrada por onde
Passar adiante, a memoria
Dos dias não me precede

Mas os dias que passei
Por aqui são o que de mim
Conheço e o que terei
De mais longínquo 

Quando todos os meus dias
Devotos terminarem de pensar
E o pousar do pó depois
De eu passar por aqui

Sem mais tempo pra gastar
Nesta estrada sem estada
Nem ponte nem nada,
Eu passei por aqui...sim.


Joel Matos (03/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com


sábado, 6 de junho de 2015

Posso soltar as asas...




Posso soltar as asas,
Abalar no vento,
Prender-me á liberdade,
Como um nómada d'outro tempo,

Mas só voo, se me fizer
Soltar do medo e do pensar,
posso soltar as asas,
E deixar a alma

presa ao peito,
Que jamais isso, 
Será voar a sério, sem volta
Nem pesar...

Sou tanto livre,
Quanto o coração
Me faça desaprender, 
D’o sentir normal.

Posso soltar as asas,
Pra aliviar o peso,
Mas penso simplesmente,
Que voar é adicionar-me ao vento,

Sem o apetrecho
Que carrego desde sempre e o peso 
Enganchado deste jeito,
Ao corpo morto,

Ele todo, ele todo…


Joel matos (03/06/2015)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Homem Anão.









Homem anão.


Quantos Himalaias, quantos esconsos penedos
Deixámos de subir por faltar em nossas veias
As reais, paredes, alicerces e sem aparente razão
Ou medo das ameias, quando os penedos

Escuros, escudos nossos são, varas verdes
Sem jeito nem nosso respeito plo que as costas
Da natureza sente nas crostas e charcas
Mas consente não, consente não,

Quantas propostas e sermões damos a peixes,
E daremos em vão, sem nós mesmos neles crermos,
Quanto da nossa clarividência negamos
No nosso desassossego de cidade intencional,

Quantos dias temos em que o desapego vivemos não
Ou mais ou menos inconscientes, bêbados,
Quantos dias de comprimento tem uma vagem, parecidos sois
Mas superiores a mim,  todos servindo de pouco a quem não,

Quantos dias a menos tem um ano, de esperança em renascermos,
Quantas memorias do que fomos em criança e dos brinquedos,
Quando se está velho e "de parte",
Quanto somos? porque noutra parte de nós mesmos,

Menos tempo para o que fomos temos, neste coração
Sem dia, sem ano, nem termo,
Quantos dias a menos tem o ano dum crente, ateu
Velho, inadaptável, indesejável sem aptidão,
Na pseudo-alma das memórias deslembradas,

Que os velhos têm, sem não...sem não,
Nós somos o artifício e artífices de nós,
Quer façamos castelos nas nuvens,
Ou guardemos dragões nas nossas caves,

Quer castremos eunucos, pela voz,
"D. Juans" em lenços de linho fino,
Homens palha, ninfas do Danúbio, Homem puro,
Homem Dúvida, bezerro d'ouro,

Homem de latão, Idolatra,
Divisão (não apenas semântica),
Mais parece falta de chão,
Séptico, sem paixão, assintomático,
Que Homem estes são? ..Homens não,

Homem anão




http://namastibetpoems.blogspot.com

Joel Matos (09/04/2015)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...