sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pouco original...





Finjo a origem,
Mas ao original
Sou obediente,
É o meu espírito,

Embora finja
Ter um, original
E diferente cada dia,
Ao qual obedeço

Cegamente. Agora
Que me alimento
Pelo olhar,
Finjo cegueira...

(Finjo a origem
Do meu pensar)
-Entre parênteses,
Porque não aparento,

O pensar que finjo,
Mas finjo o pensar
Que afinal penso,
Comum e normal

E sou obediente,
Como um cego, ao cão
E ao meu espírito,
Tampouco fiel, eu dele,

Nem ele originalmente
Meu dono ...


Joel Matos (16/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mezzo....





Penso que não sou um poeta ileso,
Sou, antes de tudo mais,"ilido"
Mas mesmo poeta,

Nem um terço sou,
Embora fale como um, penso
De mim menos do que peso
Ou pesa a instituição deles,

Pensão a que não pertenço
De coração, sou lobo esfomeado,
E solitário com algum fogo-fátuo,
E intuição a jeito de "mezzo",

Nem poeta sou, por isso
Me travisto como tal, de louco
Pra parecer um outro, "esquizzo"
Que não sou, mas pareço,

Assim sou menos quem sou,
E mais de qualquer um dos que ouço,
Faço d'outro em que se não confia
Duas vezes,feijão frade, sou lasso

Por fora e por dentro falso filósofo,
Ruibarbo da aparência, liso
Postiço ...dou tudo o que tenho
Em mim, menos eu,represento

O que aparentemente sou,
Não sofro nem padeço
Do coração, como parece,
Em mim nada se passa,

Do que aparento, sou outro
Que aqui está e não o que quero
Ser, em mim incompleto, "Mezzo",
Meço daqui ao que não tenho,

Apenas uma braça de bem-crença,
Desde a raiz até a ponta do cabelo,
É o que esta alma incompleta mede,
E desconfio que nem a tenho,

No lugar onde a deveria ter eu, nos rins
É um facto e um fardo, a vida
Esta que carrego, sem a ter
De facto e não espero que me agradeçam

Com sorrisos, por continuar sentado em todas
As vidas que represento em vida,
Falo por avença no que sou, sem ser,
Sendo, faltam três terços pra ser poeta,

Sejam eles quem forem, pois sou eu
Tão pequeno ou tão "mezzo",
Mas mesmo, mesmo,mesmo...


Joel Matos (13/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

L

terça-feira, 7 de julho de 2015

Eu passei por aqui...




Eu passei por aqui sim,
Para gastar o tempo
E a espuma dos dias 
Úteis, não digo inúteis 

Para não romper a cadeia
Dos vários e leais locais 
Por onde passo os dias
Por aqui passei eu sim,

Apesar de não ter ponte
Nem estrada por onde
Passar adiante, a memoria
Dos dias não me precede

Mas os dias que passei
Por aqui são o que de mim
Conheço e o que terei
De mais longínquo 

Quando todos os meus dias
Devotos terminarem de pensar
E o pousar do pó depois
De eu passar por aqui

Sem mais tempo pra gastar
Nesta estrada sem estada
Nem ponte nem nada,
Eu passei por aqui...sim.


Joel Matos (03/07/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com


sábado, 6 de junho de 2015

Posso soltar as asas...




Posso soltar as asas,
Abalar no vento,
Prender-me á liberdade,
Como um nómada d'outro tempo,

Mas só voo, se me fizer
Soltar do medo e do pensar,
posso soltar as asas,
E deixar a alma

presa ao peito,
Que jamais isso, 
Será voar a sério, sem volta
Nem pesar...

Sou tanto livre,
Quanto o coração
Me faça desaprender, 
D’o sentir normal.

Posso soltar as asas,
Pra aliviar o peso,
Mas penso simplesmente,
Que voar é adicionar-me ao vento,

Sem o apetrecho
Que carrego desde sempre e o peso 
Enganchado deste jeito,
Ao corpo morto,

Ele todo, ele todo…


Joel matos (03/06/2015)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Homem Anão.









Homem anão.


Quantos Himalaias, quantos esconsos penedos
Deixámos de subir por faltar em nossas veias
As reais, paredes, alicerces e sem aparente razão
Ou medo das ameias, quando os penedos

Escuros, escudos nossos são, varas verdes
Sem jeito nem nosso respeito plo que as costas
Da natureza sente nas crostas e charcas
Mas consente não, consente não,

Quantas propostas e sermões damos a peixes,
E daremos em vão, sem nós mesmos neles crermos,
Quanto da nossa clarividência negamos
No nosso desassossego de cidade intencional,

Quantos dias temos em que o desapego vivemos não
Ou mais ou menos inconscientes, bêbados,
Quantos dias de comprimento tem uma vagem, parecidos sois
Mas superiores a mim,  todos servindo de pouco a quem não,

Quantos dias a menos tem um ano, de esperança em renascermos,
Quantas memorias do que fomos em criança e dos brinquedos,
Quando se está velho e "de parte",
Quanto somos? porque noutra parte de nós mesmos,

Menos tempo para o que fomos temos, neste coração
Sem dia, sem ano, nem termo,
Quantos dias a menos tem o ano dum crente, ateu
Velho, inadaptável, indesejável sem aptidão,
Na pseudo-alma das memórias deslembradas,

Que os velhos têm, sem não...sem não,
Nós somos o artifício e artífices de nós,
Quer façamos castelos nas nuvens,
Ou guardemos dragões nas nossas caves,

Quer castremos eunucos, pela voz,
"D. Juans" em lenços de linho fino,
Homens palha, ninfas do Danúbio, Homem puro,
Homem Dúvida, bezerro d'ouro,

Homem de latão, Idolatra,
Divisão (não apenas semântica),
Mais parece falta de chão,
Séptico, sem paixão, assintomático,
Que Homem estes são? ..Homens não,

Homem anão




http://namastibetpoems.blogspot.com

Joel Matos (09/04/2015)

sábado, 28 de março de 2015

Cansei.




Cansei de ser chuva,
Por quem nunca fui
Choverei d'enxurrada.
Cansei de chegadas

Morri de chegares,
Reclamei da estrada
Onde não passas,ou viv'alma,
Fiz do sonhar,

Milhares de coisas,
Inclusive cansar,
De pensar que o sonho
Me lavava,

E ele me levou
Ao mar covo,
onde não fui nunca,
No caminho,

Ainda pensei,
Voltar à terra,
Onde chorei enxurradas,
Por tudo e nada,

Sem caminho ou estrada,
A me tentarem,
Mudar a jornada.
Mil coisas

Inventei, mas levantei
E fui onde nunca
Cansei de ser eu,
Curva d'estrada,

Enxurrada, chuva,
Tudo ou nada,
Viv'alma, sonho,
Oxalá não chova tanto,

Pra voltar a ser
Feliz, neste
Outro quarto de lua,
Ou na rua.


Joel matos (28/03/2015)
http://joel-matos.blogspot.com

quarta-feira, 25 de março de 2015

Da suavidade.





A suavidade dos teus beijos
Arrepia-me como um banho
De hidromel e essências leves
Penas e sais desse teu leque

Pendessem dos braços, diria
Serem asas borboletas, aves
De penugens esses braços teus,
A suavidade breve dos beijos,

Prendem a mim, Deuses e Cristo
E todos os anjos do acrílico
Tecto, que a Cistina capela
Tem, nos sete véus de tintas

E em breus donde negro visto
Nem temer cristo, beijos embutidos
Como os teus nas frágeis vestes.
O tempo não suaviza a face dum velho

Tonto mas o sonho...ah! o sonho...
É como um banho de essência leve
Leve com os teus beijos de canja
Arcanja és, tal como Ofélia D'Elsenor


Joel Matos (25/03/2015)

Pra lá do crepúsculo

Pra lá do crepúsculo Deixei de ser aquele que esperava, Pra ser outro’quele que s’perando Em espera se converteu, alternando Despojo com eng...