sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Meto os chinelos na beira da cama...






Meto os chinelos na beira da cama,
À cabeceira, o que acreditava, aos pés
A moldura do Cristo com a chama
No coração fixo e a silhueta

Que me espera na sombra do hall ,
De noite, enorme, maior do que eu
Pensava ela ser, ou pudesse ter
A sombra do vão, - do nada me chama,

Meto os chinelos na ponta da cama,
No lado oposto de tudo que lembrará
Ao mundo a minha estranha estória,
De tudo que não compreendi, nem disse

Por dizer, tudo o que leve a sombra,
A mão que deve-me levar da vida
Pra fora, da cabeceira para o vão
Alçapão, incerto vaso onde não tive,

Nem creio, entre o céu, o mundo
E o agora, meu limite tem cerca,
Meto os chinelos na lomba da cama,
Pois no hall o universo espera, pára,

Concebê-lo, eu consigo, mas entre
Mim e ele há um limite e tudo isto
Que é, existe entre ele e mim,
Sem ter de ser assim maior, o medo

Do que ele é na raiz da minha pele,
E no cabelo.


Joel Matos (01/2015)

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