Quando olho para mim, de cima de meus passos
E’ que sinto as mágoas e percebo
A razão deste existir nascido anão, junto ao chão,
Da azia e da sensação de respirar,
Tão parecida com o medo de morar
No dia a dias da vida, de existir, se deixei
Pra traz a alegria de ser criança,
A aldeia dos meus caiados traços...
Não, nunca olho para cima não,
Porventura não reparei,
Se sou eu, quem se senta nos telhados
Ou nas tábuas e nestas ripas cortadas rente,
Nos campos cansados de pertencer
À fadiga e à dor da sua gente.
Quando olho, por cima dos meus passos,
É que percebo, a dor que é partir,
Do ar que respiro, pra outro
Que nem a mim me pertence,
Nem foi pra mim, talhado
Por machado algum, perecido ou criado,
Sou filho de terra pobre e fendida,
Não sendo fraco nem forte, sou vida
Duma casta nobre e diferente, chamada d’alma
Gentia, que cresce, cresce pla Arriba acima.
Perene, assim haja não outra vida em mim,
Como esta eu tenho…tida.
Joel Matos (10/2014)
2 comentários:
quando tudo me não pesa
tudo me soa imenso
a chuva quando passa
enxuga meu corpo
e o paladar a terra
vem cheio de vida
quando tudo me não pesa
pudesse eu não ter presa
a pressa outra, vã
desvalida
ia um pouco mais longe
do que de real
estou da real vida
onde tudo é realmente
pequeno
e eu bem mais
leve de peso
quando nada em vida
me pesa
assim esta vida a dias vivida
me pesasse "de menos"
tenho a alma insatisfeita
como a noite alonga o que não sei
ata-me ao defeito que sou todo
eu, à mancha, ao incompleto, à coisa,
por isso e como a noite é longa sei
quanto eu espero desperto
por tudo o que nem sou, lamento
noite adentro
ao certo nem sei se durmo de vez
ou se estarei acordado infinitamente
e atento ao que não sei
não digo mais nada até ver o que acontece
ao que digo sem falar comigo
hoje nem por nada quero agradar
nem pela vontade nem pela verdade
nem nada de novo tenho pra dizer
da verdade que nem na vontade tenho
por isso não digo nada até ver...
Enviar um comentário